Good_Omens_Official_Image_NYCC.FNL_2.0 Crédito: Amazon Prime Vídeo/Divulgação

Good omens, de Neil Gaiman, traz bizarrices características do autor de forma equilibrada

Publicado em Séries

Série chegou ao serviço Amazon Prime Vídeo em maio. Confira crítica do primeiro episódio de Good omens, que conta com seis capítulos

Depois de American gods, o serviço de streaming da Amazon resolveu apostar em outra adaptação de obra de Neil Gaiman em formato seriado. A escolhida foi Good omens, lançada originalmente em 1990 e escrita pelo autor em parceria com Terry Pratchett. Belas maldições — como também é conhecido o livro em português — é uma narrativa tão louca quanto Deuses americanos, mas que, neste caso, ganhou uma versão mais bem adaptada para o formato.

A premissa de Good omens é interessante e, inclusive, tem causado polêmica entre as entidades religiosas norte-americanas, que pedem o cancelamento da produção. A história acompanha o anjo Aziraphale (Michael Sheen) e o demônio Crowley (David Tennant), que se conhecem desde os primórdios da criação da Terra ainda no Jardim do Éden e sabem, desde aquele momento, que o planeta sofrerá um armagedon — o confronto final que envolve Deus e seu exército e seus inimigos.

Com o passar dos anos, Azirarphale e Crowley, que vivem entre os humanos, acabam sempre se cruzando. Mas o destino deles se une mesmo 11 anos antes do fim do mundo, quando Crowley recebe a missão de entregar o anticristo para a família de um diplomata americano, com a missão de dar início ao apocalipse. Já totalmente mesclado com a rotina da Terra e por isso não querer o fim, o demônio pede ajuda ao anjo para impedir o armagedon. A partir daí, começa o plano dos dois de tentar converter a criança “demoníaca” para o lado do bem.

Crítica de Good omens

Ineditismo não é o forte de Good omens, pelo contrário, a chegada do anticristo e do fim do mundo já foram abordadas diversas vezes na dramaturgia audiovisual. Mas o trunfo é fazer isso de uma forma diferente. Como é de se esperar de um texto de Neil Gaiman, a produção ganha uma atmosfera bizarra, extravagante e cômica. Diferentemente de American gods, que é uma série difícil e complexa, Good omens acerta pelo equilíbrio. Há muitos pontos inteligentes na trama, mas isso é entregue de forma mais palatável ao espectador.

Logo no primeiro episódio, a trama entrega muitos acontecimentos — outra diferença em relação a American gods –, como a troca de bebês dentro do convento das freiras, que há anos aguardavam para cumprir essa missão para o demônio, o que cria o desenvolvimento da narrativa e garante cenas engraçadas. Também há uma agilidade nos diálogos cheios de sarcasmos os personagens, principalmente, entre os protagonistas. A escolha por Michael Sheen e David Tennant é outro acerto da trama. Ambos estão muito bem em seus papéis, convencem e trazem força a série.

Crédito: Amazon Prime Vídeo/Dviulgação. Michael Sheen e David Tennant

A bizarrice em alguns aspectos pode até afastar parte do público. Quem também é muito religioso pode se sentir incomodado com a forma como a narrativa trata questões bíblicas. Mas é bom lembrar que a série — e o livro — tem o objetivo de brincar com uma história tão conhecida do público, fazendo uma crítica indireta à sociedade.

Se seguir com o mesmo ritmo acelerado, Good omens tem tudo para ter uma ótima temporada. Não há informações se a série deve ganhar uma sequência após a exibição dos seis episódios. O ideal seria que não, que realmente fosse uma minissérie com início, meio e fim. Afinal de contas, os “alongamentos” desnecessários de tramas televisivas têm sido um erro para o cenário atual, principalmente, se elas forem adaptações de obras literárias.