As comédias descobriram Giovanna Lancellotti, ou vice-versa. O importante é que depois da vilã Rochelle, de Segundo sol, que até tinha um certo humor ácido, o gênero está dominando os próximos trabalhos da atriz: o filme Incompatível e o seriado Shippados. Além disso, ela acaba de sair de cartaz das telonas em Eu sou mais eu.
A atriz comenta que está adorando a nova fase e que não tem medo de ficar estigmatizada pelo gênero. “Se você busca sempre estudar e se aprimorar na arte da interpretação, acredito que isso será visto e, consequentemente, uma diversidade de papéis surgirão. E acredito muito no poder da versatilidade, pois o ator tem essa capacidade, e pode buscar aprimorá-la”, reflete, em entrevista ao Próximo Capítulo.
Em Shippados, Giovanna contracenará com um timaço de humoristas: Tatá Werneck, Eduardo Sterblich, Luiz Lobianco e Júlia Rabello. “Eu nunca, por mais que tenha feito personagens cômicos, tinha tido uma experiência tão ampla como essa, ou seja, de contracenar com atores mais voltados para a veia cômica. Para mim, eles são pós-graduados no humor, de tão talentosos”, comemora.
Na entrevista a seguir, Giovanna fala sobre televisão, cinema e internet, relembrando a polêmica que causou nas redes sociais ao ser “acusada” de editar uma foto dela de biquíni. Nem isso tirou o humor da atriz, que garante não ter mexido na foto. “Mas e se tivesse? Não seria uma opção minha, na minha rede social?” Fim de papo!
Depois do sucesso de Rochelle, em Segundo sol, quando você volta à tevê?
Rochelle foi muito marcante na minha carreira. Com ela aprendi mais sobre a síndrome de Guillain-Barré, que é algo devastador, mas também pude compreender mais sobre as fragilidades da vida humana e o quanto devemos aproveitar cada momento. Valorizo ainda mais minha família depois dela. Atualmente estou muito focada no cinema. Estive em cartaz com o filme Eu sou mais eu e logo mais estrearei o longa Incompatível. Ainda, no Globoplay, estarei na série Shippados.
No filme Eu sou mais eu, sua personagem é uma vilã, assim como a Rochelle era. Fazer malvadas já é uma especialidade? É realmente mais gostoso do que fazer mocinhas?
Para um ator o que mais importa é contar uma boa história, ter um personagem bacana e, claro, emocionar e entreter o público. Mas, com certeza, fazer vilãs tem um gostinho a mais, porque é uma entrega diferente, já que geralmente são personagens que acabam tendo que fazer o que, na vida real, eu jamais faria, e até acho que por conta desse ar de “mistério” que fica em torno das atitudes dos vilões é que faz, de certa forma, com que o público se envolva. As pessoas gostam de ser surpreendidas, e papéis onde se pode ser mau geram curiosidade, entre outras sensações que despertam em quem assiste, mas como atriz me sinto realizada por estar trabalhando. Isso é realmente gostoso.
No filme, que é uma comédia, há uma mensagem séria por trás, sobre a competição entre mulheres. Acha que a comédia pode ser um bom veículo para se atingir um assunto como esse?
Acho que a arte em si é um espelho da sociedade e traz muitos aprendizados e debates, independente do gênero. Mas no mundo de hoje, com tantas questões sociais urgentes, acho que a comédia é um gênero que tem a capacidade de tratar de situações delicadas de uma forma leve, sem perder a relevância. Além disso, esse lado cômico tenho descoberto cada vez mais, e estou bem feliz por essas experiências.
Você também estará em Incompatível. O que pode adiantar desse projeto?
Eu interpreto a Thaís, noiva do Fábio, que quem faz é o Gabriel Louchard. Ela tem uma crise que no início ninguém entende o porquê e desiste do casamento dois dias antes de subir ao altar. O Fábio, então, fica maluco porque está tudo pronto, casamento feito. Ele é apaixonado demais por ela, mas Thais, simplesmente, resolve viajar. Ele começa a investigar o que fez ela mudar de ideia. Nessa busca, ele conhece a Patrícia, que é a personagem da Nathalia Dill, que é uma blogueira e youtuber. Na verdade, diria que é uma especialista em relacionamentos, que fica dando dicas sobre envolvimentos amorosos e faz até testes de compatibilidade. E foi essa blogueira que fez a Thais desistir do casamento. Aí começa a se desenrolar o filme da relação entre o Fábio e a Patrícia. É uma comédia muito legal, estou ansiosa para o resultado.
