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Fernanda Marques estreia com o pé direito como Cecília em Um lugar ao sol

Publicado em Novela

Fernanda Marques se destaca na primeira novela da carreira, Um lugar ao sol, ficando no centro de uma briga familiar

Quando Um lugar ao sol estreou, as atenções estavam todas voltadas para a trama de Christian (Cauã Reymond), que assume a identidade do irmão gêmeo, Renato, quando ele é assassinado. Mas a autora Lícia Manzo guardava uma carta na manga e a lançou nas primeiras semanas: o núcleo de Rebeca (Andréa Beltrão), ex-modelo em plena crise por causa dos 50 anos. É na pele da filha dela, Cecília, que Fernanda Marques chama a atenção a cada cena que aparece. Mãe e filha vivem às turras, especialmente agora que Cecília descobriu um beijo entre Rebeca e Felipe (Gabriel Leone), o namorado da melhor amiga, Bella (Bruna Martins).

Para Fernanda, porém, esse embate entre as duas não é recente. “Vem da ausência que Cecília sentiu da mãe durante a infância. Rebeca sempre estava ocupada por causa do trabalho e, por isso, Cecília cresceu sem a mãe por perto, criando uma distância entre elas. Por mais que a Rebeca tente se aproximar agora da filha, Cecília não consegue manter uma relação como se nada tivesse acontecido, assim como a Rebeca também prefere não tocar no passado. Isso acaba fazendo com que a relação delas fique ainda mais estremecida”, comenta a atriz, em entrevista ao Correio.

Apesar de soarem machistas os argumentos para que Cecília fique magoada com a mãe, como a diferença de idade entre Rebeca e Felipe, Fernanda destaca que “o que mais a fere na situação é o fato de a mãe se relacionar com o namorado da Bella, com quem tem uma relação quase de irmã. Cecília sente como se fosse mais uma facada no coração, pois ela vai ter que lidar com a Bella depois. Por mais que a Cecília propague a liberdade feminina, acredito que, pela pouca idade, ela ainda tenha certos preconceitos enraizados.”

O que também pode soar como provocação é o ingresso de Cecília na carreira de modelo, o que aumenta a rivalidade e as comparações entre as duas. O curioso é que a jovem não gosta do mundo da moda. “Cecília odeia o universo da moda, mas não tem a intenção de confrontar Rebeca, inclusive só vai a fundo pelo incentivo da mãe. Ela apenas enxerga na carreira de modelo uma possibilidade de conseguir dinheiro para conquistar a independência e se mudar de casa, para não precisar conviver mais com a mãe e o padrasto, com quem ela tem uma péssima relação”, contrapõe Fernanda.

Logo na estreia, Fernanda tem uma joia nas mãos. Uma personagem rica, com várias nuances e tramas delicadas, como o estupro de que foi vítima numa festa. Estreante com ar de veterana, a atriz vem se destacando e fazendo bonito.

Três perguntas // Fernanda Marques

Foto: Fábio Rocha/ TV Globo Fernanda Marques

Cecília é mais nova que você. Já ter passado pela fase em que ela está te ajudou na composição?
De certa forma, sim. Mas somos muito diferentes. Minha relação com a minha mãe é bem diferente da relação que a Cecília tem com a mãe dela. Somos muito parceiras, existe muito respeito e admiração. Mas, como Cecília, eu também tive problemas em relação à aceitação com o meu corpo comigo mesma.

Os conflitos da obra de Lícia Manzo giram em torno da família. Como é a sua relação com a família?
Tenho uma relação incrível e de muito amor com a minha família. Venho de origem humilde. Meus pais vieram do sertão, passaram algumas dificuldades e eu nasci na periferia de São Paulo. Ver a mudança de vida que tivemos, as oportunidades que surgiram e o crescimento da minha família me dá muito orgulho e força para seguir em frente. Acredito que nossos laços se fortaleceram ainda mais pela história e parceria de vida. Além disso, um dos sonhos da minha mãe na juventude era se tornar atriz e, hoje, poder atuar e ver que eles podem acompanhar meu trabalho pela televisão é uma conquista compartilhada com todos da minha família. Nós vibramos juntos.

Além de atriz, você estudou arquitetura. Como uma profissão pode ajudar a outra?
As artes sempre fizeram parte da minha vida desde criança. Sempre tive facilidade em desenhar e criar. Por isso, escolhi na época arquitetura como uma segunda carreira. Mas na construção de uma personagem, misturo todos os tipos de arte como música, escrita, poesia e até desenho ou interesses artísticos em algo específico. Dependendo da personalidade delas, eu costumo criar um caderno composto de tudo um pouco, uma espécie de diário para cada uma. Eu não pretendo terminar arquitetura, mas tenho admiração pela profissão e tudo que ela engloba. Atualmente, estou para terminar a faculdade de Artes cênicas, falta um semestre.