Miguel Rômulo comemora o fato de divertir e informar ao mesmo tempo por meio da drag queen Sabrina de Verão 90
Se você é fã de novelas deve estar mais do que familiarizado com o rosto de Miguel Rômulo. Somente nos últimos dez anos, o ator de 27 anos esteve em 8 novelas, sem falar nas participações especiais. Versátil, ele foi do Felipe de Caras & bocas (2009) ao Marquinhos de Malhação – Vidas brasileiras (2019), passando pelo Cícero de Cordel encantado (2011), que há pouco podia ser (re)visto no Vale a pena ver de novo. Atualmente, Miguel Rômulo vive a drag queen Sabrina na novela Verão 90, folhetim da faixa das 19h da Globo.
“Os personagens LGBT têm que sempre estar representados numa novela de uma forma inteligente, positiva, sem estereótipos”, afirma Miguel Rômulo, em entrevista ao Correio. “A Sabrina existe pra isso: pra mostrar que todo mundo é igual, independentemente da sexualidade”, completa.
Animado, Miguel classifica Sabrina como um divisor de águas da carreira dele. “A Sabrina é um personagem que tem muitas coisa pra passar, muitas informações para quem não entende, para quem tem a cabeça fechada, muitos ensinamentos para quem se identifica com ela. Nesse momento da minha carreira não teria coisa melhor para eu fazer”, comemora.
Mais do que divertir — já que Verão 90 é uma comédia com ares de chanchada –, Sabrina chega para conscientizar e para chamar a atenção para o respeito com as drag queens e com toda uma comunidade. “Quando o preconceito está grande é o momento de todo mundo se unir e lutar contra ele. Fazer a Sabrina agora é o melhor momento”, avalia.
E não é só o público que tem o que aprender com a personagem: “Eu tirei muita coisa boa da Sabrina. Acho que o principal é a sensibilidade dela, que é muito forte. Ela tem um coração muito grande, com uma relação muito boa com o Candé (Kayky Brito), com o Patrick (Klebber Toledo) e com o João (Rafael Vitti). Ela tem uma energia positiva muito grande. Quando ela sobe no palco, ela fica muito forte. Essa é a ideia do universo transformista: lutar contra os padrões da sociedade, contra o preconceito.
O ano de 2019 trouxe um gostinho especial para Miguel Rômulo. Ele podia ser visto como Sabrina e também na reprise de Cordel encantado e ainda tinha acabado de sair de Malhação. “Meu personagem de Malhação tinha tudo de diferente da Sabrina e fazer isso em pouco tempo é a magia da televisão, do teatro, do ator. Já Cordel, é uma das novelas que eu tenho mais carinho, era um presente mesmo e foi muito importante profissionalmente falando”, afirma.
Leia entrevista completa com o ator Miguel Rômulo
A drag queen Sabrina é um personagem completamente diferente do que você fez até agora na TV. Você a considera um divisor na sua carreira?
Claro! Fico sempre pensando nisso porque a Sabrina é um personagem que tem muitas coisa pra passar, muitas informações para quem não entende, para quem tem a cabeça fechada, muitos ensinamentos para quem se identifica com ela. Nesse momento da minha carreira não teria coisa melhor para eu fazer.
Você sentiu pressão de alguma forma por interpretar uma drag queen não sendo uma drag queen e não estando ligado diretamente ao meio?
Não. Não existe esse tipo de pressão. O que existe é o desafio de fazer um personagem de composição muito forte e que é muito importante nesse momento do país. Os personagens LGBT têm que sempre estar representados numa novela de uma forma inteligente, positiva, sem estereótipos.
Esse tipo de personagem pode levar o público à reflexão, além de divertir, não?
Claro! Esse é o objetivo de um personagem LGBT numa novela, é ensinar e abrir a cabeça de quem tem a mente fechada. A Sabrina existe pra isso: pra mostrar que todo mundo é igual, independentemente da sexualidade.
A gente vive um momento em que as polaridades estão muito expostas. Você teve algum medo da reação das pessoas com a Sabrina?
Não. Esse é o momento em que é mais preciso. Quando o preconceito está grande é o momento de todo mundo se unir e lutar contra ele. Fazer a Sabrina agora é o melhor momento.
Como foi a primeira vez que você viu Sabrina “montada”? Qual foi sua primeira reação?
Fiquei muito feliz porque me vi num momento muito importante da minha carreira. Depois da primeira caracterização eu pude ver de fato a Sabrina de frente pra mim, no espelho. Todo personagem que o ator pega no início é uma aventura, tem aquele gostinho de novidade. Com a Sabrina não foi diferente. Com ela, eu pude conhecer uns lados meus diferentes, mais felizes. Muita coisa boa aconteceu depois que a Sabrina chegou.
O que você aprendeu com a Sabrina?
Eu tirei muita coisa boa da Sabrina. Acho que o principal é a sensibilidade dela, que é muito forte. Ela tem um coração muito grande, com uma relação muito boa com o Candé, com o Patrick e com o João. Ela tem uma energia positiva muito grande. Quando ela sobe no palco, ela fica muito forte. Essa é a ideia do universo transformista: lutar contra os padrões da sociedade, contra o preconceito.
Você saiu do vilão Marquinhos, de Malhação, direto para a Sabrina, de Verão 90? Como foi a passagem de personagens tão diferentes entre si?
Esses personagens de caráter duvidoso são essenciais em qualquer dramaturgia. Eles servem para você passar informação, mostrar o que é correto de se fazer e mostrar como o preconceito é ruim, como a ausência de um pai, como era o caso do Marquinhos, é uma coisa triste para a criança. Meu personagem de Malhação tinha tudo de diferente da Sabrina e fazer isso em pouco tempo é a magia da televisão, do teatro, do ator. Todo personagem é um desafio forte e é importante para o ator.
Foram sete novelas nos últimos 10 anos, fora as participações especiais. Como faz para variar o tom dos personagens e não se repetir?
É muito, né? Graças a Deus (risos). Eu sou muito grato pelos personagens que venho recebendo. O ator tem que estar à disposição para todo tipo de personagem, seja uma coisa rápida, seja um personagem de composição mais demorada. Eu acho que fiz tantos personagens na tevê em tão pouco tempo também porque confiaram em mim, no meu trabalho.
Você fez Cordel encantado, que estava sendo reprisada até pouco tempo no Vale a pena ver de novo. Você se assiste quando as novelas são reprisadas?
Toda novela que eu fiz e que passa no Vale a pena ver de novo ou é reprisada no Viva eu paro e assisto. Faz parte da história da minha carreira. E Cordel é uma das novelas que eu tenho mais carinho, era um presente mesmo e foi muito importante profissionalmente falando. Foi muito engraçado estar como a Sabrina às 19h e como o Cícero mais cedo.