Ficção científica da Netflix, filme O céu da meia-noite aborda os sentimentos humanos em meio a uma Terra pós-apocalíptica. O lançamento na plataforma é em 23 de dezembro, mas longa já está em cartaz nos cinemas
“Com a raiva, o ódio e tudo que estamos vendo não só nos Estados Unidos, mas no mundo, com o negacionismo da ciência, não é impensável que a gente estrague tudo”. A frase dita por George Clooney na coletiva de imprensa do filme O céu da meia-noite da Netflix destaca que mesmo uma ficção científica que imagina uma versão da Terra destruída por uma catástrofe que dizima parte da população mundial pode estar cada vez mais próxima da realidade, levando em consideração a forma como a sociedade trata o meio ambiente e as questões científicas.
Em O céu da meia-noite, filme que estreia na plataforma em 23 de dezembro após passar por algumas salas de cinema, George Clooney (diretor e produtor do longa-metragem) é Augustine, um cientista que está no Ártico depois um incidente no planeta. Lutando contra uma doença terminal, ele tenta avisar a tripulação de uma nave espacial que está voltando à Terra depois de uma missão de que é melhor nem retornar.
No filme, o espectador acompanha duas narrativas que se passam três semanas depois do incidente, que não tem os detalhes revelados. A primeira é ambientada na Terra com Augustine solitário tendo que lidar, no que seria a proximidade do fim, com os erros cometidos ao longo da vida. Essa vontade de contato com o mundo externo é, inclusive, vista como uma forma de se redimir. O que ganha mais força quando ele se depara com a presença da pequena e misteriosa Iris (Caoillin Springall), personagem que passa a estar sempre com ele.
Mais relacionável na pandemia
A solidão de Augustine é vista por Clooney como outro ponto de proximidade da história com a realidade. Mesmo que tenha sido uma obra pensada antes de pandemia (ela é a adaptação do livro de Lily Brooks-Dalton de 2016), ela dialoga com o momento atual, em que muitos viveram o isolamento social ou continuam em quarentena, com restrições ao contato com outras pessoas, por causa da covid-19. “A ideia era levantar essa conversa sobre o que somos capazes de fazer quando estamos só. Veio essa pandemia e o nosso desespero de estar em casa, de estar longe de quem se ama, e de como tudo isso é difícil”, comenta.
Já do outro núcleo narrativo de O céu da meia-noite está no espaço. A história traz o cotidiano de cinco astronautas que descobrem uma lua possível de ser habitada por humanos. Dentro da nave, Sully (Felicity Jones), Gordon (David Oyelowo), Maya (Tiffany Boone), Sanchez (Demián Bichir) e Mitchel (Kyle Chandler) só querem retornar para casa e levar essa boa notícia à Terra. O que eles não sabem é que não há mais humanos para essa nova colônia. Esse desejo de voltar para casa ainda perpassa por alguns contratempos, que mudam os rumos da espaçonave.
“O que eu amo sobre o filme é como ele traz questionamentos essenciais. Por que estamos aqui? O que realmente vale a pena? Isso é interessante porque são perguntas que estamos nos fazendo agora. Foi extraordinário como o filme passou de um mero entretenimento para quase algo documental”, comenta Felicity Jones também durante a coletiva de imprensa.
O livro que inspirou O céu da meia-noite
A obra que inspirou o filme é Good morning, midnight da norte-americana Lily Brooks-Dalton. O livro foi lançado originalmente nos Estados Unidos em 2016. Porém, só chegará ao Brasil no primeiro semestre de 2021 sob o mesmo título da adaptação cinematográfica da Netflix, O céu da meia-noite. Os direitos da publicação foram adquiridos pela editora Morro Branco.