A partir deste domingo (14/4), o ator Hugo Bonemer vai se jogar em uma nova aventura cênica. Ao lado da atriz Danielle Winits, do cantor Diogo Nogueira e da cantora Ludmilla, ele faz parte do grupo que estreia no quadro Show dos famosos, do Domingão do Faustão. Quem será que ele vai homenagear?
Em entrevista ao Próximo Capítulo, Hugo adiantou que vai buscar “a tinta da alma” dos artistas que homenageará no programa. Acostumado a dançar e cantar, enquanto atua, Hugo tem grande experiência no teatro musical, tendo atuado em Hair e Ayrton Senna, entre tantos os outros, e defende o gênero: “Esses projetos chegam a dar 700% de lucro ao governo e não tem porque deixarem de existir.”
Na entrevista a seguir, Hugo fala mais sobre a participação no Faustão, violência, homossexualidade e teatro. Confira!
No quadro Show dos famosos, do Domingão Faustão, você ouvirá críticas dos jurados. Como lida com isso?
Vou lidar com críticas da forma que qualquer pessoa lidaria. Ficarei feliz ou triste, mas, depois de algum tempo, vou enxergar como melhorar minha performance.
Está preparado para a repercussão do quadro com o público, especialmente com o internauta?
Na verdade não sei como. Como faz para se preparar para isso? (risos)
Fausto Silva costuma ressaltar que o Show dos famosos não é um quadro de imitação, mas, sim, de homenagens (A gente levantou essa polêmica no Próximo Capítulo, lembra?). Qual é a diferença entre essas duas coisas?
Me parece que o público vem esperando uma imitação. Talvez por isso o Faustão reforce sempre que é um quadro de homenagens. Pessoas que ficam iguais a alguém, profissionalmente, fazem uma personificação e costumam fazer um personagem só a vida toda. Já reparou? Como carreira mesmo. São os covers. Em inglês eles chamam de impersonators. Com essa palavra você encontra vários vídeos legais na internet. Eles te causam impacto e emoção como se você visse ao próprio artista ali. No Faustão, fazemos vários artistas, mas não somos especialistas neles, então temos dois caminhos: a homenagem ou a imitação. Acho a imitação um caminho arriscado porque, ao escolher um vocabulário de trejeitos e vícios vocais, é quase certo que causemos riso no espectador. Quando falamos em homenagem, procuramos a tinta da alma daquele personagem. Gosto de pensar que cada personagem tem um “valor, ou uma virtude” que é reconhecível e admirada pelo público. Se eu conseguir encontrar isso não faz diferença se o nariz está parecido ou se o timbre ficou igual. Como o público espera uma imitação, fazemos todo o aparato de caracterização e gestual, mas meu objetivo é fazer uma bela homenagem ao artista.
Você se assumiu homossexual publicamente. Teve medo que isso, de alguma forma, te atrapalhasse na profissão?
Tive medos profissionais muito antes de decidir falar abertamente sobre minha orientação afetiva. Eu, justamente, passei a falar abertamente porque esse medo foi embora e se tornou insustentável manter relações mentirosas com as pessoas ao meu redor, em que eu não podia compartilhar coisas normais e saudáveis como “meu namorado estava um mala ontem”, ou “vou completar um ano de namoro com meu amor”.
Recentemente você foi alvo de violência no Rio de Janeiro. Sente-se mais vulnerável a esse tipo de ataque por ser homossexual? Ou a violência está ali para todos, sem distinção?
O ataque que sofri nada teve a ver com minha orientação afetiva. São crianças que acreditam que o crime é uma opção. Eu não as culpo. Talvez pensasse igual se não tivesse tido tantos privilégios. Quem garante? Vamos jogar um jogo? Não vale nenhuma dessas opções: a) deixar solto na rua cometendo crime; b) prender com adultos; c) prender com outros menores e deixar sem fazer nada; d) obrigar a fazer trabalho escravo para cumprir pena; e) abandonar toda uma geração; f) matar. Acho que as opções óbvias começam com educação, com transformar presídios em centros de ensino, sobre criar cotas de parlamentares para aumentar a representatividade no Congresso, sobre manter as políticas afirmativas, sobre melhorar a qualidade das escolas, sobre usar o capitalismo a favor do capitalismo: qual empresa quer assinar embaixo de projetos que criem uma nova geração pro Brasil?
Você recebe muitos pedidos de fãs para falar sobre homossexualidade, pedir conselho?
Recebo muitas mensagens pedindo conselho. Tento ajudar no que posso. Geralmente meu conselho é: seja honesto com sua família, independentemente das consequências. Seu caráter é seu maior valor. Se você achar que vai ser expulso, procure independência financeira já. Seja o melhor aluno que puder. Não use drogas, você não tem o privilégio de ficar doidão enquanto tem gente querendo te matar por você existir. Ame, sem medo. E quando sentir medo, aperte a mão do seu namorado/a com mais força. Quando a pessoa é menor de idade, eu aconselho a procurar um psicólogo porque ainda há pessoas que acreditam que a sexualidade é aprendida, enquanto a ciência moderna aponta como uma determinação parte genética e parte biológica, como a cor dos olhos ou altura. Para que eu não tenha problemas legais, costumo conversar apenas com maiores de idade.
Como o mundo dos musicais chegou a você?
Minha mãe é bailarina e teve a oportunidade de dançar fora do Brasil, na Rússia e no leste europeu. Ela me dizia que os atores lá fora faziam de tudo, que só no Brasil homem não podia cantar e dançar. Que, se eu quisesse ser ator, eu tinha que focar no pacote completo.
Houve, no início dos anos 2000, um boom dos musicais no país. Como anda o mercado para esse tipo de espetáculo atualmente?
O mercado musical anda incerto, só se produz grandes musicais com lei de incentivo à cultura por renúncia fiscal. Esses projetos chegam a dar 700% de lucro ao governo e não tem porque deixarem de existir.
Espetáculos, como Hair, têm um teor político muito forte. Como falar sobre isso na arte no Brasil de hoje? Sente-se mais acuado como artista?
O movimento artístico é e sempre será uma resposta direta à opressão que aquela sociedade vive. É só reparar qual o movimento artístico característico de uma cidade e você vai descobrir onde a sua população é mais tolhida e castrada.
Em Ayrton Senna, você viveu um ídolo nacional. Como era a sua relação com o Senna, esportista. Chegou a acompanhar as corridas dele?
Eu era muito novo para acompanhar o Senna e fiquei feliz de poder conhecer mais sobre esse ídolo interpretando parte da sua história.
Você não costuma fazer muita novela. É uma opção sua se dedicar mais aos palcos?
Eu costumo fazer coisas diferentes, pois foi minha maneira de sempre ter trabalho. Faço novela quando sou convidado, quando não, estou na dublagem, nas séries da TV a cabo, no cinema, no teatro e estudando alguma coisa nova caso algum desses dê errado.
Em 2014, você foi Jesus na Via Crucis de Taguatinga, uma cidade do DF. Como foi essa experiência? Faria de novo?
Ser Jesus na Paixão de Cristo de Taguatinga-DF para 8 mil pessoas foi emocionante. Quem sabe numa próxima eu possa experimentar outro personagem já que tem tantos bons na mesma história!
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