Marcelo Varzea aproveita o bom momento do streaming nacional

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No ar em duas produções recentes, o ator Marcelo Varzea se prepara para estrear pelo menos outras três séries em diferentes plataformas de streaming

A produção nacional para o streaming não para de crescer. Nem de melhorar a qualidade. São séries e filmes que atestam a vocação brasileira para a teledramaturgia. Que o diga o ator Marcelo Varzea.

Com mais de 30 anos de carreira, esse carioca morador de São Paulo coleciona passagens marcantes pelas plataformas de streaming. Atualmente, esteve em duas produções voltadas para os públicos infantil e juvenil: Temporada de verão (Netflix) e O mundo curiozoo (Discovery Kids).

Mas não é só. Ele marca presença na série Aruanas (Globoplay) e nos longas O menino que matou meus pais e A menina que matou os pais (Amazon prime video). E ainda se prepara para assistir às estreias de Maldivas (Netflix), O rei da TV (Star+) e Rota 66 (Globoplay). O Próximo Capítulo conversou com o ator sobre streaming, claro, mas também sobre teatro e cinema. Confira!

Entrevista \\ Marcelo Varzea

Fotos:  Julio Aracack

Seu nome está constantemente nos créditos das produções nacionais de streaming. Elas estão melhorando?
Apesar de um governo emburrecido e empenhado em fazer um desmonte da cultura, o audiovisual brasileiro tem melhorado muito, com melhores produções, profissionais, técnicos e artistas. O mercado está aquecido pela chegada dos players, pela descentralização da audiência nas mãos da TV Globo. Todo mundo ganha com isso. Tem espaço pra todo mundo e público com interesses diversos.

Como foi a troca de experiência entre você e o elenco jovem de Temporada de verão, especialmente com o Leonardo Bittencourt, que faz seu filho?
Adoro gente jovem, tenho uma filha que vai completar 18 anos e dirijo o Coletivo Impermanente, uma trupe de teatro e audiovisual composta por 35 atores e atrizes em sua grande maioria bem jovens e de vários estados brasileiros. Tenho pavor de quem fala “no meu tempo…”. O “meu tempo” é agora! O Léo é um cara muito bacana, um ator inteligentíssimo e sofisticado. Nos conhecemos nos longas A menina que matou os pais e O menino que matou meus pais e a gente se dá super bem, batemos uma boa bola juntos e rola uma camaradagem bacana. Esse cara vai longe!

Na segunda temporada de Aruanas você vive um político que não tem comprometimento com as causas ambientais defendidas pela ONG Aruana, tipo facilmente encontrado no Congresso Nacional da vida real. Como conscientizar o eleitor para que figuras assim não renovem os mandatos?
O que nos move a sermos artistas é justamente a possibilidade de transformar o mundo num lugar mais saudável, onde todos tenham espaços mais confortáveis para sua existência. Arte tem a ver com transgressão. Com mudança. Com novos caminhos e olhares. Então, fazer um provável deputado bolsonarista foi uma possibilidade de evidenciar o pensamento sórdido envolvido nessas negociatas.

Fazer parte do elenco de Aruanas mudou de alguma forma o modo com que você vê a questão ambiental no país?
Eu sou bem ligado nessa questão. Mas quanto mais informações, melhor. Quanto mais perguntas levantarmos, melhor. Fico muito feliz quando leio no Twitter comentários de jovens que abriram os olhos para a questão assistindo a série. Outros vão morrer achando que é mimimi.

Com mais de 30 anos de carreira, você acha que a produção teatral brasileira passa pelo seu pior momento, em termos de incentivo?
O governo atual é um escárnio. Eles são inimigos do saber, da filosofia, da verdade, da ética, do pensamento, da empatia, do acolhimento, da sensibilidade, da inclusão, da delicadeza, do amor. Uma gente horrorosa que se diz “de bem” e só fala em armas e em destruição. Que tipo de incentivo essa gente daria pra cultura?

Você está escrevendo o roteiro de um filme. Sobre o que será Afã?
É um filme que tem dois grandes protagonistas na faixa dos 70 anos. Um policial envolvendo romance, traição, fortuna e obsessão.

A carreira de ator ajuda na hora de escrever um roteiro?
Muito. Leio em voz alta tudo que escrevo. Escrever também me faz ser um ator melhor. Depois que comecei a escrever, olho os roteiros e os decoro com um outro ponto de vista.