Filme estrelado por Danielle MacDonald e Jennifer Aniston, Dumplin é uma Sessão da tarde engajada. Leia a crítica!
Uma Sessão da tarde engajada, com a cara dos tempos que vivemos. Esse é Dumplin, filme que a Netflix estreou semana passada, inspirada no livro homônimo de Julie Murphy. A obra literária ganhou roteiro de Kristin Hahn e a direção ficou a cargo de Anne Fletcher.
Logo de cara, o que chama a atenção em Dumplin é a presença de Jennifer Aniston no elenco. Aposto que toda uma geração, ainda saudosa da Rachel de Friends, clicou no filme ao ver a figura da atriz. Mas não é ela a dona da cena nesta dramédia que tem toques de A pequena Miss Sunshine, de Verão 90 e até mesmo de Malhação, tirando o que há de bom dessas produções.
A estrela aqui é a atriz Danielle MacDonald (de Birdbox, Skin e Lady Bird: A hora de voar, entre outros). A talentosa australiana dá vida à jovem Willowdean, estudante de Clover (Texas) e filha da ex-miss Rosie Dickson (Jennifer Aniston, que não deixou para trás os trejeitos de Rachel e acaba se repetindo). A estudante está acima do peso, o que a separa da mãe, que vive jogando na cara dela o maldoso apelido “dumplin” ー algo como o nosso “fofinha”, pesadelo de nove entre 10 jovens gordos. A cobrança para que Willowdean seja igual à mãe, que continua magra e linda e é tratada como uma celebridade em Clover, faz com que a menina seja alvo de constante bullying na escola onde ela estuda. É a presença de Danielle que supera o batido e frágil roteiro de Dumplin.
Willowdean encontra abrigo na tia, Lucy (Hilliary Begley), e na melhor amiga Ellen (Odeya Rush), mas quando o filme realmente começa, Lucy está morta há seis meses. Em busca de aceitação e de autoconhecimento, Willowdean se inscreve no mesmo concurso de beleza que consagrou a mãe, para desespero de Ellen, que não quer que a amiga sofra, e de Rosie, que morre de vergonha do que pode acontecer nas provas de talento, moda e no desfile. Renegada a guetos, a menina encontra abrigo na lésbica Hannah (Bex Taylor-Klaus) e em Millie (Maddie Baillio), também acima do peso. As três acabam participando do concurso “não para ganhar, mas como um protesto”.
No meio de tanta confusão, ainda há a descoberta do amor. Willowdean, que naturalmente não se acha digna do sentimento, se apaixona pelo bonitão Bo (Luke Benward), colega dela na lanchonete Harpy’s, onde ele trabalha como chapeiro e ela, como garçonete, a mais simpática e querida do local ー estereótipo como gordos costumam ser retratados em filmes e séries. Incentivada por Ellen, ela se declara a Bo mesmo dizendo que “meninos como Bo não namoram meninas como eu”. E o que acontece vale a pena ver.
Visto assim Dumplin parece ser bobinho. Não vamos dizer que é o filme mais profundo do mundo. Mas levanta questões importantes, como a gordofobia, tema em voga atualmente. A autoestima de Willowdean precisa ser elevada e a menina só consegue se atentar para isso quando percebe que o principal obstáculo a ser vencido é ela mesma. É só quando ela olhar para si própria com a grandeza com que merecem todos é que ela poderá deslanchar. A mensagem está passada da forma mais leve possível. Dumplin diverte e leva à reflexão: até quando a sociedade continuará excluindo jovens que não se encaixam em padrões estéticos pré-estabelecidos. Até quando o grito deles continuará a ser abafado?