Por Pedro Ibarra
As histórias de mistério policial são muito populares nos streamings. Grandes títulos como Big Little Lies, Mare of Easttown e Anatomia de um escândalo fizeram sucesso e foram aclamadas por premiações. No entanto, é muito difícil fugir da dinâmica de um policial e uma família na tentativa de desvendar o mistério, com a possibilidade de uma grande virada no enredo, ou um clássico: “quem matou? Quem morreu?” detetivesco. A nova série da Netflix, Eric, subverte essa proposta.
Criada pela vencedora do Emmy Abi Morgan, a minissérie acompanha as investigações do desaparecimento de Edgar, um menino de 9 anos que sumiu a caminho da escola. Contudo, o foco está em duas frentes, um policial que está em busca de conectar o caso com uma investigação antiga; e o pai, que é o criador de um grande seriado infantil de fantoches e passa por problemas criativos e com bebidas alcoólicas.
No entanto, o pulo do gato está na história do pai, Vincent. Em crise com o trabalho e com as mudanças, ele decide desenhar um personagem proposto pelo filho. Um monstro azul e branco, rabugento e grande chamado Eric. Após uma noite de muita bebida, o criador acorda com o monstro vivo e existindo diante dos próprios olhos.
Este é o enredo da nova minissérie e aposta da Netflix, Eric. Protagonizada por Benedict Cumberbatch e dirigida pela vencedora do Bafta Lucy Forbes, a minissérie tem oito episódios que serão disponibilizados de uma só vez na Netflix a partir de quinta-feira.
O Próximo Capítulo teve acesso aos primeiros episódios da série e teve a percepção de que a proposta é bastante distinta do comum para o gênero. É válido pontuar que nada é tão interessante quanto o grande fantoche que acompanha o protagonista. Eram poucas as formas de fugir do caricato, mas a ideia foi levada tão à sério que nem a estranheza do monstro de aspecto animatrônico gera suspensão de descrença.
Nos primeiros momentos da série, a impressão é de que a forma como encontraram de criar metáforas é um dos pontos fortes. Eric é o principal, mas há jogadas sutis de roteiro que são capazes de significar muito com pouco sendo efetivamente dito em cena. São raras as produções que não subestimam o espectador atualmente. Esta minissérie caminha para ser uma delas.
É quase impossível pensar em monstros e metáforas sem lembrar de Onde vivem os monstros, longa de 2009 dirigido e escrito por Spike Jonze. No filme, um menino se perde após fugir de casa e é adotado por monstros que vivem em uma ilha. Em uma história singela e cheia de significados, o pequeno reaprende o próprio caminho com essas criaturas.
Eric parece desempenhar a função dos monstros de Jonze para Vincent no novo seriado. Se o trajeto for parecido com o do filme, que surge como referência clara, a narrativa vai levar para muito além de um thriller policial. A mistura promete trazer nuances de emoção sem precedentes e a série se torna uma forte candidata ao sucesso na gigante do streaming.
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