Patrick Selvatti
Rodeado de expectativas após o sucesso de Pantanal (2022) — que representou o Brasil no Emmy Internacional deste ano —, o remake de Renascer, outro sucesso de Benedito Ruy Barbosa, exibido originalmente pela Globo, tem data de estreia marcada para 22 de janeiro com a promessa de ser mais um novelão. Em entrevista coletiva nesta terça-feira (12/12), com participação do Próximo Capítulo, o autor da adaptação Bruno Luperi, o diretor artístico, Gustavo Fernandez, e o elenco da primeira fase da história comentaram sobre os trabalhos.
Para Bruno, neto do criador das duas produções originais revisitadas, cada novela é diferente. “É como um filho, não se ama mais nem menos. Mas Renascer é a que mais me toca pessoalmente, porque eu tinha 5 anos e pude acompanhar. Vi meu avô escrever, atores e diretores indo em casa para reunião e depois, vi no ar”, explica o jovem escritor de 35 anos.
Luperi destaca que a pedra fundamental deste trabalho é “a humildade e o reconhecimento do que precede a gente”. “Há muito respeito pelo que o universo preparou e entregou nas nossas mãos. Eu mesmo não sou o dono da história, mas o primeiro servo, o primeiro operário a pegar esse trabalho. Ocupo a função de autor, mas não me descolo do fã”, celebra o responsável pelo texto.
“Essa é a novela da vida de muitas pessoas, temos uma responsabilidade muito grande e bonita de fazer o melhor”, acrescenta Gustavo Fernandez. O diretor artístico, que também assinou Pantanal, lembra que seu primeiro trabalho na Globo foi como assistente de Luiz Fernando Carvalho, que dirigiu a obra original, em 1993.
Ao contrário de Pantanal, este remake terá uma maior liberdade de adaptação. A primeira fase, por exemplo, que originalmente foi condensada em cinco capítulos, agora terá 13. “A versão original teve uma primeira fase maior gravada, mas foi reduzida no ar e algumas cenas cortadas levadas ao ar em flash back. Agora vamos recuperar e inserir novos importantes que são importantes para a atualização”, adianta Luperi.
Uma das novidades da nova versão é a permanência da personagem Jacutinga, a dona do bordel eternizada por Fernanda Montenegro que esteve apenas na primeira fase. Agora sob os cuidados de Juliana Paes, a cafetina vem repaginada e garantida nos dois momentos da trama. Para a atriz de 44 anos, que em Pantanal brilhou como Maria Marruá no início, é um desafio muito grande e feliz. “A Jacutinga é um acontecimento. Ela não pode ser copiada, precisa ser reinventada. Foi isso que o Bruno pensou também quando me entregou essa personagem”, observa.
Para Juliana, que viverá a personagem jovem e madura, Jacutinga é uma outra mulher, de outro tempo, com outro olhar para a vida. “Ela pertence aos dias de hoje e defende a luta de mulheres de nossos tempos. Seu discurso de que a mulher precisa saber a consciência do poder de seu corpo, de seus direitos, é um sinal dos novos tempos”, destaca a atriz, que também guarda com muito afeto a memória da Renascer original. “Tenho um caso de amor com a história. Eu não deixava de assistir por nada. Eu era uma menina de 14 anos e absorvi muitos ensinamentos por meio dessa obra”, relata.
O protagonista José Inocêncio, na juventude, será interpretado por Humberto Carrão, 34. Ele afirma que houve uma preocupação em trocar ideias com Marcos Palmeira, 60, o ator veterano que seguirá com o papel, mas compreenderam que está tudo bem que haja uma estranheza entre os personagens nas duas fases. “Eu mesmo já tenho um Zé Inocêncio do fim da primeira fase diferente do início. Ele sofre uma perda muito grande e é normal que haja essa diferença nesse passar dos anos. A luminosidade e o brilho dele, em alguma medida, são deixados de lado. Marquinhos e eu combinamos poucas coisas na fala, no jeito, para criar uma identidade”, argumenta.
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