O clima para a atriz Michelle Batista é de despedida da personagem Magali, do seriado O negócio, exibido durante quatro temporadas na HBO. Mas nada de tristeza no ar. A sensação é de dever cumprido por ter apresentado ao público um viés diferente do trabalho dela.
“Para mim foi muito especial, não só porque ela é uma garota de programa, mas sobretudo porque ela é bem diferente dos papéis que eu estava acostumada a fazer”, afirma a atriz.
A exploração do corpo de Michelle em cena abriu espaço para uma discussão bem atual — a do empoderamento feminino. “Estamos num momento onde essa conversa vem sendo travada todos os dias e consigo ver muitos avanços. Tem todo um trabalho de educar homens e mulheres com esse pensamento, porque estamos todos muito impregnados em uma cultura conservadora e machista”, comenta Michelle.
Quando não está gravando, Michelle se dedica ao GiMi, canal do YouTube que alimenta ao lado da irmã gêmea e também atriz Giselle Batista. O espaço é aberto para discussões que vão de botânica a política.
“Acho importante o artista defender aquilo que acredita, mas não acho também que seja uma obrigação ter uma posição frente a tudo. Cada um tem que ser livre pra escolher as suas lutas e as sua causas”, opina Michelle.
O que você pode falar sobre a nova temporada de O negócio? Quais serão os novos desafios de Magali?
O desafio inicial dessa temporada, simplesmente, é falar a verdade. Com o lançamento do livro da Karin, as meninas precisam contar o que sabem sobre a Oceano Azul, e isso vai se dar das maneiras mais diversas. A Magali tem uma família muito peculiar! Isso vai render boas cenas de família. É tudo que consigo dizer. Aguardem muita emoção e boas risadas.
Por falar em desafio, quando se interpreta a mesma personagem em outras temporadas, é mais fácil ou mais difícil?
É muito gostoso ter a oportunidade de revisitar um personagem, de mostrar outras facetas, descobrir outros detalhes. Mas é claro que a cada temporada a responsabilidade aumenta, porque a série já tem um público cativo e eles não podem se decepcionar.
Interpretar prostitutas é sempre festejado por atrizes em busca de bons papéis. É realmente especial viver uma? Por que?
Pra mim foi muito especial, não só porque ela é uma garota de programa, mas sobretudo porque ela é bem diferente dos papéis que eu estava acostumada a fazer. E deixar o público te ver de uma outra maneira é maravilhoso.
O corpo é um instrumento de trabalho da Magali. Mas ela faz questão de dizer que as regras quem faz é ela, mesmo que isso nem sempre dê certo e que ela encontre resistência por parte de clientes. Ser mulher nos anos 2000 é um desafio que vem se tornando mais fácil ou ainda falta muito a evoluir?
Ser mulher sempre foi um desafio, mas eu vejo os novos tempos com bons olhos. Estamos num momento onde essa conversa vem sendo travada todos os dias e consigo ver muitos avanços. Tem todo um trabalho de educar homens e mulheres com esse pensamento, porque estamos todos muito impregnados em uma cultura conservadora e machista.
Você tem um canal no YouTube ao lado de sua irmã gêmea, Giselle. Como surgiu essa ideia?
A gente vem namorando essa ideia faz algum tempo e no ano passado resolvemos colocar em prática. Tem sido delicioso, é um lugar onde a gente tem um canal direto com as pessoas que curtem e acompanham o nosso trabalho.
Na plataforma vocês falam de tudo, indo de flores a feminismo. É papel do artista se posicionar com relação a temas de importância para o país, como política, por exemplo?
Acho importante o artista defender aquilo que acredita, mas não acho também que seja uma obrigação ter uma posição frente a tudo. Cada um tem que ser livre pra escolher as suas lutas e as sua causas.
Esse ano a gente vai ter eleição presidencial. Como os artistas podem participar desse processo? Na sua opinião, é um dever social de vocês se envolver?
Acho que como cidadão a gente precisa entender, participar e estar por dentro do que acontece no país. Mas na posição de um artista há de se tomar muito cuidado com aquilo que você defende, porque você está se comunicando com uma quantidade grande de pessoas. Agora se posicionar publicamente sobre uma questão política é algo muito pessoal, alguns querem e outros não. E não vejo problema nisso. Acho que cada um escolhe as suas lutas mesmo e pra quem acha importante dividir a sua opinião.
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