O ator João Camargo comemora este ano 35 anos de carreira. Presença certa em palcos do país, não é sempre que ele aparece na telinha. Por isso, João encara o Junqueira de A força do querer um grande presente pela data. “ Sempre sonhei em fazer uma novela da Glória Perez e em ser dirigido pelo Rogério Gomes, então me sinto realizado justamente nesse ano de comemoração”, afirma.
Em entrevista ao Próximo Capítulo, João fala sobre o lado social da trama de Gloria Perez, que abordou o jogo Baleia Azul (veja aqui outros temas polêmicos tratados na novela) e relembra um dos maiores sucessos, a novela Vale tudo. “O país andava de mal a pior naquela época e acho que piorou”, reflete o ator.
Este ano você comemora 35 anos de carreira. Está preparando algo especial para a data?
Nada especial. Pretendo seguir trabalhando, que é uma paixão minha. O resto é cuidar da saúde, viajar quando possível e manter o corpo, a mente e o espírito bem! Estou lendo peças de teatro e também estou aberto a outros convites, sejam para teatro, tevê ou cinema.
Comemorar 35 anos de carreira em uma trama de sucesso como A força do querer é diferente?
Estar no elenco de A força do querer é um presente e tanto! Sempre sonhei em fazer uma novela da Glória Perez e em ser dirigido pelo Rogério Gomes, então me sinto realizado justamente neste ano de comemoração.
Na novela, o Yuri, filho do seu personagem, Junqueira, acaba envolvido com o jogo Baleia Azul. Já havia ouvido falar do jogo antes?
Já tinha ouvido falar, sim, pela mídia. Mas quando li os capítulos referentes ao drama da família em relação ao envolvimento do nosso filho Yuri com a Baleia Azul, li mais a respeito e fui pesquisar sobre isso. É algo terrível, criminoso! Fui também conhecer a organização Biacolhe, que funciona no Rio de Janeiro e dá suporte para familiares e amigos de vítimas do suicídio. É uma obra muito bonita e importante.
Como você vê a importância de tratar de um assunto como o suicídio em horário nobre?
Acho de grande importância. A novela tem um papel social importantíssimo e sempre que temas polêmicos como esse são abordados, promovem uma reflexão sobre os problemas que muitas vezes ficam esquecidos ou mesmo escondidos pelo preconceito ou a vergonha.
Sua relação com a tecnologia o aproxima do drama de Yuri? Ou você é analógico?
Curto internet, mas acho que em excesso é preocupante. No caso do Yuri, a novela aborda algo que é muito atual e de uma forma bem interessante. Penso que os adultos e as crianças deveriam tentar encontrar um meio termo para lidar com essa questão.
Recentemente, o núcleo do Junqueira ganhou o reforço dos sogros dele, vividos pelo Othon Bastos e pela Betty Faria. Essas mudanças de rumo atrapalham o trabalho do ator ou faz parte do jogo?
É muito bom quando chegam novas personagens no nosso núcleo quando estes vêm para somar na trama, como é o caso. Inclusive, isso já estava na sinopse da novela. Ainda mais sendo interpretadas por grandes atores como a Betty Faria e o Othon Bastos. O jogo se tornou mais estimulante ainda!
Antes de fazer A força do querer, você esteve em Cúmplices de um resgate. São públicos totalmente diferentes. Como é lidar com cada um deles?
Faço meu trabalho sem pensar num público específico. O importante é fazer com verdade. Ao longo da minha carreira tenho sempre recebido um carinho muito grande do público e acho que esse compromisso com a verdade e a dedicação na criação das minhas personagens são responsáveis por isso.
Apesar de já ter carreira no teatro, você acabou conhecido do grande público pela propaganda do Unibanco. Teve medo de ficar muito atrelado à publicidade?
Na verdade, eu fiquei mais conhecido do grande público na minha primeira novela, Vale tudo. Foi um sucesso absurdo! Mas realmente a campanha do casal Unibanco foi espetacular num grau que eu fiquei até preocupado de ficar com a minha imagem apenas atrelada à publicidade. Porém, com o tempo, outras oportunidades e sucessos vieram para mim na dramaturgia, então relaxei. Inclusive estou aberto a novos convites para campanhas publicitárias (risos).
No teatro você interpreta protagonistas e papéis maiores do que costuma fazer na tevê. Guarda algum tipo de mágoa disso?
Não guardo mágoa, pois comecei minha carreira no teatro e já fiz vários protagonistas. Na tevê sou chamado para fazer personagens coadjuvantes, mas se me chamarem para fazer um protagonista não vou reclamar (risos). Inclusive tenho muita vontade de fazer um vilão. Gosto de desafios e torço para que eles venham!
Sua estreia na tevê foi em Vale tudo, novela que fazia uma crítica pesada sobre a política brasileira. Como um ator suíço via isso?
Realmente, em Vale tudo houve uma crítica política muito forte. O país andava de mal a pior naquela época e acho que piorou. Eu nasci na Suíça mas vivi minha vida inteira no Brasil e não vejo avanços. Me revolta muito os políticos em sua maioria, assim como todo esse jogo em que o povo é manipulado. Penso que precisamos nos conscientizar de que existe um abuso de poder. Depende de nós!
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