Igor Fernandez estreia na Globo como o Luan de Bom Sucesso. O rapaz chama a atenção da crítica e do público pelo talento e pela beleza. Confira entrevista com ele!
Uma das revelações de Bom Sucesso, o ator Igor Fernandez chega à Globo chamando a atenção como o Luan da novela das 19h. Em sua segunda novela (ele também fez Lia, na Record), Igor vive um jovem que está descobrindo o primeiro amor e encontra refúgio também nos versos do Slam.
“Eu não considero o Luan um galã, ele é só um garoto descobrindo suas paixões e que tem seu lado romântico e conquistador. Eu só não quero que ele caia em um estereótipo, porque o Luan é falho como todo ser humano, e um galã às vezes está num patamar utópico, distante do humano”, afirma Luan, em entrevista ao Próximo Capítulo.
Igor conta que começou a gravar Bom Sucesso quase dois meses antes da estreia. Quando estreou a novela, ele tomou um susto: “Nas redes sociais está uma loucura, a carinha de anjo do Luan caiu nas graças do público e eu já recebi algumas declarações e convites românticos, alguns até engraçados, pedem até foto dos meus pés! Mas por enquanto está tranquilo lidar com isso tudo, porque o foco é na carreira.”
Um dos motes de Bom Sucesso é a literatura, tema com que Igor se sente muito à vontade. “Sou completamente apaixonado por livros, leio desde muito novo. Comecei com revistas em quadrinho e guardo todas até hoje, tenho centenas delas. Tem gente dizendo que voltou a ler porque sentiu saudades ou que começou porque sentiu curiosidade, então seja qual for o motivo, o importante dessa história toda é despertar a vontade do público a ler cada vez mais”, comemora o fã de Machado de Assis, Osho e Dan Brown.
Leia entrevista com Igor Fernandez
O Luan é mais novo do que você. Ajuda viver em cena o que você já passou na vida real?
Ajuda muito! Até porque eu passei por toda essa fase do Luan há pouco tempo, então as memórias estão frescas na minha cabeça. Essa fase de estudante é muito intensa, os hormônios estão à flor da pele, e eu, assim como o Luan, só estudei em escolas públicas, então convivi com desafios semelhantes aos dele na minha época. É engraçado porque na escola da vida real a gente quase encontra esses personagens que a novela aposta, porque somos jovens e queremos fazer da nossa vida um filme, tudo é muito ousado e algumas situações parecem sair de um filme mesmo. É tudo muito intenso e minha época de escola foi nesse nível, loucuras de amor, loucuras pelas amizades, brigas, laços de afeto e desafios diários.
Depois de um início em que não queria nada sério com ninguém, o Luan acabou se apaixonado pela Alice e revelando um lado romântico. Você é romântico?
Sou de lua, essa é a verdade. Me considero uma pessoa de altos e baixos em termos de romantismo. Então terão épocas nas quais tudo o que quero é um jantar a luz de velas, um cineminha. Também terá momentos nos quais isso vai me parecer bem chato e clichê. Mas desde adolescente eu sempre tive uma mania de expressar meu romantismo de forma expansiva, isso é uma característica minha. Já colei cartazes cheios de declarações em ônibus, já me declarei publicamente no microfone da escola, e até hoje gosto de trocar cartinhas de amor, em todas as datas comemorativas! Ser romântico, às vezes, não necessariamente está ligado a isso, então um carinho especial, um toque diferente, elogios, motivação e expressão de respeito e liberdade são também, para mim, considerados romantismo.
O Luan mostra um lado meio galã seu. Como vê isso? O assédio do público está muito grande?
Pois é, eu não estava ciente disso até ver na televisão. Gravei dois meses antes da estreia e tudo o que eu fazia era defender o meu personagem, não fazia idéia de que as atitudes do Luan fariam dele um “galã” de novela. Eu não considero o Luan um galã, ele é só um garoto descobrindo suas paixões e que tem seu lado romântico e conquistador. Para mim, ele é humano, mas eu entendo que esses são os ingredientes para formar um perfil de galã. Eu só não quero que ele caia em um estereótipo, porque o Luan é falho como todo ser humano, e um galã às vezes está num patamar utópico, distante do humano. Para mim, o Luan é só um garoto que quando se apaixona, seja por algo ou alguém, tem coragem de assumir publicamente e sabe se expressar sobre isso, e às vezes isso ganha um tom galanteador. Nas redes sociais está uma loucura, a carinha de anjo do Luan caiu nas graças do público e eu já recebi algumas declarações e convites românticos, alguns até engraçados, pedem até foto dos meus pés! Mas por enquanto está tranquilo lidar com isso tudo, porque o foco é na carreira!
Você chegou a fazer algum tipo de laboratório ou de treinamento para o lado rapper do Luan? O rap fazia parte do seu mundo antes da novela?
A Rede Globo contratou a MC Martina para me acompanhar e ela, além de me dar aulas teóricas sobre o rap, o movimento da arte periférica e Slam, me levou para o metrô para trabalhar nos vagões com rima e eu me lembro que fiquei muito nervoso, lembro com detalhes, e coisas que lembramos com detalhes são exatamente as que deixam marcas na memória. Suei frio, senti medo, travei algumas vezes sem que o público percebesse, mas no final das contas foi uma das partes mais divertidas e emocionantes do meu processo de preparação. Isso me ajudou bastante a ter uma base real para compor o Luan. Antes de ele chegar, eu sequer tinha conhecimento desse universo e, como eu sempre fui muito envolvido com o balé, minha playlist só tinha música clássica e o rap era desconhecido pra mim. O envolvimento foi tanto que hoje em dia ouço com muito prazer diversos rappers brasileiros, me apaixonei, são poesias em forma de música, talento de sobra e eu sinto algo no rap que não costumava sentir em outros estilos musicais, que é geralmente um desabafo social verdadeiro, sofrido, mas muito necessário.
