“Mesmo 20 anos depois, é muito impactante”, diz Vannessa Gerbelli

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Atriz comenta repercussão de reprise de cena em que sua personagem morre em “Mulheres apaixonadas”

Crédito: Edu Rodrigues

Patrick Selvatti

Ao som de Faint, do Linkin Park, um tiroteio parou o Leblon e milhares de pessoas na frente da televisão em 2003. Na semana passada, foi ao ar a emblemática cena da novela Mulheres apaixonadas em que os personagens Téo e Fernanda, vividos por Tony Ramos e Vannessa Gerbelli, são surpreendidos por um tiroteio nas ruas do Leblon no Rio de Janeiro e se tornam alvos de balas perdidas. Em cartaz no Vale a pena ver de novo, a novela completou 20 anos e ainda causou comoção com esse capítulo marcante. Ele foi operado e conseguiu escapar, mas ela não resistiu aos ferimentos e morreu. Em conversa com a reportagem, a atriz que protagonizou a trama se surpreendeu com a repercussão, após tantos anos, e lembrou a emoção da filmagem, à época.

“Lembro bem da sensação de estar em um teatro no meio da rua, em pleno Leblon, no Rio. Tinha muita gente acompanhando, entre figurantes e imprensa. Foi muito especial. Todos assistindo, envolvidíssimos. A emoção do Tony foi comovente. E, mesmo 20 anos depois, essa cena ainda é muito impactante”, afirmou.

Em 2003, a cena trouxe discussão sobre violência urbana

Desarmamento

A novela de Manoel Carlos causou uma revolução social. De acordo com o site Memória Globo, o movimento Viva Rio conseguiu reunir cerca de 40 mil pessoas na Avenida Atlântica, em Copacabana, na manifestação “Brasil sem armas”. O objetivo era pressionar a aprovação do Estatuto do Desarmamento no Congresso Nacional. A lei foi aprovada e sancionada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 22 de dezembro de 20003, cerca de dois meses após o fim da novela. Em 2021, o ex-presidente Jair Bolsonaro flexibilizou a lei por meio de quatro decretos, revogados quando o presidente Lula reassumiu o governo, em janeiro deste ano.

Símbolo dessa discussão duas décadas atrás, Vannessa segue radicalmente contra armas para civis. “Acredito que o manuseio de uma arma e o preparo emocional e moral para lidar com elas é de quem treinou seriamente para isso”, avalia ela, que, por sua atuação, foi eleita melhor atriz coadjuvante daquele ano no Melhores do Ano, promovido pelo Domingão.

Mãe e filha se reencontraram em “Maldivas”

Bruna Marquezine

Em Mulheres apaixonadas, a morte de Fernanda serviu para trazer à tona o grande segredo que envolvia a protagonista Helena (Christiane Torloni). Ela deixava órfã a pequena Salete, personagem que revelou ao Brasil o talento de Bruna Marquezine, então com 8 anos de idade. Mãe e filha se reencontraram novamente na ficção na série Maldivas, da Netflix, em que Vannessa mais uma vez foi morta, deixando a personagem de Bruna órfã. “O reencontro em cena com a Bruna foi delicioso! Ela é muito meiga, bem-humorada e leve, assim como era quando criança”, celebrou a a paulista de São Bernardo do Campo, que completou 50 anos em agosto.

Sobre a idade, envelhecer é algo que não preocupa a leonina. Ela cita uma frase da terapeuta, que diz que “amadurecer é se desiludir”, e afirma acreditar nisso. “No bom sentido da frase. É bom não estar mais iludido, acredito. Eu me sinto muito menos tensa do que quando jovem. Mais desprendida e mais feliz. Preocupa a limitação física, mas temos tantas tecnologias surgindo por agora… Confio numa velhice mais descomplicada que a dos meus pais, por exemplo”, comentou ela, que pôde ser vista recentemente na novela Reis, na Record.

Essa foi a terceira participação da atriz em uma produção bíblica — ela esteve anteriormente em A história de Ester e Jesus. Vannessa observa que a preparação para as obras são ricas e intensas. “Estudamos bastante sobre o período e os costumes. É sempre prazeroso. O maior desafio é o ritmo muito acelerado de gravações e o volume de cenas que gravamos. É bastante exigente”, conta ela, que atuou também em sucessos contemporâneos da emissora, como Prova de amor e Amor e intrigas. Sua estreia na TV foi em 2000, em O cravo e a rosa, recentemente reprisada na Globo. Na sequência, trabalhou em Desejos de mulher, Da cor do pecado, Sete vidas e Em família.

Além da tevê

Celebrando três décadas de carreira, Vannessa poderá ser vista em cartaz em São Paulo, com o musical Parabéns, Sr. Presidente, em que dá vida a Maria Callas. Recentemente, esteve nos palcos cariocas com o musical Copacabana Palace, pelo centenário do famoso hotel carioca. Nos palcos, a artista estreou em 1992 e participou de diversos musicais como o sucesso Casas de Cazuza. Em 2013, consagrou-se no estilo como a primeira a conquistar o APTR de melhor atriz protagonista pela incrível atuação no musical Quase normal.

Com uma atuação forte em musicais no teatro, Gerbelli admite que tem vontade de explorar mais esse lado cantora na TV. Enquanto isso não ocorre, ela tenho um projeto de um filme musical. “Esperando captação de recursos”, conta a artista, que está em fase de captação do espetáculo Duas estradas, de sua autoria, baseado na obra de Frederico Fellini. A peça terá canções inéditas escritas por Zeca Baleiro.

No cinema, Vannessa Gerbelli atuou em longas como Carandiru, Os desafinados, As mães de Chico Xavier, Ela é o cara e Amor assombrado. Formada na Faculdade de Belas Artes de São Paulo, ela ainda tem um trabalho paralelo como pintora e já participou de algumas exposições no Brasil e na Alemanha. E, sobre a alteração no nome artístico — que ganhou mais uma letra N —, ela conta que foi por conta da numerologia. “Sou dessas”, conclui.

Patrick Selvatti

Sabe noveleiro de carteirinha? A paixão começou ainda na infância, quando chorou na morte de Tancredo Neves porque a cobertura comeu um capítulo de A gata comeu. Fã de Gilberto Braga, ama Quatro por quatro e assiste até as que não gosta, só para comentar.

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