Brasileiro, libanês, italiano… Juliano Laham é um caldeirão cultural

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Ator Juliano Laham, o Luccino de Orgulho e paixão, fala sobre o universo da novela, BBB, Brasília e imigração. Leia a entrevista completa!

O ator Juliano Laham é um caldeirão étnico em plena ebulição. O brasileiro filho de libaneses pode ser visto em Orgulho e paixão, novela das 18h da Globo, na pele do filho de italianos Luccini Pricelli, um mecânico de boa índole que tem conquistado as pessoas no Vale do Café.

“Vivo um filho de imigrantes italianos, mas confesso que no início achei que fosse falar em italiano (risos). Eu amo desafios, busquei não só estudar o universo da autora Jane Austen no qual a novela foi inspirada, como também fui buscar referências italianas em filmes, peças e documentários da época, para entender e fazer uma composição desses dois estudos”, afirma Juliano, em entrevista ao Próximo Capítulo, para em seguida revelar que tem se arriscado nas panelas cozinhando a pasta.

Bem-humorado, Juliano fala sério quando o assunto é imigração, tema recorrente tanto na vida pessoal dele como na composição de Luccino.

“As pessoas enxergam pessoas de outros países com olhar diferente e preconceituoso. Isso não apenas com a questão da imigração, mas com diversos temas, o que é é triste e inacreditável. Os países precisam abrir as portas e promover inclusão com os estrangeiros, os ajudando na inserção deles no novo local”, comenta.

Em 2016, Juliano entrou no Big brother Brasil como uma espécie de “impostor”. A experiência, segundo ele, foi muito válida. Com o BBB deste ano na reta final e as gravações da novela a todo vapor, Juliano assiste pouco ao reality, mas revela que já prestou atenção em Kaysar, um dos dos preferidos para levar o prêmio.

“Tenho visto através das redes sociais e achei o Kaysar bem engraçado e humano”, afirma.

Ano passado, o público brasiliense pôde acompanhar de perto o trabalho de Juliano, que veio à cidade com o espetáculo E o vento vai levando tudo embora. “Eu gosto muito de conhecer novos lugares ainda mais viajando com uma peça. Brasília não foi diferente, gostei de conhecer a cidade e o público local que me recebeu tão bem, além da diversificada gastronomia”, contou o ator, sem deixar de transparecer que o caldeirão cultural realmente o persegue.

Leia entrevista completa com Juliano Laham!

Juliano Laham vive Luccino em Orgulho e paixão

Como é o Luccino, de Orgulho e paixão?
Luccino Pricelli é filho de imigrantes italianos e o mais novo da família, educado e solícito em querer sempre o bem do próximo. Ele acaba ganhando a confiança e lealdade das pessoas no Vale do Café. Mecânico, ele passa maior parte do tempo em sua oficina, onde posso dizer que é o seu melhor canto. Ele ama o que faz.

Em Orgulho e paixão, você vive um italiano. Como foi a preparação para encarar um personagem estrangeiro?
Vivo um filho de imigrantes italianos, mas confesso que no início achei que fosse falar em italiano (risos). Eu amo desafios, busquei não só estudar o universo da autora Jane Austen no qual a novela foi inspirada, como também fui buscar referências italianas em filmes, peças e documentários da época, para entender e fazer uma composição desses dois estudos.

Como é sua ligação com a cultura italiana?
Eu gosto muito de cozinhar, é um dos meus hobbys preferidos e, de uns anos para cá, eu comecei a cozinhar e a comer mais dessa culinária tão rica.

A novela é de época. Isso ajuda na composição do personagem?
Eu sempre tive muita vontade de fazer uma novela de época. Acho lindo e interessante poder representar algo que você nunca vivenciou e talvez nem ter conhecido alguém que tenha vivido essa época. O que me ajuda na composição do personagem seja ele antigo, medieval ou contemporâneo são os estudos e referências que eu busco, as roupas e a cenografia da história que você está contando. Tudo ajuda a entrar no ambiente.

Você é filho de libaneses. A representação de imigrantes na tevê brasileira deixa a desejar? Você já se sentiu incomodado alguma vez?
Eu acho que a palavra “deixa a desejar” não é o caso, sempre há oportunidades para todos. O Brasil é muito grande e existem muitos canais no qual nem assistimos que às vezes têm em sua programação produções nacionais com imigrantes e não imigrantes. Nunca me senti incomodado por ser filho de libanês, me sinto bem acolhido na tevê brasileira, tenho amigos de outras nacionalidades ganhando seu espaço por mérito também.