Bom Sucesso é uma novela em que a literatura está muito presente. Qual é a sua relação com a literatura?
Sou completamente apaixonado por livros, leio desde muito novo. Comecei com revistas em quadrinho e guardo todas até hoje, tenho centenas delas. Quando mais velho, passei para os romances, lembro de ter lido Memórias póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro muito cedo na escola e eu me amarrei nas histórias! Hoje, como ainda moro bem longe do Projac, sempre tenho um livro na bolsa para ler indo e voltando do trabalho ー geralmente é 1h15 de ônibus, então dá pra ler bastante coisa. Tenho mania de sempre comprar muitos livros, e muitos dos que eu tenho ainda não li. Eu me esforço bastante para chegar perto desse objetivo embora saiba que nunca vou atingir porque a promoção vai chegar e eu vou comprar outros vários. (risos)
Você acha que abordar esse tema pode levar as pessoas a lerem mais?
Não só acho como já estamos começando a sentir o resultado. No Twitter comentam muito sobre a influência da literatura da novela na vida do público. Tem gente dizendo que voltou a ler porque sentiu saudades ou que começou porque sentiu curiosidade, então seja qual for o motivo, o importante dessa história toda é despertar a vontade do público a ler cada vez mais. É importante, né? Ainda mais nessa nossa era da informação digital, em que somos bombardeados por coisas muitas vezes irreais. É importante ter uma cultura de livros porque isso abre nossos olhos e nos faz ter uma opinião particular sobre assuntos diversos, diminuindo o repasse de informações falsas. E, claro, ler nos faz mais sonhadores, nos inspira nessa batalha do dia a dia e nos torna mais criativos, abrindo nossos olhos para as belezas da vida. Acho que isso está diretamente ligado a um possível aumento na felicidade geral das pessoas.
Você tem um livro preferido?
Alguns. Gosto muito dos livros do Osho e livros que falam sobre religiões diversas, sobre o universo e o espaço. Indo pro lado do romance eu sou apaixonado pelas ficções do Dan Brown, todas elas são incríveis e eu leio e releio sempre que posso.
Bom sucesso é seu segundo trabalho na televisão, mas o primeiro na Globo, depois de Lia, na Record. A pressão é diferente de uma emissora para a outra?
Sim, é bem diferente, mas não tem a ver com a emissora e sim com o peso do personagem. Na Record, apesar de eu ter dado vida a um filho da protagonista, ela tinha outros 11 filhos. Então, eu não tinha muitas falas e meu ritmo de trabalho era tranquilo. Já na Globo, o Luan tem um peso considerável na trama, então há sim uma pressão diferente, seja em termos de preparação, estudo e ritmo de trabalho.
No teatro, você tem um trabalho no ramo da palhaçaria. Como é esse trabalho?
É um divisor de águas na vida de qualquer um trabalhar com palhaçaria. Quando você estuda o seu palhaço você não cria um personagem, o palhaço não é um personagem, o palhaço são seus defeitos, erros, medos e o que há de mais vergonhoso em você — tudo isso colocado sob um holofote e exagerado para o público. Então para ser um bom palhaço você precisa lidar e conviver com seus maiores defeitos e expor todos eles sem medo de errar, isso não é incrível? Essa história começou quando eu passei a trabalhar num grupo com vários palhaços e eu negava a criação do meu, evitava ao máximo, preferia sempre estudar malabares, acrobacias e tudo o que pode ser ensaiado, eu morria de medo de me arriscar com o meu palhaço, e com o passar do tempo foi necessário correr esse risco. Quando eu vi o público aceitando e rindo junto foi emocionante. A partir daí eu aceitei o palhaço que há dentro de mim e juntos já nos apresentamos em teatros, em praças públicas e festivais.
Você também tem muita ligação com a arte circense. Como começou esse seu interesse?
Foi quando eu estive na TOCA – Teatro e Outras Coisas Artísticas, grupo de palhaços e artistas de teatro e circenses. Eu evitava trabalhar com o meu palhaço. Então, aprimorei todas as técnicas de malabares, perna de pau, cuspidor de fogo, tudo o que pode ser ensaiado e preparado sem improviso. Junto com esse grupo, nos apresentávamos em eventos, escolas, festivais, teatros de palco e de rua e praças públicas. O interesse veio espontaneamente, assim como eu tenho com diversas outras áreas das artes, como a dança, fotografia e a música. E também de uma necessidade financeira porque eu sempre tentei e consegui manter minha vida somente com a grana que vem de trabalhos artísticos.
Você nota algum preconceito com artistas circenses ou palhaços, deixando eles ligados apenas ao que seria uma espécie de nicho?
A semente do preconceito germina em qualquer solo onde há desconhecimento do assunto. Eu noto que falta um conhecimento geral sobre o circo e a palhaçaria. Há palhaços hoje no mercado que na verdade são personagens, não são palhaços. Só entende isso quem de fato estuda essa área da arte. A palhaçaria é uma arte que acompanha o tempo desde os bobos na corte, figura importantíssima na história, pois era o único que podia criticar o rei sem que fosse mandado para o calabouço. Durante os séculos da evolução da humanidade há diversos palhaços que conseguiram até mudar o rumo da história, usando a comicidade para mostrar a verdade e isso merece muito respeito e admiração. Com a evolução do entretenimento, diversos personagens vestidos de palhaço, que de fato não são palhaços, tomaram o gosto popular com cantigas e atitudes demasiadamente infantis.