Por Pedro Ibarra
Uma das séries mais populares do Brasil nos últimos tempos, Impuros está de volta e mais uma vez de casa nova. A produção disponibilizou 10 episódios na Disney e vai continuar a saga de Evandro do Dendê e as guerras familiares e criminosas da vida do traficante popular das telinhas. Já há sete anos no ar, o seriado encontra novos problemas e consequências em uma eletrizante quinta temporada.
Impuros é uma das séries mais longevas da história e acompanha Evandro do Dendê (Raphael Logam), um traficante que aos poucos foi se tornando o nome mais importante do crime organizado do Rio de Janeiro. Na nova temporada, o protagonista chegou ao topo, tornou-se o responsável por comandar o tráfico nacional e internacional de cocaína. Porém, Geise (Lorena Comparato), esposa do protagonista, torna-se uma concorrência inesperada quando decide negociar diretamente com os grandes nomes internacionais do tráfico.
Para chegar à narrativa que estreou no final do mês passado, foram sete anos, cinco temporadas até o momento e passagens por dois formatos distintos. Quando Impuros estreou, a série lançava semanalmente nos canais Fox; posteriormente, com a subida dos streamings, passou pela plataforma do canal. Porém, logo depois, a Disney comprou todo o catálogo da Fox, e Impuros foi parar na Star+ . Em 2024, a plataforma também saiu de funcionamento e agora a série é uma produção Disney .
As mudanças nunca intimidaram os showrunners da produção. René Sampaio, Tati Fragoso e Tomás Portella assinam juntos mais uma temporada e comemoram o sucesso, mais do que se preocupam com a história perder fôlego. “Depois de tantos anos e com o processo que a gente continua fazendo, é um orgulho para a gente saber que conseguimos trabalhar, criar uma história tão longeva e que ainda tem muita coisa para contar pela frente”, afirma a brasiliense Tati.
O material que os autores têm é vasto porque mescla as ideias já desenvolvidas com pitadas de vida real. “Tem muita coisa para ser contada. Os personagens têm muito drama pessoal, e a realidade nos surpreende todo dia com as histórias do tráfico e desse tipo de realidade no Rio de Janeiro”, comenta o também brasiliense René. “A gente está na quinta temporada e parece que está decolando ainda para contar a história”, complementa.
O maior valor que encontram neste trabalho é poder ter nuances distintas do cinema, mas com uma estrutura claramente cinematográfica. “Em geral, o longa-metragem é muito sobre a transformação de um personagem, como ele começa de um jeito e acaba de outro. As séries, não. O Evandro é o mesmo cara desde o início. Os personagens não se transformam, se complexificam. A gente vai vendo eles mais profundamente”, avalia René.
Essa complexidade se soma a uma forma menos convencional de escrever a série. “Em uma série normal, 40 minutos, você vai ter 30 cenas. Em Impuros, fazemos 60”, explica Tati. Além do ritmo, a escolha de deixar alguns fatos em uma área cinza do não dito traz ao seriado uma característica de produção “cabeça”. “Tem uma coisa que eu me orgulho muito do Impuros, que a gente não subestima o espectador. A gente não entrega a história inteira. Colocamos uma coisa que, a princípio, não se entende muito bem e o espectador descobre do que a gente está falando antes de explicarmos”, acredita Tomás.
Por esse motivo, a resposta do público sempre foi muito maior do que a de outras séries. Diferentemente das produções da Globo, narrativas brasileiras de outros canais e plataformas têm mais dificuldade de se popularizar em um público mais amplo. Impuros se consolidou. “É um público muito apaixonado pela série. Os atores são parados na rua por causa de Impuros, algo que só acontece no Brasil com a telenovela brasileira”, conta René.
Em qualquer aula inaugural de estudos sociológicos, é necessária a explicação de qual a diferença ética e moral. Porém, em uma temporada de Impuros, é possível entender a distinção facilmente. A moral é o conjunto de convenções sociais que fazem parte daquela cultura, enquanto a ética é o caráter daqueles indivíduos. Em Impuros, a moral dos personagens é questionável, mas a ética é ilibada.
Contudo, essa realidade deve mudar na atual temporada. “Pensando que a ética é como você segue a sua moral, eles seguem fielmente a moral deles. É uma moral distorcida, mas que eles seguem de forma rigorosa. São quase cavaleiros da Távola Redonda, sentem a honra de seguir essa moral”, explica Tomás. “Acho que nessa temporada isso é testado pela primeira vez sobre vários aspectos. Essa é uma característica bem marcante deste ano de seriado”, acrescenta.
Mesmo tendo diferenças inéditas em relação a outras temporadas, a base continua a mesma: a família no centro. “Eu acho que é basicamente ficar pensando nas cagadas de família que acontecem na de todo mundo. É um negócio complicado”, destaca Tomás, que acredita que é necessário entender o cotidiano deles e tratar todo personagem pelo lado humano. “Sei que tem uma moral totalmente distorcida, mas é o trabalho dos caras. Então, os problemas de família deles são iguais aos nossos, só que dentro de um universo diferente. Então, acho que a gente foca muito na família”, completa.
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