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Ester Dias: “Não podemos mais naturalizar a violência”

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Atriz da segunda temporada de Bom dia, Verônica, Ester Dias fala, em entrevista, sobre violência contra a mulher, machismo e racismo. Confira!

Em cartaz na segunda temporada de Bom dia, Verônica (Netflix) como a delegada Glória, a atriz Ester Dias comemora o fato de poder levar para dentro da casa das pessoas assuntos de suma importância, como a violência contra as mulheres. Na entrevista dada ao Próximo Capítulo, Ester fala sobre a série, sobre machismo e racismo, outros males que temos que combater. Confira!

Entrevista // Ester Dias

Qual a importância de uma série como Bom dia, Verônica, além do entretenimento?
A série tem um grande papel de educar pessoas, denuncia a relação de violência contra mulheres de diversas formas diferentes. Além de alertar mulheres que não percebem que estão sofrendo abuso ou violência, é um alerta para pessoas que presenciam essas violências e têm medo de denunciar. Não podemos mais naturalizar essas violências. E, sim, denunciar.

Acha que com a Glória você pode incentivar mulheres a denunciar abusos e combater a violência contra as mulheres?
Muitas mulheres têm medo de denunciar porque sentem medo do julgamento dos outros e também muitas delas não são acolhidas quando encontram policiais despreparados para cuidar desses assuntos. Ao reconhecer uma delegada preparada para acolher mulheres sobreviventes de abusos, a gente fortalece a esperança de ter pessoas mais preparadas para tratar a situação dessas mulheres com dignidade, respeito e acolhimento. É da população cobrar isso das autoridades.

A Glória demora um pouco a comprar a versão de Verônica, mas elas acabam sendo parceiras. Essa rivalidade, mesmo que algumas vezes velada, entre as mulheres ainda existe?
Não concordo que exista uma rivalidade entre Glória e Verônica. Acredito que antes de virar parceira da Verônica, ela precisa entender se pode confiar nela. Conhecendo o sistema por dentro e sabendo a dificuldade de colocar atrás das grades alguém com o poder do Matias (Reynaldo Gianecchini) ela fica um pouco cética, ainda mais depois das tentativas frustradas e barradas pela burocracia da justiça. Sobre a rivalidade de que tanto se fala entre as mulheres, isso está historicamente enraizada no machismo estrutural que vivemos no país. Nunca foi algo que veio das mulheres, mas de uma visão do patriarcado que lucra com essa rivalidade. Trazer para a série uma mulher para ser parceira da Verônica é justamente uma possibilidade de mostrar que mulheres não só podem, como devem, fortalecer e ajudar umas às outras.

Você participou do documentário The way we move, disponível no YouTube, sobre o racismo. Estamos falando cada vez mais sobre o assunto e em diversas plataformas. A arte pode ser uma aliada na luta pela igualdade social e racial?
A arte é uma grande aliada, pois ela tem o poder de penetrar na vida das pessoas, mostrando outras referências e possibilidades, tirar do lugar naturalizado tantas violências e opressões, incluindo grupos minoritários em espaços de destaque e liderança, ressignificando esses espaços de poder. Nós, como artistas, devemos nos colocar a dispor da luta por uma sociedade mais justa e igual.