Justiça 2: saiba o que esperar da continuação da série antológica

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O Próximo Capítulo acompanhou uma diária de gravações da série Justiça 2 e conta as novidades da série antológica, que estreia em 11 de abril no Globoplay

Por Pedro Ibarra

O que é justiça para você? Uma das produções de maior sucesso nos tempos recentes na televisão aberta brasileira, Justiça ganha uma continuação oito anos depois do lançamento da original. Justiça 2 retorna como uma antologia, em que novas histórias e personagens discutem a questão que parece não ter uma resposta clara, a partir de 11 de abril, desta vez no streaming Globoplay.

Responsável pelo primeiro ano da história, Manuela Dias volta a escrever a sequência, que tem Gustavo Fernández assinando a direção. A narrativa segue dividida em núcleos separados que se entrelaçam ao decorrer dos episódios. A trama gira em torno de pessoas que são presas em um jogo de vingança e redenção, do que é justo e o que é injusto.

Em quatro histórias distintas, quatro personagens ficam presos por sete anos. Os motivos do encarceramento são questionáveis: em alguns casos, moralmente; em outros, em termos jurídicos. Mas todos saem em busca de resolver o passado e tomar de volta o tempo que perderam na cadeia. Juan Paiva, Murilo Benício, Belize Pombal e Nanda Costa vivem, respectivamente, os protagonistas Balthazar, Jayme, Geíza e Milena. O elenco ainda conta com nomes como Paolla Oliveira, Alice Wegmann, Júlia Lemmertz, Marco Ricca, Marcello Novaes, Maria Padilha, Gi Fernandes, Danton Mello, Fábio Lago e o retorno de Leandra Leal como Kellen, única figura remanescente da temporada exibida em 2016, ambientada em Recife.

Tudo mudou, por isso a série é tratada como uma antologia — série com histórias independentes da temporada anterior no mesmo universo narrativo. Agora, o cenário escolhido para a história foi Brasília. A Revista foi convidada para visitar o set de gravações de uma das tramas, em Ceilândia, e traz com exclusividade um novo ponto de vista sobre a temporada.

O que é justiça?

Toda a série é um questionamento sobre as concepções do termo. Milena, protagonista do episódio que estava sendo gravado na época, se vê injustiçada e busca a fazer a própria justiça. “A justiça é Papai Noel no Brasil, não existe. A gente busca e luta por ela, mas tem que ser contínuo, porque nem sempre acontece”, refletiu Nanda Costa, durante a visita da reportagem ao set. Ela elogia a figura que interpreta: “Eu estou me redescobrindo nela. Na complexidade, na profundidade e nos spoilers que eu não posso dar”, adiantou.

A atriz afirmou que é difícil classificar o que é justiça, mas tenta se apegar à própria forma de enxergar o mundo. “Eu busco ser uma pessoa muito justa na vida, sempre me colocar no lugar do outro. Às vezes, sou até boazinha demais, e as pessoas me atropelam. Tento sempre me ver no lugar da pessoa e entender o que ultrapassa os limites dela”, disse. Para ela, tudo passa pelos limites. “Quanto mais a gente se conhece e põe os nossos limites no micro e no macro, a gente entende o que é justiça”, acredita.

No papel de Jordana, figura central na jornada de Milena, Paolla Oliveira se vê questionando o que é justiça desde a primeira temporada. “Eu assisti Justiça e fiquei pensando como esse nome é forte e amplo. Enquanto assistia, sem nem saber que estaria na segunda temporada, eu pensava: ‘de que justiça que estamos falando? Da justiça dos homens sendo feita? Da vingança? Da injustiça mascarada de justiça?'”, recordou a atriz, que preferiu, à época, responder com outra pergunta: “Acho que só dá para responder com a pergunta: o que é justiça para você? Porque é bem aberto, porque depende do caso e dos nossos parâmetros”.

Contudo, não é apenas esse questionamento que está na série, que mostra, por meio de uma metáfora, como olhar para o justo e o injusto. “Quando conversamos com Manuela Dias, ela falou que queria, por meio desse texto, tocar na falta que uma pessoa presa faz no tempo de fora”, recordou Paolla. “Os quatro casos falam sobre óticas diferentes de justiça. Essa série me traz muitas coisas novas. Eu desejei, eu queria muito fazer parte dela. As nossas escolhas pautam o nosso crescimento e os nossos diferenciais”, completou.

Brasília revisitada

Uma das óticas mais comuns da capital é como centro político do país. Porém, a série busca fugir desse formato óbvio e usar a cidade como um cenário neutro para uma história que é chamativa pelo roteiro. “Brasília é muito mais que um Eixo Monumental e toda parte política. Não é uma coisa desgarrada em que as pessoas se modificam de quatro em quatro anos”, pontuou Paolla Oliveira.

A atriz, que já havia feito Felizes para sempre?, outra série justamente sobre a política da cidade, comparou os dois trabalhos. “Na minha outra série, a gente estava muito inserido no mundo que as pessoas imaginam sobre Brasília. Essa tem Brasília como pano de fundo, tem a capital que a gente não conhece, tem as belezas da natureza do Planalto Central”, afirmou. “O principal dessa série são os acasos e os estados psicológicos dessas pessoas que poderiam ser de qualquer outro lugar do Brasil. A justiça está sendo contada no Distrito Federal, mas passa muito mais pelos personagens e suas histórias do que pela cidade”, complementa.

Paolla cravou que o espectador vai conhecer uma nova Brasília, mas os envolvidos na produção também conheceram. “Depois de todos esses anos, eu, finalmente, visitei meus familiares de Brasília que vivem aqui há 50 anos. Com eles, que ajudaram a construir Brasília, comecei a aprender alguns pormenores da cidade e me senti um pouco parte daqui também”, contou a atriz. “É uma cidade linda, mas muito diferente na estrutura. Ela é mais bonita porque parece que é fabricada para nos deixar surpresos”, exaltou.

Essa nova Brasília que estará no Globoplay começou, originalmente, como Barreiras, na Bahia. No entanto, com a amplitude do Brasil, ganhou a possibilidade e o peso de se passar na capital do país. “Tem um valor simbólico também. Essa série que discute justiça, no momento em que vivemos. Apesar de não tratar de política, não ter nenhum personagem ligado a nada, a nenhuma instituição federal, governamental, só dela se passar no centro do poder, na capital do país, já há um impacto”, avaliou o diretor Gustavo Fernández.

O espaço físico de Brasília será distinto, uma vez que existe a vontade de se distanciar da ideia de uma capital apenas centralizada e muito explorada na história recente do audiovisual brasileiro. “A gente tentou abordar uma Brasília menos comum do que os espectadores de Brasília estão acostumados. A gente foi para as regiões administrativas e, mesmo dentro do Plano Piloto, tentou mostrar o que era menos conhecido”, finalizou o diretor.

Pedro Ibarra

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