Por Patrick Selvatti
Este ano tem sido muito especial para Juliana Alves. A carioca de 41 anos celebra os 20 anos desde que surgiu, anônima, na terceira edição do Big Brother Brasil e, logo na sequência, estreou como atriz na novela Chocolate com pimenta, um grande sucesso da Globo. De lá para cá, foram sucessivos trabalhos na tevê, com destaque para produções bem-sucedidas como Duas caras (2007), Caminho das índias (2009), Ti ti ti (2010), Cheias de charme (2012) e Salve-se quem puder (2019).
Agora, em 2003, a atriz e ex-dançarina do Domingão festeja as duas décadas de carreira de forma intensa e dupla: ela está no ar, desde março, na novela Amor perfeito e, paralelamente, participou do quadro Dança dos famosos e retornou à Sapucaí, como Yemanjá na comissão de frente da Unidos da Tijuca, escola onde foi Rainha de Bateria até 2018. “Foi um ano bem intenso mesmo, mas um ano muito próspero, de trabalho, de atividades, de conhecimento, de experiências. Eu gosto de fazer muitas coisas ao mesmo tempo”, afirma Juliana, que também comemora o atual momento em que a teledramaturgia brasileira prioriza o protagonismo negro.
Confira a entrevista de Juliana Alves ao Próximo capítulo:
Foi um ano bem intenso mesmo, mas um ano muito próspero, de trabalho, de atividades, de conhecimento, de experiências. Eu gosto de fazer muitas coisas ao mesmo tempo. Me ajudou a também melhorar minha organização pessoal. Eu percebi que eu tenho que aprender a me priorizar mais, sabe? Eu gosto de fazer tudo para todo mundo também ao mesmo tempo, então foi bom para eu aprender que eu preciso focar mais em mim. Foi uma lição de vida. Mas, fora isso, o saldo é muito positivo. A gente está concluindo esse trabalho em Amor perfeito daqui a pouco e eu vou levar isso para 2024: priorizar as coisas que eu sei que são importantes para mim e utilizar tudo como crescimento para os próximos trabalhos.
A minha maior dificuldade com a Dança dos Famosos, justamente, foi o tempo que eu estava sem dançar. Uma coisa é você ter feito dança há, sei lá, cinco anos, dez anos. Outra coisa é você ter ficado 20 anos sem dançar. As pessoas, muitas vezes, não tinham dimensão e, muitas vezes, eu via que eu era cobrada. Como se eu tivesse uma prática de dança que eu não tinha. Você dançar no carnaval, você sambar, que é o que está muito no seu DNA cultural, é diferente da técnica do que a Dança dos Famosos exige. Eu costumava dizer às pessoas, que depois foram entendendo, que se você faz uma atividade física regular com alongamento e resistência física, você tem muito mais vantagem na Dança dos Famosos do que uma pessoa que tinha o conhecimento de dança que eu tinha.
A Wanda gosta de elevar as mulheres, de reunir as mulheres, ela tem uma sororidade. Ela gosta de pensar fora dos padrões sociais. Ela entende que, se existe uma nova essa norma social e ela não atende aos direitos e ao bem estar de todas as pessoas, ela deve ser questionada. Então, ela é uma contestadora como eu sou. Eu não gosto do caos, mas eu acho que, às vezes, a gente tem que tirar um pouco da calmaria quando ela está maquiando algum tipo de opressão. A Wanda é uma mulher para frente que, ao mesmo tempo, tenta conviver com as diferenças e ser compreensiva, até o limite em que isso possa aferir a sua existência e tudo que ela defende. Está sendo muito lindo viver essa mulher à frente do seu tempo e que, principalmente através da moda, influencia toda uma sociedade de uma cidade, inspira tanto as pessoas.
Eu acho que a gente está realizando uma conquista que já vem se construindo ao longo de muitos anos. Tivemos momentos de vitórias muito emblemáticas, não podemos invalidar os outros momentos como se isso fosse algo totalmente inédito. Tem o ineditismo da continuidade, da quantidade e da qualidade, ao mesmo tempo. Assim, a gente tem uma convergência de vários fatores que estão favorecendo a nossa vitória. É muito importante que a gente tenha consciência do que veio antes e que foi construído e que a gente tenha muito respeito por esse passado. Que a gente possa olhar para o que está sendo feito agora e todas as contestações que ainda existem e olhar com muita atenção para elas. Porque as contestações de antes eram olhadas como exageros e a gente ainda tem muito a construir, por mais que a gente esteja vivendo um momento favorável. A gente não pode se deixar levar por uma cortina de fumaça de um audiovisual. A gente precisa entender que o Brasil, o mundo precisa trazer melhor qualidade de vida e segurança para as pessoas negras e a gente precisa cuidar das nossas crianças, dos homens pretos, das mulheres pretas em situações de vulnerabilidade e que a gente construa, através da cultura, um olhar, uma inspiração para que, em todos os setores, a gente tenha uma vida melhor. A gente precisa construir oportunidades e uma segurança maior para toda a população negra. Isso vai ser construído através de educação, de segurança, de oportunidades e de uma sociedade que consegue sair de um olhar acomodado e entender o que pode fazer para transformar.
Minha essência continua a mesma, mas a minha organização pessoal e as minhas prioridades mudaram um pouco de foco. Eu sou uma pessoa mais organizada e eu entendo e valorizo muito mais o meu tempo. Antes, eu permitia me deixar levar pelo fluxo das coisas e, hoje, eu já exijo muito mais um cuidado com o meu tempo porque o meu tempo é também para os cuidados com a minha filha [Yolanda, de 5 anos], que precisa tanto de mim e que merece tanto, porque eu trouxe ela para esse mundo para ela crescer, para ela se desenvolver e ela é tão especial comigo, ela exige tanta atenção e me dá tanta coisa boa. Eu estou sempre tendo muitas alegrias quando eu consigo entender como eu aproveitei bem o tempo com ela. Yolanda me fez entender que eu não domino tanta coisa e que eu sou muito mais capaz de superar coisas do que eu imaginava. Ela me fez entender que eu sou maior do que eu achava que eu era, a partir das dificuldades que eu enfrento, e ela vai ser sempre uma constante de força e alegria na minha vida. Ela me fez entender que eu sou uma potência muito maior do que eu imaginava. Eu não precisava dela para isso, mas ela me ajuda muito a entender isso.
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