Você mantém algum costume árabe, como comer com as mãos ou fala árabe?
Sempre, jamais perco minhas raízes e a essência da qual também fui criado. Converso muito com os meus pais em árabe para não perder a língua. Sempre que posso eu vou a São Paulo e reúno a família para fazer um almoço ou jantar com as nossas comidas típicas e porque não comer com a mão? Dependendo da comida é claro. (risos)

Como você vê a questão da imigração? Os países deveriam estar sempre de portas abertas ao estrangeiro? Por quê?
Vejo de uma forma muito xenófoba e pouco acolhedora. As pessoas enxergam pessoas de outros países com olhar diferente e preconceituoso. Isso não apenas com a questão da imigração, mas com diversos temas, o que é é triste e inacreditável. Os países precisam abrir as portas e promover inclusão com os estrangeiros, os ajudando na inserção deles no novo local.

Em Malhação você vivia um lutador de boxe e agora será um mecânico. São profissões que costumam exigir do corpo do ator. Como você faz para estar em forma?
O Rômulo de Malhação me exigia bastante uma preparação de corpo e resistência por ter que fazer muitas cenas de luta, já o Luccino me exige muito mais um entendimento geral sobre automóveis da época do que algo relacionado a corpo, até porque ele passa maior parte do tempo em sua oficina. No meu dia a dia, busco me alimentar de forma saudável e me exercitar na academia ou jogar uma partida de tênis com os amigos nas horas vagas.

Acha que viver esse tipo de personagem aumenta o assédio das fãs?
Depende do ponto de vista de cada pessoa. Eu quero mostrar o Luccino com a tamanha humanidade dele, pureza, inteligência e gentileza. Talvez essa identificação com a personalidade dele faça com que o assédio aumente (fruto de um bom trabalho) e não necessariamente só pela sua profissão.

Ano passado você esteve em Brasília com o espetáculo E o vento vai levando tudo embora. Do que você lembra da cidade? Gostou daqui?
Eu gosto muito de conhecer novos lugares ainda mais viajando com uma peça. Brasília não foi diferente, gostei de conhecer a cidade e o público local que me recebeu tão bem, além da diversificada gastronomia.

A peça era inspirada em música do Renato Russo. Como é sua relação com a obra da Legião Urbana?
Eu amo as músicas do Renato, fazem bem para alma, algumas me tocam bastante. Quando eu recebi a proposta de fazer a peça inspirada nas músicas dele eu topei na hora, foi um processo bem bacana para mim na época.

Você entrou no Big brother Brasil como um impostor ou falso participante para confundir o jogo. Faria isso de novo? Como foi a experiência?
Eu acho que existem fases em nossas vidas onde as coisas acontecem excepcionalmente naquele momento. Não seria igual em uma outra ocasião. Foi uma experiência incrível, onde pude mostrar o meu trabalho e colocar em prática tudo que eu estudei, sou grato à produção por ter acreditado em mim.

A atual edição do BBB tem um sírio. Você torce pelo Kaysar ou por algum outro brother? Tem assistido ao programa?
Raramente tenho visto televisão a não ser pra ver a novela. Graças a Deus tenho me ocupado bastante com meu trabalho, estudos e projetos pessoais. Tenho visto através das redes sócias e achei o Kaysar bem engraçado e humano.

Você tem mais de 2,5 milhões de seguidores no Instagram. Como é sua relação com as mídias sociais?
Gosto de usar a ferramenta das redes sociais para interagir com as pessoas que admiram o meu trabalho. Acho bacana poder ver em tempo real o que as pessoas acham do seu novo personagem ou qualquer outra coisa do tipo, porém não sou do tipo que fico conectado 24 horas por dia nas redes sociais. Acho que tudo que é em excesso faz mal

Estar tão conectado não acaba expondo a sua vida demais? Como você lida com essa superexposição da sua vida pessoal? Tem como separar o ator da pessoa física, digamos assim?
Como estava dizendo, tudo que for em excesso faz mal. Não sou de expor completamente a minha vida pessoal, exponho apenas coisas relacionadas ao meu trabalho e uma coisa ou outra da minha vida, coisas comuns que todos nós fazemos ou algo que eu ache interessante compartilhar para as pessoas, abordar algum assunto que seja necessário falar naquele momento. Eu, sendo ator ou não, serei sempre a mesma pessoa mantendo a minha personalidade. O único momento presente em que eu estou fora de “mim” é quando empresto o meu corpo para vivenciar um novo personagem, seja ela diante de uma plateia ou diante das câmeras.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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