Trinta anos depois, Marcos Palmeira volta à novela Pantanal. Remake deve estrear em 28 de março na faixa das 21h
O ator Marcos Palmeira está radiante. A menos de um mês da estreia do remake de Pantanal, em 28 de março, ele terá a possibilidade de voltar a uma trama que o marcou pessoal e profissionalmente. Desta vez, ele dará vida a José Leôncio, “um cara bastante sofrido.”
Em entrevista à Globo cedida ao Próximo Capítulo, Marcos fala sobre a expectativa para a novela e, mais do que isso, sobre o que significa que o Brasil volte o olhar para o Pantanal. “A novela vai cair muito bem nesse momento de voltar a olhar para o Pantanal, de mostrar que ainda existem muitas belezas naturais que podem ser recuperadas”, diz.
Entrevista // Marcos Palmeira
Fonte: TV Globo
Como foi voltar ao Pantanal para gravar a novela, depois de tantos anos?
Foi emocionante voltar ao Pantanal. Quando eu cheguei na casa do Almir (Sater) me veio tudo na cabeça. Eu lembro bem da minha chegada há 30 anos, na época devia ter dez vezes mais animais, era um grupo de araras gigante, veado-campeiro, cervo, lobo-guará, tinha tudo. Nesse sentido, a novela vai cair muito bem nesse momento de voltar a olhar para o Pantanal, de mostrar que ainda existem muitas belezas naturais que podem ser recuperadas. Ele é outro lugar, mas não deixa de ser lindo. Tenho esperança de que volte a ter aquela água em abundância para justificar essa fauna toda.
Como está sua expectativa para a estreia da nova versão?
Existe uma expectativa enorme sobre a nova versão. O público conhece mais a novela do que a gente que está fazendo, assistiu quatro vezes e ainda vê hoje no YouTube. Eu acho que mesmo assim nessa nova versão a gente ganha uma força mais profunda, com mais camadas. Como a gente já conhece a história, são 30 anos depois, e existe uma outra bagagem do Pantanal, tem um outro peso. A vida hoje está histérica. A novela cai bem nesse lugar que a gente está tão desacreditado de tudo. Talvez a novela nos faça pensar um pouco. A novela é um voo do tuiuiú que você fala “Uau! Como um bicho deste tamanho consegue pegar um voo tão lindo, tão alto?”. E quando você vê, sua cabeça descolou daquele dia a dia.
Você sempre diz que Pantanal mudou sua vida. Conte um pouco sobre esse processo.
Depois de fazer Pantanal virei produtor orgânico, ganhei um outro olhar para o meio ambiente, que eu posso dizer que, sem sombra de dúvidas, começou no Pantanal. Eu sempre fui ligado ao meio ambiente, já morei e trabalhei com indígenas, mas esse olhar de entendimento da saúde, dos alimentos saudáveis, foi com a Cássia Kis, que me deu um livro da Sonia Hirsch, Deixa sair. Aí eu entendi que nós fazemos parte desse processo.
Fale um pouco sobre o José Leôncio e como está sendo interpretá-lo.
O Zé Leôncio é um cara bastante sofrido, um cara que se jogou na vida, acreditou no que o velho Joventino (Irandhir Santos) ensinou a ele, teve o pai como referência, e de repente, do nada, tem esse vazio e ele não consegue entender esse vazio. Ele vai para o Rio de Janeiro para resolver uma situação e se apaixona, tem um filho, a mulher vai com ele para o Pantanal e ele é abandonado de novo. Ele é um cara sempre abandonado. Tem uma coisa interessante nele que talvez possa servir para nós, é que estamos sempre no foco do que perdemos e deixamos de ver o que estamos ganhando naquele momento. Ele ganhou uma mulher incrível do lado dele, que é a Filó (Leticia Salles/Dira Paes). Ele tem um filho incrível do lado dele, o Tadeu (José Loreto). Ele não percebe essas coisas e a gente também é um pouco assim.
Além disso, o Zé Leôncio tem um olhar para o meio ambiente muito generoso, ele quer entender um pouco de tudo, é um cara aberto mesmo sem saber. Ele tem momentos de confidências com a Filó, tem um olhar que incomoda na relação do Tenório (Murilo Benício) com a Maria Bruaca (Isabel Teixeira), ele traz esse machismo ancestral que todos nós temos e ao mesmo tempo ele traz a possibilidade de ele se transformar dentro da própria situação. Gostei de o Zé Leôncio ser um cara contemporâneo, a gente tem resquícios e é bom quando a gente coloca para fora e percebe que isso não faz mais sentido, coisas que o pai dele vivia, que para ele já não faz mais sentido e ele nem se dava conta disso, era só um hábito. Estar fazendo o Zé Leôncio é uma loucura na minha vida, é quase o Marcos Mion entrando na Globo. (risos).