por Pedro Ibarra*
Caminhando para o encerramento da jornada, a série Hard chegou a HBO Max para terminar a trajetória de Sofia (Natália Lage) no topo da produtora Sofix. A série está apresentando os episódios semanalmente na plataforma de streaming e os últimos desafios da protagonista vão ser um misto da diversão das risadas com a emoção da despedida desses personagens que já marcaram presença com o público nos últimos três anos.
“Os episódios estão super dinâmicos, acontece muita coisa em pouco tempo”, afirma Natália Lage, protagonista na pele de Sofia, sobre os episódios finais. A série, que apresenta desde o princípio a personagem principal tendo que lidar com uma produtora de filmes pornográficos que herdou do falecido marido, agora caminha para a situação em que Sofia precisa seguir com a empresa ou se desfazer da Sofix e buscar outros desafios. “Tem muita reviravolta aí na administração da Sofix por parte da Sofia”, adianta Lage.
Para a atriz principal chegar ao final da série evidencia o quanto a própria personagem cresceu e se desenvolveu durante as três temporadas. “Ela já está em um outro lugar para lidar com aquilo tudo. É óbvio que, em alguma medida, o mercado pornô ainda é um lugar que pega ela, mas o que eu acho lindo da Sofia é que ela não estaciona, ela está sempre se desafiando”, analisa Natália. “Ela é um bichinho fora daquele universo. Então num primeiro momento é um susto tudo que ela precisou lidar e de certa forma ela teve que se desfazer de alguns preconceitos e dificuldades”, completa.
Natália Lage tem muito carinho pela personagem que tem vivido nessas disse que sempre teve muito cuidado para entender a fase em que a protagonista estava para dar sempre o melhor em cena. “Para mim foi muito gostoso e desafiador, porque a Sofia tem realmente essa trilha bem desenhada”, afirma. “Ela se puxa, ela está em movimento. A Sofia consegue enxergar a si mesma e reconhecer as dificuldades dela e o que a vida também está apresentando para ela. Ela está sempre tentando espremer uma limonada com as limões que a vida dá para ela”, reflete. “Agora nos últimos episódios, ela ganha uma autonomia e uma força. A Sofia se descobre”, completa.
O seriado fala sobre o mercado e a indústria pornográfica, um tema muito controverso e discutido, principalmente sob a ótica da sexualização dos corpos femininos e exploração do trabalho. Para Lage, o seriado apresenta uma nova forma de ver a questão. “Num primeiro momento tem um choque de chegar em um universo que você não conhece nem domina e que você naturalizou como uma coisa errada e que não poderia existir, porém você entende a legitimidade desse espaço de atuação e do desejo dessas pessoas de estarem ali”, apresenta a atriz. “Existem casos óbvios de quem está ali por alguma necessidade, ou porque não achou outro caminho, mas tem muita gente que está ali, pois quer estar ali”, acrescenta.
A artista acredita que a série tem um importante papel de desmistificar conceitos sobre a indústria pornográfica. “A Sofia tem a importância de revelar para o público, de uma maneira leve e descontraída, esse espelho com esses preconceitos que a maioria de nós acaba tendo a princípio e mostra como ir lidando com eles”, conta. “Revela um pouco como essa indústria vinha se manifestando e como existem hoje figuras pontuais que estão interferindo dentro desse processo para tentar fazer um pornô de outra qualidade, de outra forma”, adiciona.
Riso em tempos difíceis
Natália Lage avalia que a série pode ser uma boa opção para tirar a cabeça da tensão atual do Brasil, mas sem deixar de fazer o público botar a mão na consciência. “É maravilhoso que no meio dessa tristeza, angústia e incerteza, as pessoas possam se divertir, possam dar risada, mas que a gente, ao mesmo tempo, possa proporcionar uma reflexão de como é estar no mundo, olhar para o outro”, diz a artista.
“É para tocar as pessoas, fazer rir, emocionar e fazer refletir também. É interessantíssimo que esse projeto que a gente teve o cuidado de trazer para o universo brasileiro seja apresentado também nesse momento em que estamos vivendo um retrocesso de questões muito importantes que estão sendo colocadas de uma maneira muito preconceituosa e feia”, expõe Natália. “A série consegue unir duas coisas, traz uma reflexão sobre preconceitos e ela faz isso de uma maneira leve e gostosa de assistir”, conclui.
*Estagiário sob a supervisão de Vinicius Nader
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