Outro projeto seu é Shippados. Como será esse seriado?
Essa primeira temporada tem 12 episódios. É uma série muito bacana, da Fernanda Young com o Alexandre Machado, que são os autores de Os normais, que eu amava! Era minha série preferida quando pequena. Em Shippados tem Tatá Werneck, Eduardo Sterblich, Luiz Lobianco, Julia Rabelo, a galera do humor em peso. Eu nunca, por mais que tenha feito personagens cômicos, tinha tido uma experiência tão ampla como essa, ou seja, de contracenar com atores mais voltados para a veia cômica. Para mim, eles são pós-graduados no humor, de tão talentosos (risos). Foi um grande aprendizado, porque também tenho descoberto, em mim, o desejo de atuar mais nesse gênero.
Shippados é uma produção para a plataforma Globo Play. Por não ser voltado inicialmente para a tevê, há um cuidado a mais, seja da produção, seja dos próprios atores?
Acredito que toda produção, independentemente do formato, requer uma grande atenção em todo processo, porque é o cuidado que sempre gera bons resultados. Nós, atores, pensamos sempre em como interpretar de forma única um personagem, seja na tevê, no cinema ou em quaisquer plataformas. O que importa é que o trabalho passe a mensagem desejada, e para isso atores e direção devem estar na mesma sintonia.
Shippados e Eu sou mais eu são comédias. Teme ser estigmatizada como uma atriz de comédias?
Não. Se você busca sempre estudar e se aprimorar na arte da interpretação, acredito que isso será visto e, consequentemente, uma diversidade de papéis surgirão. E acredito muito no poder da versatilidade, pois o ator tem essa capacidade, e pode buscar aprimorá-la.
Em janeiro, uma foto sua de biquíni numa rede social sua acabou gerando polêmica com alguns seguidores, que a acusaram de ter manipulado a foto. Como vê esse tipo de “patrulha” que pode acontecer na internet? Ficou chateada com o episódio?
Não, porque eu realmente não tinha mexido na foto. Mas e se tivesse? Não seria uma opção minha, na minha rede social? A internet é algo grandioso, e exatamente por isso tem dois lados. Já pensou quantas pessoas, todos os dias, se sentem mais “fortes” e “corajosas” atrás de uma tela e por isso fazem ofensas? Isso é um lado terrível da tecnologia. Já em outro ponto, vejo como é bom termos essa proximidade com as coisas e, claro, muitas facilidades por meio de um clique.
Isso acaba expondo a ditadura pelo corpo que vivemos hoje em dia, não?
Costumo dizer que se fizermos algo as pessoas irão falar, e que se não fizermos, também, irão falar. Então procuro filtrar tudo que recebo, desde uma crítica até um elogio. Claro que não podemos deixar de falar que vivemos, de alguma forma, uma “pressão” pelo corpo ideal. Mas o que é o corpo ideal se não aquele que te deixa feliz? Esses discursos opressores estão sendo, há um tempo, desconstruídos. E é nesse caminho que devemos seguir. E o caminho ainda é longo.
O corpo acaba sendo um instrumento de trabalho seu, como atriz. Como cuida dele?
Eu gosto muito de malhar e hoje em dia se fico uma semana sem ir à academia, sinto falta. Outra coisa que adoro é muay Thay e circuitos aeróbicos.
Você dublou um personagem de WiFi Ralph. Como foi essa experiência? É muito difícil para uma atriz dublar?
Dublar um filme sempre foi um grande sonho. A voz do ator também é um instrumento de trabalho, e, acredito que por isso existem tantos atores dubladores. A maior dificuldade para mim foi encaixar minha voz exatamente na abertura de boca do personagem, e, claro, “casar” com a voz da dublagem original (Gal Gadot). Mas tínhamos um diretor de dublagem no set, o que fez toda diferença pois ele dava vários toques e entonações especiais. Amei a experiência, dublaria mais mil filmes! (risos)
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