Guilherme Winter encerra ciclo de personagens bíblicos com o Lima de Topíssima. Leia entrevista com o ator!
Desde 2015 estamos acostumados a ver o ator Guilherme Winter em tramas bíblicas. Ele foi Gideon, em Milagres de Jesus, e Moisés, nas duas fases de Os dez mandamentos e em Jesus. Agora, Guilherme está de volta a 2019. Ele vive João Fernandes Lima, ou simplesmente Lima, um dos vilões de Topíssima, boa novela da Record exibida às 19h30.
“Lima já me cativou logo de cara. É um personagem muito astuto e, digamos, um ambicioso sem filtro, mas que traz mensagens importantes. Ele, atualmente, faz o caminho mais detalhado para chegar aos seus objetivos, ainda que, infelizmente, isso machuque pessoas ao longo do caminho”, afirma o ator, em entrevista ao Próximo Capítulo.
A mensagem contra o machismo e o homem tóxico é muito forte em Lima. Por isso, Guilherme afirma que, “mais importante do que o gênero é passar uma mensagem, tocar a quem assiste”. Bem humorado, o ator completa: “Estar, atualmente, em uma trama contemporânea, tem sido muito especial, porque são novos ares, outros cenários, discursos. E tudo isso, de alguma forma, para o ator, é bom, porque é renovador e inspirador. Inclusive, uma coisa curiosa foi o fato de voltar, por exemplo, a gravar com celular, um objeto que parece tão corriqueiro, mas que há muito tempo eu não usava em cenas”.
Para se ambientar melhor aos dias de hoje, Guilherme se despediu dos cabelos e barba compridos que marcaram Gideon e Moisés. “A caracterização traz não só uma mudança externa, mas também interna. É uma forma de me aproximar ainda mais da essência do personagem. E, como ator, a possibilidade de mudanças é algo libertador também, que te permite o mergulho mais profundo no mundo de quem iremos dar vida”, explica Guilherme Winter, um ator de todas as épocas.
Entrevista// Guilherme Winter
Desde 2015 você aparecia na tevê em tramas bíblicas e agora está de volta às novelas contemporâneas. Tem preferência por algum desses gêneros?
São gêneros diferentes, mas cada um com suas peculiaridades. Eu gosto muito de história e das novelas de época. Então será sempre prazeroso me ver na pele de grandes homens e que marcaram de alguma forma, seu nome, na história da humanidade. Sobre estar, atualmente, em uma trama contemporânea, tem sido muito especial, porque são novos ares, outros cenários, discursos. E tudo isso, de alguma forma, para o ator, é bom, porque é renovador e inspirador. Inclusive, uma coisa curiosa foi o fato de voltar, por exemplo, a gravar com celular, um objeto que parece tão corriqueiro, mas que há muito tempo eu não usava em cenas. Mais do que o gênero, o que me importa é passar a mensagem, tocar quem assiste.
Lima é um vilão. Isso pesou na sua decisão de aceitar o papel?
Vilões sempre chamam a atenção do público, né? É curioso isso, mas não é um determinante para mim. Eu sempre vou prezar por papéis em que acredito, que me trazem uma verdade, que assim como me sensibiliza, imagino que possa mexer com o público também. Lima já me cativou logo de cara. É um personagem muito astuto e, digamos, um ambicioso sem filtro, mas que trará mensagens importantes. Ele, atualmente, faz o caminho mais detalhado para chegar aos seus objetivos, ainda que, infelizmente, isso machuque pessoas ao longo do caminho.
O Lima é um homem sedutor. Alimento o ego interpretar um personagem assim?
O ator se alimenta de um bom personagem, do que ele pode agregar para a humanidade, do quão suas verdades e ações podem proporcionar reflexão. E eu, Guilherme, bebo dessa mesma fonte.
Você se considera um sedutor?
Se rotular é se limitar – é nisso que eu acredito. Então, não gosto de me enquadrar em ser isso ou aquilo. Me considero um cara que gosta de um bom papo, uma troca com significado, encontros com propósitos. Se isso se enquadra em ser sedutor, também não sou eu que conseguiria definir isso (risos).
Para Topíssima, você teve que mudar o visual. Isso ajuda na composição de um personagem?
Sim, e estou bem feliz. A caracterização traz não só uma mudança externa, mas também interna. É uma forma de me aproximar ainda mais da essência do personagem. E, como ator, a possibilidade de mudanças é algo libertador também, que te permite o mergulho mais profundo no mundo de quem iremos dar vida.
Chegou a ter medo de não te reconhecerem, já que há muitos anos o público te vê com cabelos e barba grandes?
Não diria que medo, mas fiquei pensando em como seria isso. Afinal, não deixa de ser uma novidade para todos. Contudo, o público tem um olhar muito atento, então além de perceberem a mudança, recebi elogios e muito carinho. E isso reforça o quão alguns trabalhos e personagens podem marcar a vida das pessoas. Considero isso muito especial.
O Lima se aproxima das mulheres de forma tóxica, menosprezando elas. Ainda existem muitos homens assim. Como você vê o fato de a novela abordar essa temática tão atual?
Lamentavelmente ainda existem homens assim, o que é terrível. Mas acredito que isso esteja bastante ligado a como este homem é criado, de quais diálogos participou, quais convivências teve. E quando digo isso, não é, em hipótese alguma, com a intenção de justificar o machismo por conta do ambiente ou dos pais, embora isso influencie, e, sim, sobre o que é ensinado também. Porque ninguém nasce odiando. Ninguém nasce racista. Ninguém nasce homofóbico. Ninguém nasce tóxico. As pessoas se tornam. E tristemente ainda percebemos, todos os dias, nas atitudes de diversos homens, como o patriarcalismo é algo alimentado. É sobre isso que devemos falar, é sobre igualdade. Uma novela que tem como propósito explanar um assunto tão importante, sem dúvidas, se torna uma obra ainda mais valiosa, porque pode alcançar milhões de pessoas, fomentar debates, sensibilizar.
A ficção pode estar a serviço da realidade em casos como esse?
Com certeza! É importante vermos as produções artísticas trazendo temáticas, pois é uma forma de fazer com que uma grande parte de pessoas tenha acesso ao conhecimento, entenda a seriedade das questões sociais que nos permeiam no dia a dia e, sobretudo, compreendam a responsabilidade social que cada um exerce na sua casa, escola, trabalho, mundo.
Sua vida pessoal vem sendo noticiada pela imprensa de uma maneira invasiva. Como você lida com essa invasão?
Eu entendo que sou uma pessoa pública, então procuro filtrar muitas coisas que leio, vejo, ou me dizem. Acho que, em muitas ocasiões, ser afetado pode se ter mais a ver com a maneira como olho para algo, do que o que realmente esse algo diz sobre mim.
Você tem planos para depois de Topíssima no teatro ou no cinema?
Tenho, no teatro. Porém isso é tudo que consigo adiantar no momento. Estar nos palcos, novamente, será algo revigorante.