Mr. Robot: Final da série entrega reviravolta em uma boa conclusão

Compartilhe

Diferentemente de outras séries, Mr. Robot chegou ao fim com uma conclusão que os fãs mereciam

Poucas coisas aterrorizam mais os fãs de série do que a temporada e o episódio final. O medo de uma história memorável ser perdida para sempre em uma conclusão ruim ronda os admiradores. Isso porque o fim costuma ser um calcanhar de Aquiles no mundo seriado. Em um ano com várias despedidas (em 2019 Game of thrones, The Big Bang Theory e Veep deram adeus), Mr. Robot entregou um final que faz justiça à trajetória da narrativa. Após quatro temporadas de muitas emoções, sustos e lutas contra o império capitalista das corporações bilionárias, a produção do showrunner Sam Esmail deu adeus. E o Próximo Capítulo preparou uma análise da série. Confira!

O conteúdo abaixo contém spoilers

O começo

Crédito: USA Network-Elizabeth Fisher-USA Network – Chegou a hora de colocar a série na mesa

Ainda no meio do longínquo 2015, chegava às telinhas do pequeno canal a cabo norte-americano USA uma série que muito tinha de conteúdo, especialmente no mergulho tecnológico/pós-crise mundial, que propunha. No protagonismo, Elliot (Rami Malek), um personagem com fobia social que, como vários outros jovens do mundo, estava preso no looping de lutar para ser bem-sucedido, enquanto era explorado por corporações que dominavam o mundo.

O sonho do protagonista em roubar do ricos e distribuir aos pobres foi o grande mote da produção, mas definitivamente não foi o único. Um detalhe pequeno, mas chave para a conclusão da série ajudou no sucesso de Mr. Robot: o amigo imaginário de Elliot.

A figura do Mr. Robot entre o pai bondoso e parceiro de brigas na cabeça do garoto passou as quatro temporadas de forma “coadjuvante”, mas sempre presente. E, no final — exibido em dezembro do ano passado —, ajudou o público a entender um pouco mais de que a série tratava bem menos de ação e bem mais de psicologia.

Crédito: USA Network-Peter Kramer-USA Network – A “imaginação” de Elliot foi muito mais importante do que o público poderia imaginar

Elliot, personalidades e execução

É quase impossível tentar reviver cada plot das quatro temporadas de Mr. Robot. Foram tantos detalhes que ajudaram na composição de trama, que é mais efetivo olhar a conclusão que dezenas de personagens ajudaram a criar.

Nesse sentido, a última temporada da série reviveu alguns “monstros” do passado Elliot, para que o protagonista pudesse chegar ao grande clímax que Mr. Robot sempre prometeu. Entre os destaques, o episódio 7 (Proxy authentication required) dividido em atos, que levou ao público ao primeiro degrau das descobertas.

Intenso, rápido e angustiante, Proxy authentication required trouxe à tona os abusos sexuais que o garoto sofria do próprio pai durante a infância. O Mr. Robot era uma tentativa do jovem em esconder tal sofrimento, que agora estava aberto para o mundo.

Sem tempo para digerir o trauma de Elliot, no brilhante episódio 9 (inclusive um dos melhores do ano), Conflict, a série levou ao público uma das grandes promessas de toda a trajetória: a destruição dos “ricos”. Para os mais atentos, não foi o primeiro golpe realizado por Elliot nesta parcela da sociedade, mas foi o maior.

Elliot e a fiel escudeira Darlene (Carly Chaikin) conseguiram roubar o Deus Group (o 1% do 1% dos mais ricos do mundo) e distribuir o dinheiro para a população — bem, para ser honesto, a irmã de Elliot teve um papel muito mais efetivo nesta ação do que o próprio protagonista. De qualquer forma, foi uma grande alívio para quem acompanhou toda a produção, com uma sensação de que a história cumpriu o que prometeu.

Crédito: USA Network-Michael Parmelee-USA Network – Darlene foi tão protagonista quanto Elliot nesta última temporada

O mais importante

Com 13 episódios na temporada final, o público já tinha ficado atento que existia mais água para rolar além de Conflict. E olha a surpresa: existia coisa muito mais importante do que Elliot destruir os mais ricos.

Os últimos capítulos da produção se dedicaram a um mergulho na cabeça do protagonista. Depois de ir para uma dimensão alternativa, onde tudo ficava bem — no melhor estilo “pílula vermelha e azul de Matrix” —, o público, por fim, entendeu que Elliot, na verdade, nunca foi o protagonista. O jovem era apenas uma das personalidades (de um alguém que nem chegamos a conhecer). O Mr. Robot; a mãe de Elliot, o Elliot garotinho e o próprio Elliot não eram “reais” (mais no sentido de físicos).

De certa forma, a grandeza da série — em aspectos gerais — talvez nem tenha tanto uma relação com a reviravolta. O que mais agradou nessa conclusão foi a forma como, em nenhum momento, a decisão foi forçada.

Crédito: USA Network-Michael Parmelee-USA Network – A saudades de Angela era grande, mas o retorno dela foi meio assustador

É difícil colocar toda essa reviravolta em palavras. Contudo, para quem viu a produção é claro: as referências que voltaram desde a primeira temporada a esses últimos quatro episódios foram brilhantes, desde o SUV preto que Elliot dirigia, até o assassinato do “Elliot imaginário”, como tudo o que aquelas imagens no computador significavam.

Nos fim das contas, o recurso usado por Mr. Robot espanta exatamente por mostrar o quão bem pensada a série foi. São quatro anos sem a incômoda sensação de estar sendo enrolado, e no final ainda há uma surpresa. A série não foi fácil ao público, um bom sinal. E não para menos: vai deixar saudades.

No Brasil, Mr. Robot está disponível pelo serviço Amazona Prime Video, entretanto, até o momento, somente as três primeiras temporadas. Ainda não há previsão de lançamento da quarta temporada no país.

Ronayre Nunes

Jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). No Correio Braziliense desde 2016. Entusiasta de entretenimento e ciências.

Posts recentes

Irmão do Jorel comemora 10 anos com lançamento da quinta temporada

Ao Próximo Capítulo, os responsáveis pela série falam sobre o fato de ter se tornado…

1 mês atrás

Acabou o mistério! Globo anuncia elenco de “Vale tudo”

Emissora apresentou os principais nomes do remake da obra icônica de 1988 que será lançada…

1 mês atrás

Montada para o mundo, Miranda Lebrão fala sobre experiência no RuPaul’s Drag Race Global All Stars

Ao Próximo Capítulo, a drag queen carioca fala sobre o sentimento de representar o Brasil…

2 meses atrás

Rita von Hunty comenta sobre experiência em série gravada em Brasília

Como nascem os heróis tem previsão de estreia no primeiro semestre de 2025, na TV…

2 meses atrás

A franquia faz sátira humana sobre Hollywood na Max

Sam Mendes, Daniel Brühl, Jessica Heynes, Armando Ianoucci e Jon Brown comentam sobre a nova…

2 meses atrás

Família Belfort fala sobre a saudade de Priscila 20 anos após o desaparecimento

Volta Priscila estreou na última quarta-feira (25/9) e mostra um novo ponto de vista sobre…

2 meses atrás