Henrique Barreira comemora levar assuntos importantes para o público jovem na pele do Fred de Vai na fé. Leia entrevista com ele!
A estreia do ator Henrique Barreira na televisão foi como uma gangorra — ora o rapaz estava no alto, ora se viu sem nada para, depois, finalmente conseguir o primeiro papel da carreira no audiovisual. Escalado para viver um dos protagonistas de Malhação: Eu quero é ser feliz após passar por baterias de testes, Henrique viu o projeto naufragar. Somente depois é que veio a chance de viver o playboy Fred, um dos sucessos de Vai na fé (novela das 19h da Globo), que ele agarrou com unhas e dentes.
“Não me iludo, o ‘sim’ e o ‘não’ vão fazer parte da minha carreira até o final da vida. Se disser que não chorei e pensei que tinham acabado as oportunidades de vez, estarei mentindo (risos). O ‘não’ para o artista é cotidiano e educa a forma como você vai aproveitar o processo. No meu caso, foi triste, mas me deu mais vontade de agarrar uma oportunidade como essa”, afirma Henrique, em entrevista ao Correio. “O ‘não’ dos outros é o momento que mais precisamos dizer ‘sim’ para nossas escolhas: permanecer no ofício por amor e por não ter outra alternativa a não ser esta”, completa o jovem.
Um dos destaques de Vai na fé é o núcleo de universitários de direito, no qual Fred está inserido. O interessante no rapaz é que ele foge do estereótipo de ser apenas um vilão ou um mocinho, apesar de até agora errar bastante. “A visão que ele tem do mundo e dos privilégios que o cercam é bastante limitada, mas ele sempre está disposto a acertar, mesmo errando”, defende o ator.
O ator ressalta que Fred erra em momentos como o racismo contra Yuri (Jean Paulo Campos), mas acerta em outras ocasiões, como a lealdade ao amigo Rafael (Caio Manhente) — a internet cita os dois amigos como possíveis affairs de Fred no decorrer da trama. “A verdade é que os personagens ganham uma complexidade de relações e personalidade que é difícil enquadrar nesse maniqueísmo de vilão X mocinho. O Fred tem atitudes erradas e vive as consequências delas… Ele também tem momentos de mocinho: se apaixona, se ilude, é amigo fiel, etc. O Fred é um de nós”, reflete.
Como num ciclo, Henrique, que estrearia em Malhação, continua falando para os jovens, apesar de estar numa novela das 19h. “Depois que Malhação acabou, ter um núcleo jovem retratando assuntos sérios, políticos e reais é um serviço ao público em afirmar que os jovens têm, sim, uma vivência muito rica de aprendizado e numa fase geralmente conturbada da vida. Me emociona fazer parte desse momento em que sou um ator de 21 anos e recebo mensagens de jovens dizendo o quanto estão gostando de ver outros jovens atuando e levantando temas tão importantes que antes não eram discutidos nos núcleos familiares, no trabalho ou nas faculdades. O fenômeno da telenovela vai muito além do entretenimento, é político, é pedagógico. É bonito ver que estamos construindo uma nova juventude, com novos debates para formação desse país, depois de tanta desvalorização da opinião jovem na tevê, política”, comemora.
Duas perguntas // Henrique Barreira
Você está num núcleo de personagens universitários, vividos por atores da sua geração. Isso facilita o seu trabalho?
Muito. Primeiro porque virei amigo de todos que estão no ICAES e formamos uma parceria recheada de admiração, honestidade e companheirismo. Por outro lado, as referências são compartilhadas, as questões pessoais das nossas vidas de jovens também são experiências coletivas e tudo isso reflete na cena. As construções dos personagens se tornam muito reais, pois todos nós ajudamos uns aos outros sobre insights, impressões e escolhas artísticas. Dá uma sensação de pertencimento maravilhosa: somos jovens, estamos trabalhando e levando para as telas questões da nossa geração. Estamos falando com a juventude que quer fazer a mudança e da qual somos parte também. É uma honra.
Você também vai fazer a série A Vida pela frente. O que pode adiantar desse projeto?
A vida pela frente é um projeto muito especial pra mim, não só por ter sido a primeira vez no audiovisual depois de anos como artista de teatro, mas pela forma como o sonho se tornou coletivo. Leandra Leal, Rita Toledo e Carol Benjamim (Daza Filmes) tinham essa história para ser contada há anos e tive a honra de viver o Vicente. A série toda é muito linda, forte e necessária também para a juventude de que estamos falando. Foi importante demais pra mim viver essa experiência para fazer amigos e perceber que, de fato, quero trabalhar como ator até o final da minha vida, seja em cima dos palcos ou no “ação!” em frente às câmeras.