Aquecimento para o Emmy: Com show de Antonio Banderas, Genius: Picasso passa longe de ser genial

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Série Genius: Picasso, do Nat Geo, não engrena, mas tem Antonio Banderas em grande forma. Leia a crítica!

Antonio Banderas é o grande nome por trás de Genius: Picasso, série do Nat Geo indicada aos Emmys de melhor minissérie e melhor ator (para Banderas, claro). Nesta sexta-feira é essa a produção que o Próximo Capítulo escolheu para o aquecimento do Emmy.

Em 10 capítulos, o drama acompanha a vida de Pablo Picasso, desde o nascimento dele, num parto tão complicado que o pequeno Pablo chegou a ser dado como morto. O roteiro não tem nada de linear: vai e volta no tempo numa viagem desconexa que, às vezes, pode fazer o espectador menos atento se perder.

Genius: Picasso, como o nome nos deixa prever, é focado na genialidade do artista plástico espanhol. Mas o roteiro parece confundir genialidade com egolatria e renega outros personagens a coadjuvantes de luxo. Isso dá espaço para que Antonio Banderas e o jovem Alex Rich brilhem nas diferentes idades do espanhol. O veterano ator chama para si as atenções. Rich demora a engrenar, mas antes da metade de Genius, domina o personagem.

Sobra um ou outro espaço para curiosidades sobre a vida de Picasso ー e Genius cresce quando resolve mostrar o homem que havia por trás do mito. O rapaz que sabia o que queria, mas tinha medo de enfrentar o feroz mercado; o sofrimento pela morte da irmã pela qual ele se culpa mesmo sem ter tido como fazer nada a respeito; os muitos relacionamentos e poucos amores ー tudo isso está lá e se destaca quando ganha espaço na tela.

Elementos técnicos dão vida a Genius: Picasso

Alex Rich se destaca como Picasso na juventude

Picasso era, acima de tudo, um esteta. Por isso, fazer uma minissérie sobre ele exigia um apuro técnico grande. E isso a atração tem de sobra. A começar pela abertura, linda, impactante, com uma música que só engrandece a vinheta. Pena que não tem Emmy para essa categoria!

A fotografia e a trilha sonora também são impecáveis. É bonito de ver as cores mudando de acordo com as estações, com os cenários ou com as fases e muitos humores de Picasso. Tudo muito forte ー quando a tela é vermelha, ela parece sangue, intenso como era o personagem retratado.

Mas uma escolha técnica me incomoda bastante. Picasso era espanhol, a série se passa entre a Espanha e a França e todos os atores falam inglês. Pode parecer implicância, mas me lembra os indianos de Glória Perez falando português e ligando para o Brasil sem levar o fuso horário em conta.

Picasso é a segunda temporada de Genius ー a primeira teve Geoffrey Rush perfeito como Albert Einstein. A terceira terá Elle Fanning como Mary Shelley. Promete!

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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