Eu poderia culpar os episódios de 1 hora de duração, algumas cenas longas e lentas… Mas não é nada disso. Temos House of cards para mostrar que uma série mais “paradona” pode sim ser emocionante, instigante e interessante.
É complicado criticar uma produção com grandes atores e uma premissa que ao primeiro olhar parece tão interessante. Uma terapeuta que começa a se envolver profundamente com a história de seus pacientes, ultrapassando todos os limites éticos, e está desesperadamente procurando viver uma vida diferente da sua, criando até mesmo uma outra identidade.
Jean Holloway é o estereótipo norte-americano da mãe dos subúrbios, que já acompanhamos em tantas outras séries. Mora em uma casa dos sonhos, com um closet gigantesco, um marido bonito e bem-sucedido, uma filha pequena, bebe Chardonnay e é uma terapeuta dedicada a ajudar os seus pacientes. Obviamente, como ocorre em qualquer outra produção do tipo, ela se sente entediada com tudo isso, e tenta escapar, criando uma nova identidade: Diane Hart. É quase cômico acompanhar todas as cenas de Diane, com sua jaqueta de couro, e um novo perfume que aparentemente a separa completamente de Jean.
Usando esta outra personalidade ela se aproxima e começa a flertar com Sidney, uma barista que não é ninguém menos, ninguém mais do que a ex de um dos pacientes de Jean. Esta é basicamente a trama central que acompanha Naomi Watts durante todos os episódios.
A personagem principal oferece zero carisma. Ela não consegue convencer o público a acompanhá-la durante suas aventuras. E não convence como a sociopata que deveria ser. Enquanto deveria ser minimamente mais inteligente do que as pessoas que tenta manipular, ela parece apenas boba. Infantil.
Sem falar nos personagens que cercam Diane: não existe complexidade. Os clichês transbordam da tela. As outras mães do círculo social de Jean são irritantemente chatas. Será que a tevê não aprendeu nada com Big little lies? Mães que são apenas mães com vidas vazias, a secretária bonita e jovem que seduz o patrão casado… Até o objeto do interesse romântico de Diane, a barista Sidney, é um grande estereótipo ambulante. A personagem é apresentada como misteriosa, uma jovem sedutora e destruidora de corações… E o programa entrega uma jovem cantora de uma banda de rock com um sotaque britânico. UAU. Por favor, mais respeito com o público, gente!
Nem o roteiro salva. Com um material excelente, eles entregam diálogos ridículos. Destaque para as conversas que ocorrem no consultório de Jean. Tanto as consultas com os pacientes quanto as conversas entre os outros profissionais, é tudo patético. Zero convencimento.
A única coisa que pode prender a atenção de quem assiste, é a tensão que circula as mentiras de Jean: Quando ela vai ser desmascarada? De que forma essa grande rede de mentiras irá afetar as outras pessoas? Como ela vai fazer para continuar mantendo esse grande “faz de conta”?
E já aviso, se a série não voltar para uma segunda temporada, é um daqueles finais em que a personagem está na beira do precipício, a bomba está prestes a explodir, o prédio está vindo abaixo, mas o final chega antes de sabermos quem vai conseguir se salvar. Então cuidado. Melhor ir assistir outra coisa. Só recomende Gypsy para as inimigas.
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