Entrevistas movimentam TV aberta com a volta de Bial e debates do Roda viva

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Conversa com Bial voltou à programação da Globo com semana movimentada que teve de Xuxa a Lima Duarte. Roda viva também é opção para quem gosta de um boa entrevista

Com a pandemia do novo coronavírus assolando o Brasil e o mundo, os noticiários estão reinando absolutos na televisão aberta brasileira. Aliás, estavam. A volta do Conversa com o Bial e uma entrevista inspirada com Felipe Neto no Roda viva fizeram com o que os talk shows dividissem a atenção com os jornais. Foram vários os bons momentos do gênero na última semana que prometem se repetir nesta segunda-feira (25/5) quando Pedro Bial recebe o diretor e ator Daniel Filho, um dos criadores de Malu Mulher que já andou mal dizendo Regina Duarte por aí; e Vera Magalhães comanda entrevista com o Celso Lafer, ministro das relações internacionais duas vezes e membro da Academia Brasileira de Letras.

No início da semana, Felipe Neto foi o convidado de Vera para responder às perguntas da bancada do Roda viva. O youtuber falou muito sério sobre assuntos como depressão e incentivo à cultura. Num dos momentos mais comentados, ele se disse arrependido de ter apoiado o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.

Adaptado à nova realidade, o Conversa com Bial vem mais curto e com entrevistas feitas remotamente. A escolha dos convidados foi certeira e, afiado, Bial conseguiu tirar declarações contundentes e surpreendentes deles. Na estreia com Gloria Maria, a jornalista falou sobre assuntos dos quais está acostumada, como racismo e a história dela no telejornalismo brasileiro. Mas foi além: falou pela primeira vez sobre a doença que enfrentou, criticou a postura do presidente Jair Bolsonaro com a imprensa e disse que já teria dado um basta nisso, com muita elegância. Faltou revelar a idade, é verdade. Mas Bial teve a delicadeza de não perguntar.

Momento político foi assunto de Bial

Foto: Raquel Cunha/ Globo. Lima Duarte fez críticas à colega Regina Duarte e lembrou histórias pitorescas

O momento político pelo qual o Brasil passa atualmente não foi esquecido por Bial nas outras entrevistas. O ator Lima Duarte relembrou vários papéis de destaque da carreira, o início da televisão brasileira ー“daquela festa (a inauguração da TV no Brasil) só tem eu vivo” ー, vislumbrou um futuro ruim para o cinema e não fugiu da política. Nem de falar sobre a passagem de Regina Duarte (parceira dele no grande sucesso Roque Santeiro) pelo governo Bolsonaro. “Regina caiu, né?”, reagiu ao rever uma cena em que contracenavam na novela. Bial viu a bola levantada, deixou a teledramaturgia de lado por uns instantes e se estendeu no assunto. “Caiu quando entrou. Me lembra a história de Chapeuzinho Vermelho, que perdida sem o caçador, acaba ao lado do Lobo Mau”, continua o ator.

Exímio contador de histórias, Lima ainda lembrou de quando foi convidado para ser candidato à vice-presidência da República na chapa de Mário Covas, em 1989, sendo levado para a reunião num Opala dirigido por Fernando Henrique Cardoso, de um “jeito blasé de dirigir” que só ele tem. De quebra, Lima nos emocionou ー e também emocionou Bial ー declamando Guimarães Rosa. Luxo só!

A semana, que também teve Anitta e Paulo Gustavo, terminou com Xuxa. A estrela da Record esteve à vontade como em poucas entrevistas recentes e falou sobre tabus, como envelhecimento, fantasia sexual (“teve um cara que me pediu para cantar Quem quer pão na hora h”, “outro pediu para fazer chuquinha no cabelo”) e, corajosamente, sobre a sexualização do Xou da Xuxa. O politicamente incorreto apareceu como uma espécie de autocrítica ー “80% do que eu fazia na época seria considerado politicamente incorreto hoje. Eu teria sido crucificada”, afirma.

Num raro momento de posicionamento político, a eterna Rainha dos Baixinhos diz que a pandemia serviu para que “máscaras caíssem” e para que os brasileiros descobrissem quem é quem. E pediu para que votássemos sem pensar num partido ou no que representa uma pessoa, mas, sim, pensando em nós mesmos. A rainha do fim da noite na televisão brasileira (o Roda viva começa às 22h e o Conversa com Bial, após o Jornal da Globo) vem mesmo sendo a entrevista.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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