Os anos 1990 não foram fáceis para a família real britânica. Prestes a comemorar 40 anos de reinado, Elizabeth II (Imelda Staunton) enfrenta uma grave crise de popularidade. Esse é o mote para a quinta temporada de The crown, que chega à Netflix nesta quarta-feira (9/11). O Próximo Capítulo assistiu aos 10 episódios e te conta o que está por vir.
(Contém alguns spoilers!)
Se a quarta temporada de The crown dividia a atenção entre a força de Elizabeth II (Olivia Colman), Margareth Thatcher (Gillian Anderson) e da princesa Diana (Emma Corrin), a quinta é muito mais centrada na rainha, desta vez vivida por Imelda Staunton, Aliás, se era difícil imaginar uma atriz à altura de Olivia para o papel, pode respirar aliviado: Imelda segura muito bem o rojão, destacando-se a cada cena, imponente como a personagem era.
Não é só a monarquia que está em crise. A instituição família dentro da realeza também não está bem. A separação de Charles (Dominic West) e Diana (Elizabeth Debicki), recheada de escândalos, não ajuda a coroa britânica a se sustentar. Para piorar, Charles não já não escondia de ninguém a insatisfação com a insistência da mãe em não modernizar a monarquia. Só que, desta vez, ele foi além e deixou esse racha claro à imprensa. Não deixa de ser interessante ver o que pensava o hoje rei Charles III sobre a monarquia e observar de perto o que ele fará à frente da coroa já nos anos 2020.
Destaques de outras temporadas, a fotografia e o roteiro, desta vez, seguem em direções diferentes. A fotografia continua linda, exuberante, especialmente nas casas de campo, nas viagens ao exterior e na impactante cena do incêndio no Castelo de Windsor, ocorrido em 1992.
O roteiro continua alternando com maestria fatos históricos e o novelão pitoresco que a família real fornece. O problema está no ritmo. A impressão que dá é que havia uma certa necessidade de se cumprir 10 episódios, quando, na verdade, a cronologia desta temporada (ela vai até 1997) não pedia tantos assim. O ritmo acaba comprometido e, se The crown nunca foi uma série rápida, agora ela é ainda mais lenta.
Não é só a rainha
Embora Imelda e sua Elizabeth II brilhem soberanas, a temporada tem outros destaques. O roteiro meio que esconde Diana no início da temporada. Somente na reta final, ela resolve aparecer. Mas a Princesa do Povo vem diferente. Elizabeth Debicki encara o desafio de viver uma Diana mais amargurada, menos solar do que a povoa nosso imaginário. Há uma certa desconstrução da Diana certinha, perfeita ー não só pelo caso com Dodi Al Fayed (Khalid Abdalla), mas pela falta de paciência de sorrir diante de tantos cliques, pelo cansaço de lutar pelo casamento.
Em um determinado momento-chave da temporada, Diana joga na cara de Charles que o povo britânico preferiria ver o filho deles, William, como sucessor ao trono. Aliás, The crown continua devendo um retrato mais profundo de Willian e Harry ー talvez na próxima temporada, quando os meninos já estarão na adolescência.
A grande surpresa da temporada talvez seja Margaret. Com tantos capítulos para preencher, a irmã de Elizabeth ganha espaço e tem até um episódio praticamente só pra ela – o quarto. Prato cheio para a atriz Leslie Mainville deitar e rolar. Impossível não olhar com graça e compaixão para a princesa. Mais do que isso, ela humaniza a geração dela da monarquia e nos faz até torcer contra a rainha nos embates entre elas.
Mais uma vez, The crown mostrou ser uma série de personagens femininas. Charles ganha o protagonismo em vários momentos e Dominic West é um excelente coadjuvante. A curiosidade de ver um desenvolvimento maior do romance entre Diana e Dodi ficou na curiosidade e Khalid Abdalla não brilha no papel do amante da princesa, passando apenas a impressão de ser um playboy aproveitando a vida e fazendo de Diana um joguete sexual.
The crown fecha a quinta temporada da maneira certinha: nos deixando ávidos pela sexta. E com a certeza de que a temporada de prêmios vem aí para coroar mais um bom trabalho dessa série de raro fôlego.
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