Magia, efeitos especiais, elenco teen e Netflix. A receita é exatamente a base de Fate: a saga Winx. A produção do streaming já garantiu o segundo ano, e agora, com calma, é hora de analisar um pouco como foi a breve (com apenas seis episódios) primeira temporada da série.
Não é segredo para ninguém: a produção é uma adaptação da animação Winx club (O clube das Winx), criada pelo italiano Iginio Straffi — que ainda atua como produtor-executivo da história recontada pela Netflix. O enredo base das duas se assemelha: o cotidiano e as aventuras vividas por um grupo de fadas. Mas, se na produção feita para a criançada, o clima é mais leve e colorido, na série da Netflix o tom é mais sombrio e adolescente.
Cuidado, spoiler a seguir:
Os primeiros passos de Fate: a saga Winx acompanham a chegada de Bloom (Abigail Cowen), uma fada do fogo, no colégio Alfea, especializado em ensinar jovens fadas a usar poderes, assim como educam garotos a serem os guerreiros do Otherworld (o “outro mundo”), universo em que a história se passa.
Além do crush em Sky (Danny Griffin), Bloom logo faz amizade — o início da relação é meio conturbada — com Aisha (Precious Soverall), a fada da água; Terra (Eliot Salt), a fada da natureza; Stella (Hanna Van Der Westhuysen), a fada da luz e Musa (Elisha Applebaum), a fada da mente. Percebam que a Tecna, a fada da tecnologia nos desenhos, pelo menos neste primeiro ano foi deixada de lado pela Netflix.
Como se entrar em uma nova escola (em um outro mundo) com poderes mágicos não fosse o suficiente, Bloom ainda tem de tentar entender porque os “Queimados” (uma espécie de monstros) têm uma atração especial por ela e como isso está ligado ao seu obscuro passado.
Pesam contra Fate: a saga Winx importantes elementos: a atuação é digna de iniciantes (quem não esboçou um sorriso com a Terra mexendo os dedos para fazer uma planta crescer, não assistiu direito à cena), os diálogos são tão superficiais quanto possível e o desenvolvimento de alguns personagens secundários simplesmente se perdem ao longo dos episódios (especialmente no caso de Aisha, que terminamos sem saber de onde veio e para onde vai). A impressão que fica é de que a história eventualmente tenta “imitar” alguns plots de Harry Potter (como as aulas de magia e batalha final dentro da escola).
Entretanto, nem tudo é ruim. No fim das contas até que fica uma catarse, mesmo que pelo o extremo clichê. Sim, por incrível que pareça, o roteiro sabe usar muito bem o “pior” do clichê de Fate: a saga Winx. As relações românticas são um destaque nesse sentido: é óbvio que Bloom vai ficar com o garoto bonito e popular, mesmo assim é divertido assistir a isso acontecer.
A principal “vilã”, Beatrix (Sadie Soverall) — alguém mais fez a associação do “be a trix” em referência ao trio de vilãs do desenho? — é aquela clássica “menina malvada” que arranca sorrisos com piadinhas debochadas e cruéis (e que ainda funciona muito bem, diga-se de passagem). O “trisal” entre Beatrix, Riven (Freddie Thorp) e Dane (Theo Graham) é outro acerto. Até mesmo as rusgas entre as Winx, que acaba se resolvendo com todas juntas derrotando o mal, não é tão ruim quanto poderia ser.
Em síntese, após pouco menos de seis horas de Fate: a saga Winx, a sensação que fica é de diversão. A produção soube pegar vários elementos clichês e superficiais e usá-los de uma forma mais leve e quase destemida. A série está longe de ser perfeita e pode melhorar no segundo ano.
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