Consumo de todo tipo de droga, reabilitação, alcoolismo, estupro, bullying, violência e sexo. Esses são só alguns dos assuntos que aparecem na estreia de Euphoria, série da HBO protagonizada por Zendaya e dirigida por Sam Levinson, que terá oito episódios na primeira temporada.
A produção começa mostrando a história de Rue, uma menina que nasce três dias depois do 11 de setembro e revela que passou a infância e a adolescência sendo diagnosticada com ansiedade, bipolaridade, transtorno obsessivo compulsivo e outras questões psicológicas. Como forma de fugir desses problemas, Rue, 17 anos, se entrega a tudo que a tire dessas sensações indo de remédios a maconha, cocaína e drogas alucinógenas.
Boa parte da estreia foca na protagonista, que além de ser a personagem principal, é ainda a narradora da série. Por isso é possível entender os sentimentos de Rue e fica claro que, na estreia, não há intenção da menina em sair do mundo das drogas. É o contrário e esse é o primeiro ponto de polêmica. A série tem cenas questionáveis, como a que mostra a personagem ensinando como se safar de um teste de drogas e contando que admite buscar essa sensação de se afastar dos problemas quando usa as drogas.
O primeiro episódio de Euphoria causa desconforto, apesar de ser honesto — sabe-se que tudo que foi exposto realmente acontece no dia a dia dos jovens. Fica visível que a série tem a intenção de chocar ao retratar uma juventude “transviada” por meio da história de Rue, uma menina drogada, e dos outros jovens que a rodeiam e que também são problemáticos.
Há o machista Nate (Jacob Elorbi) e a ex-namorada dele Maddy (Alexa Demmie), com quem vive um relacionamento abusivo psicologicamente falando já que ele está sempre a criticando; o inseguro Chris (Algee Smith), que está apaixonado por Cassie (Sydney Sweeney), julgada pela atitudes sexuais pelos “amigos” com nudes e vídeos sexuais expostos entre os colegas; e Kat (Barbie Herrera), uma menina virgem que busca se autoafirmar. Todos têm seus problemas expostos na estreia.
Mas a personagem mais interessante da produção é Jules (Hunter Schafer), uma menina trans que acaba de se mudar para a cidade e busca se relacionar com homens mais velhos. É assim que ela conhece um personagem que será fundamental na trama e é violentada por ele.
Assim como a primeira temporada da polêmica 13 reasons why, Euphoria passa uma sensação de irresponsabilidade quanto a forma com que os assuntos são abordados. Não há aprofundamento, nem se sabe se terá uma intenção da série em discutir e alertar sobre certos assuntos, já que esse foi apenas o primeiro episódio. A emissora ao menos avisa que a produção pode acionar alguns gatilhos, principalmente para quem sofre com doenças psicológicas ou com o consumo de drogas, como a protagonista, e a classificação indicativa é alta: 18 anos.
Como obra de ficção, a narrativa consegue captar o espectador nos minutos finais por conta de uma reviravolta que deve dar o desenvolvimento da temporada. A escolha visual também é interessante, dando a sensação ao público de estar vivendo a eterna alucinação de Rue.
Fora isso, Euphoria parece em alguns momentos uma trama lenta, além de ser difícil entender para onde ela irá. A série abre a cortina da vida dos jovens da geração atual, mas qual mensagem a produção quer passar com isso? O choque pelo chocar, ou o choque para informar?
Só uma temporada completa dirá. A única certeza é de que Euphoria ainda vai causar muita polêmica antes da resposta chegar.
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