Gabriela Moreyra tem trabalhos entre os mais vistos do planeta

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Atriz de Luz e Olhar Indiscreto, na Netflix, celebra seus 20 anos de carreira com produções no topo das mais assistidas no streaming pelo mundo

Patrick Selvatti

Primeira série infanto-juvenil produzida pela Netflix, Luz conquistou o 1º lugar pelo mundo em menos de uma semana de estreia. No elenco da produção, está Gabriela Moreyra, atriz de 36 anos que celebra 20 anos de uma carreira marcada por trabalhos de vanguarda. A carioca foi a primeira protagonista negra da Record ao estrelar a novela Escrava mãe, em 2016 — também exibida pela gigante global do streaming. Além disso, esteve no elenco principal da série Olhar indiscreto, que também ficou entre as mais vistas do mundo na plataforma , em 2023. “Acho, às vezes, que minha ficha ainda não caiu… Mas, ao mesmo tempo, parece uma espécie de consolidação e comemoração pelos meus 20 anos de carreira”, afirmou ao Próximo Capítulo.

Em Luz, que fala sobre cultura indígena e liderança feminina, Gabriela Moreyra dá vida à personagem Dora. “Uma série com um alcance global tão importante, com esse recorte, é uma reparação histórica!”, avaliou a atriz, que participou dos folhetins Segundo sol (2017), Bom sucesso (2019) e Salve-se quem puder (2020), na Globo. Também com formação em dança, ela estrelou o longa Para além da memória, em Portugal, e o filme infanto-juvenil Os aventureiros, ao lado de Luccas Neto, que está disponível na Netflix.

Em breve, a atriz poderá ser vista no longa A educação da avó ( L’Educazione de la Nonna) todo feito em italiano e rodado entre Niterói, no Brasil, e Calábria, na Itália. “Foi desafiador atuar em outra língua, achei que não estava preparada, mas não podia deixar essa oportunidade escapar”, observou.

Gabriela Moreyra, atriz | Sergio Baia

ENTREVISTA | Gabriela Moreyra

Primeiro, Olhar indiscreto; agora, Luz. Como é para você estar no elenco principal de duas séries brasileiras que conquistaram o mundo todo?

Me sinto honrada e me sinto privilegiada num país onde viver da arte é tão difícil e poder estar de alguma forma representando o Brasil… eu espero dar orgulho ao meu povo. Também acho, às vezes, que minha ficha ainda não caiu…(risos) Mas, ao mesmo tempo, parece uma espécie de consolidação e comemoração pelos meus 20 anos de carreira.

A temática principal de Luz é a cultura indígena. Qual a importância de se apresentar mundialmente essa parte importante do nosso país?

Uma série com um alcance global tão importante, com esse recorte, é uma reparação histórica! São nossos ancestrais, são nossos povos originários. O Brasil por muitos anos foi conhecido pelo futebol e pelo samba, que são paixões nacionais, mas temos além, temos mais, e está na hora de mostrarmos isso.

Como foi atuar em uma produção infantojuvenil?

Foi muito gostoso! Apesar de apresentarmos temas e situações sérias, foi tudo abordado com muita leveza, e isso também foi sentido durante o processo como um todo. Alguns meses antes eu tinha feito a personagem Guerreira Catarina no filme do Luccas Neto, então já tinha sentido o carinho do público infantil de certa forma, mas, dessa vez, foi diferente. Trabalhei diretamente com as crianças no set – inclusive, quero parabenizar a todas elas pelo profissionalismo aos responsáveis por embarcarem nessa aventura e claro a equipe e a preparadora Isabela Garcia.

Luz também fala do empoderamento feminino, assim como em Olhar indiscreto houve abordagem sobre violência contra a mulher. Como essa filosofia se reflete na sua vida pessoal?

Sinto que estou contribuindo socialmente, em forma de protesto, e, ao mesmo tempo, de espelho social. Uma coisa interessante da minha profissão é que ela me permite estudar para essas personagens e isso obviamente influencia na minha vida, me faz evoluir e refletir junto com elas. Às vezes parece que a cada trabalho passaram-se anos de vivência. É tudo muito intenso e profundo. É uma loucura, mas eu amo e sem ela eu não vivo.

Olhar indiscreto é uma produção com forte teor erótico. Isso foi um problema para você?

Confesso que, inicialmente, senti muito frio na barriga quando li as cenas que eu deveria atuar. Eram intensas e tinha também a nudez, mas tivemos todo um suporte com a equipe e preparação, inclusive com nossa diretora de intimidade e nossa diretora Luciana de Oliveira. Tínhamos mulheres na direção! O prisma das cenas íntimas teriam um outro viés. Então, na hora das cenas delicadas de intimidade me senti protegida e segura. Não foi simples nem fácil, mas tudo fluiu e deu certo.

Como surgiu e como foi atuar em uma produção ítalo-brasileira?

Quando tive a oportunidade, numa das viagens à Itália, fui à escola cinco vezes por semana e fui evoluindo e evoluindo. Agora, completo três anos de estudos e leituras praticamente diárias. O universo se encarregou de fazer o encontro entre criador e criatura e assim foi. Foi desafiador atuar em outra língua, achei que não estava preparada, mas não podia deixar essa oportunidade escapar. Então, intensifiquei os estudos juntamente ao roteiro, tomei coragem e fui! Foi diferente pois são culturas diferentes, mas o audiovisual possui uma linguagem universal e tive uma equipe muito carinhosa por perto, o que ajudou no percurso. No início das gravações estava super travada (risos), mas correu tudo bem. Agora é esperar o resultado nas telonas!

Você teve a oportunidade de interpretar uma protagonista negra na tevê, em um papel de escrava. Hoje, essa inclusão tem sido mais diversa, com personagens pretos ocupando outros espaços. Como enxerga esse movimento atual?

Sinto que o audiovisual no mundo acordou. Mesmo sabendo que a estrada é longa e ainda os passos complicados e cheios de preconceito, mas precisa caminhar com uma certa velocidade pois nas ruas o preconceito ainda é latente. E enquanto todos nós como sociedade não repensarmos nossos atos diários, ainda teremos muitas vítimas desses. É um movimento que está acontecendo, mas o tempo urge, e vidas pretas não podem mais esperar.

Patrick Selvatti

Sabe noveleiro de carteirinha? A paixão começou ainda na infância, quando chorou na morte de Tancredo Neves porque a cobertura comeu um capítulo de A gata comeu. Fã de Gilberto Braga, ama Quatro por quatro e assiste até as que não gosta, só para comentar.

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