Kidding traz Jim Carrey em uma produção divertida, inteligente e sensível

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Marcando a volta de Jim Carrey à televisão, Kidding estreou nos Estados Unidos mostrando qualidade. Confira nossa crítica!

Afastado dos grandes holofotes há algum tempo, Jim Carrey retorna na série Kidding, que estreou nas últimas semanas nos Estados Unidos. A comédia acompanha a triste vida de Jeff Prickles, um apresentador infantil de grande sucesso, que não consegue superar a perda de um dos filhos, além do divórcio da esposa, que o separa do outro herdeiro.

Nas telas, Jeff é respeitado pela forma sempre otimista e cheia de empatia e compaixão em que, por anos, criou uma geração de norte-americanos. Entretanto, após a morte de um dos filhos, o trabalho acaba sugando toda a energia dele. Além da esposa Jill (Judy Greer) e do filho Will (Cole Allen), Sebastian (Langella) também faz parte do cotidiano de Jeff, por ser o diretor do programa infantil, e pai do astro. Ainda no enredo está Deirdre (Catherine Keener), a irmã de Jeff e uma das responsáveis por controlar fantoches no Mr. Pickles’ Puppet Time, o programa fictício do protagonista.

Crédito: Reprodução/Imdb (em imdb.com) – Kidding sabe misturar situações cômicas com drama pesado

A trama discute temas complexos e sensíveis, como o existencialismo, a morte e as máscaras sociais. Kidding apresenta um conjunto de características positivas que estão cada vez mais raras na tevê atual: uma história criativa, uma execução sensível e um toque sutil de humor. Para isso, a produção apostou em nomes fortes de Hollywood, começando pelo diretor Michael Gendry (Brilho eterno de uma mente sem lembranças) e o produtor-executivo Jason Bateman (Ozark), além do elenco composto por Frank Langella (famoso nos Estados Unidos pelos trabalhos teatrais), Judy Greer (Homem-formiga e a Vespa), e é claro, Jim Carrey.

Crítica de Kidding

Crédito: Reprodução/Imdb (em imdb.com) – O segredo da felicidade é uma das grandes indagações de Kidding

A falta de presunção de Kidding é o principal ponto positivo da produção, que, sem qualquer pressão, tem uma liberdade criativa, que a permite estar sempre “testando” enredos diferentes. Logo no piloto tal contexto é visível: seja na primeira cena com a constrangedora entrevista no talk-show do Conan O’Brian, seja na brutal cena do acidente de carro que matou Phill, o filho de Jeff, entrecortada com piadas sobre a nova tatuagem de Jill. Ou ainda mesmo no estranho jantar no fim do primeiro episódio em que o público descobre que os colegas de trabalho de Jeff na verdade fazem parte da disfuncional família que o acompanhou durante toda a vida.

Vale citar também a incrível cena da escada no segundo episódio. Após comprar uma casa vizinha a da ex-mulher, Jeff decide tentar passar um tempo com a família os espionando pelas janelas da casa. É nesse momento que o público tem a chance de acompanhar um plano sequência que leva o personagem pelos cômodos da casa, em busca de não perder de vista os passos da ex-companheira, que desatenta, vive a vida na casa ao lado. Em silêncio, a dor e solidão de Jeff são cuspidas na cara do telespectador, mesmo sem nenhum diálogo e sem nenhuma apelação.

Outro ponto que merece ser destacado é a importância da produção de tratar sobre a morte. Especialmente pelo prisma da bem calibrada dramédia, que mistura humor e reflexões, preenchendo de forma quase completa, um dos maiores objetivos que uma série de televisão poderia ter.

O canal Showtime disponibilizou o piloto para o público de forma gratuita. Confira:

Ronayre Nunes

Jornalista formado pela Universidade de Brasília (UnB). No Correio Braziliense desde 2016. Entusiasta de entretenimento e ciências.

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