A primeira temporada de Fora do armário contará com 10 episódios e estreia em 5 de abril, às 21h. Leia entrevista com os diretores da série!
A série documental Fora do armário é a aposta da HBO para debater temas ligados às questões de gênero e de sexualidade. Ao longo de 10 episódios, a produção apresentará histórias reais que envolvem assuntos como transexualidade, aceitação da orientação sexual e religião. “A nossa vontade era mostrar algo diferente do que geralmente é mostrado, com esse approach familiar que é muito importante. Essa abordagem da série aproximou muito os personagens, que se abriram muito e trouxeram muito amor ao set, muito respeito. São vozes que precisam ser ouvidas”, analisa Tatiana Issa, uma das diretoras do projeto ao lado de Guto Barra.
Cada episódio é composto de uma hora de duração e acompanha a história de um personagem real. Inclusive, duas pessoas famosas fazem parte da temporada. O deputado Jean Wyllys, um dos poucos assumidos no Congresso, e o transexual Thammy Gretchen. “Tivemos uma surpresa negativa sobre o episódio em que queríamos falar sobre pessoas públicas saindo do armário. Tivemos uma recusa muito grande. As pessoas não se sentiam confortáveis para se estender nesse assunto. Achamos isso muito estranho. No Brasil, não se fala sobre isso abertamente, então conseguir falar com o Jean foi ótimo, porque ele é uma pessoa pública e dentro da política. Realmente foi um processo muito forte e que envolveu toda a família”, lembra Guto Barra.
As demais narrativas são de pessoas desconhecidas, mas que queriam compartilhar os medos, os desafios e também as superações. “Queríamos dar visibilidade para certas coisas específicas. Por exemplo, sou de Curitiba e me surpreendeu muito a história de uma diretora transexual de uma escola pública. Pouca gente pode imaginar isso. Queríamos mostrar essas histórias de maneira bonita, delicada e bacana, que pudessem ter um impacto positivo”, defende o diretor.
Sobre uma segunda temporada, ainda não há nada confirmado, mas os diretores se animaram com a possibilidade. “É um sonho, a gente adoraria, até porque tem muitas histórias para serem contadas. Não falamos nessa temporada de crossdressing. Tudo depende da HBO”, afirma Tatiana. O diretor de Produções Originais da HBO Latin America para o Brasil, Eduardo Zaca, também falou: “Estamos focados em promover essa temporada. São histórias fortes e emocionantes e estamos orgulhosos da série”.
Saiba mais sobre os episódios de Fora do armário
Episódio 1: A nova geração — Três jovens transgêneros contam histórias de determinação e compartilham as experiências vividas com a família sobre a realidade da transição de gênero. Enquanto Raphaela conta com o apoio da família, Caio e Kaito descrevem as angústias e os desafios enfrentados com a negação dos pais, levando um deles a se mudar de Manaus para poder ter liberdade em Curitiba.
Episódio 2: Filhos — A saída do armário resultou em mudanças drásticas nas famílias deste episódio. Ao se divorciar e assumir ser lésbica, Suzy conta o dramático e delicado período em que perdeu a guarda das três filhas. Após assumir a homossexualidade para a esposa, Genilson teve que criar sozinho os três filhos pequenos sem apoio algum e com grandes dificuldades financeiras.
Episódio 3: Fé — É possível ter fé e aceitar a orientação sexual ao mesmo tempo. Em Belém, o jovem coroinha Bruno é católico devoto e está sempre muito envolvido nos eventos comunitários e religiosos de duas paróquias locais, mas sem deixar de lado os amigos gays. No Rio de Janeiro, o pastor evangélico Marcos fez até exorcismos em homossexuais quando ainda não aceitava a sexualidade. Hoje, comanda uma igreja inclusiva, é casado com outro pastor e tem três filhos adotivos.
Episódio 4: Em família — Em duas famílias em que mais de um filho assume a homossexualidade, os pais revelam as dificuldades na aceitação e o caminho que os levou a conseguir compreender essa realidade. Em Salvador, após duas tentativas de suicídio ao saber que a filha é lésbica e o filho é gay, a superação do preconceito levou Inês para o lado ativista da causa LGBTT na Bahia. No Rio de Janeiro, uma mãe de quatro filhos – entre eles, dois gays e uma lésbica – busca entender o que houve de “errado” em sua casa.
Episódio 5: Drag queens — Três mães encaram a realidade dos filhos que amam a arte drag queen e lutam contra o preconceito para entender melhor como funciona esse universo. Em um dos casos, apesar de Antonio possuir uma carreira de sucesso como Divina Núbia, ele ainda tem dificuldades em discutir questões sobre sua homossexualidade com a mãe.
Episódio 6: Em público — Duas personalidades famosas lidam com a “saída do armário” em público. Na Bahia, o deputado federal Jean Wyllys conta como utilizou a fama a favor da comunidade LGBTT e comenta a difícil trajetória de aceitação familiar. Em São Paulo, o ator e cantor Thammy Miranda fala sobre as dificuldades enfrentadas na adequação de gênero, o preconceito no âmbito familiar e a superação de barreiras que possibilitou seu trabalho na mídia.
Episódio 7: Pais e mães — Como saber qual é a hora certa de assumir a orientação sexual para os filhos? No interior da Paraíba, Fernando, que é bissexual, fala abertamente sobre sexualidade com os dois filhos. Já Mariana, que vive em Curitiba, argumenta sobre a decisão de ter esperado o filho chegar aos 15 anos para lidar abertamente com a própria homossexualidade.
Episódio 8: Maturidade — Como é a experiência de envelhecer sendo um transgênero? Entre os três casos da “melhor idade”, João, de 66 anos relembra a história como homem trans e fala sobre os desafios de associar a necessidade de tomar hormônios por toda a vida com o ciclo natural do envelhecimento.
Episódio 9: Pais e filhos — Não são só os filhos que podem ter conflitos para assumir a orientação sexual. Entre os três casos deste episódio em que os pais também “saíram do armário”, Bruno conta a história de uma infância e adolescência de muita repressão familiar (inclusive da mãe, Georgina), porque era afeminado. Quando finalmente disse para a mãe que era gay, ela confessou que estava escondendo um relacionamento com uma mulher.
Episódio 10: Mentores — Três educadores contam como conquistaram os espaços profissionais e como lidam com o preconceito dentro e fora das escolas. Em um dos casos, no Paraná, Laysa superou a transfobia e seguiu a carreira de professora até conseguir o cargo de diretora, sendo eleita por alunos, pais e professores.