Atriz Nathália Serra comemora a virada da personagem Elza de O tempo não para. Em entrevista, ela fala sobre novela, teatro e feminismo. Confira!
Durante sete semestres, Nathália Serra tinha uma certeza na vida: estudar desenho industrial. Mas, de repente, faltando pouco para se formar, veio aquele estalo: a jovem queria ser atriz.
Não foi fácil correr atrás do novo sonho — “foi uma decisão muito difícil. Não só por mim, mas por toda expectativa depositada pela família”, conta ao Próximo Capítulo –, mas o apoio do pai e de outros familiares fizeram Nathália correr atrás do que queria.
Estudiosa, ela foi para Nova York, onde estudou atuação, canto e dança. O resultado logo apareceu nos palcos e nas telas de tevê — a estreia dela na telinha veio como a Clara de Malhação – Pro dia nascer feliz (2016).
Agora, ela pode ser vista em O tempo não para, novela de Mário Teixeira na qual vive Elza. A personagem dá vazão ao lado feminista de Nathália. “Ainda enfrentamos o preconceito em todas as áreas, não só na empresarial, mas acredito que estamos num movimento de quebra desses estigmas, mostrando, dia após dia, a capacidade feminina de liderar”, afirma.
Na entrevista ao Próximo Capítulo, Nathália Serra fala sobre teatro, musical, O tempo não para e vaidade. Confira!
Leia entrevista com Nathália Serra!
A Elza é secretária de uma empresária poderosa. Como é para você estar tão perto de uma personagem feminina bem sucedida e bem resolvida? Ainda faltam papéis assim para as atrizes?
O texto do Mário Teixeira é um arraso, assim como todas as personagens femininas que ele escreveu para essa novela. Todas são fortes e cheias de nuances, desde as protagonistas até as personagens menores! O Emílio (João Baldasserini) tenta fazer a cabeça da Elza, usando argumentos como “é impressionante como as mulheres competem entre si e impedem o crescimento umas das outras…”. Ele se refere à, Carmen (Cristiane Torloni), enquanto seduz e tenta fazer a cabeça dela para que seja cúmplice de seus golpes. Elza chega a cair nesse jogo, mas logo assim que Carmen e Vanda (Lucy Ramos) descobrem que Emílio a usou, juntam-se em um ato de sororidade para derrubar o vilão! Estou amando essa virada da personagem e a possibilidade de fazer parte desse trio que se unindo, usa o poder e inteligência femininos para conquistar o que almejam! É o tão falado girlpower, que, sim, gostaria de ver cada vez mais na nossa dramaturgia, incentivando esse tipo de conduta, à todas as mulheres que possam assistir à novela!
E fora de cena, ainda faltam empresárias que consigam vencer o preconceito?
A história do feminismo é marcada por essa luta, batalhamos pela igualdade de direitos e, mesmo que tenhamos que enfrentar tantos obstáculos que tentam nos deslegitimar, acredito que conquistamos muito, e não desistiremos de buscar o lugar que é nosso por direito! Ainda enfrentamos o preconceito em todas as áreas, não só na empresarial, mas acredito que estamos num movimento de quebra desses estigmas, mostrando, dia após dia, a capacidade feminina de liderar!
E estar ao lado da Christiane Torloni. Dá tempo de aprender com ela ou as gravações são tão corridas que não sobra espaço para uma troca de ideia?
A Cris é extremamente generosa dentro e fora do set, muito disponível. Em cena, é uma águia, de experiência ímpar, e, como acredito que quem faz a aula é o aluno, e não o professor, fico sempre muito atenta, mesmo com o ritmo intenso de gravações porque sei o quanto posso aprender com ela!
Você estreou na tevê como a Clara de Malhação – Pro dia nascer feliz. Qual é a importância da novela teen na carreira dos atores jovens?
A Malhação é um produto de extrema importância na casa, é o lugar onde há espaço para muitas caras novas. Assim como nas outras áreas, precisamos de “experiência” para ter “oportunidade” e “oportunidade” para ter “experiência” e lá é o lugar onde podemos abrir essas portas. Além disso, somos recebidos pela equipe com paciência e disponibilidade para ensinar. Acredito que, assim como em qualquer outra profissão, o ator tem que se preparar e estudar muito para ingressar no mercado, mas só estando em um set, como os dos Estúdios Globo, compreendemos a complexidade dessa engrenagem e a rotina da profissão para atores que querem trabalhar na tevê.
Você aparece com os cabelos diferentes em O tempo não para — parecem mais escuros. Teve problema em trocar de visual?
Pelo contrário! Acho que quanto mais mudanças físicas para viver cada personagem, melhor!
A mudança foi uma escolha sua ou foi um pedido da direção para a personagem?
Foi uma escolha minha, aprovada pela equipe de direção e caracterização.
Você estudou sete períodos de desenho industrial, tendo quase se formado. Não deu um frio na barriga de largar tudo?
Foi uma decisão muito difícil. Não só por mim, mas por toda expectativa depositada pela família. Hoje, só agradeço por ter batido o pé nessa decisão e por ter sido apoiada, principalmente, pelo meu pai, que se responsabilizou pelo investimento na minha carreira, tendo proporcionado esses quatro anos de especialização, morando em Nova York!
Durante sua estada em Nova York você estudou, além de atuação, canto e dança, o que é normal para o ator americano. O ator brasileiro já está valorizando mais essas artes também?
Com a popularização do teatro musical no Brasil, os atores estão se atentando mais para uma especialização multiartística, desenvolvendo habilidades como canto, balé, jazz, sapateado, circo… E acho ótimo! Acredito que o ator tem que ser completo, quanto mais habilidades melhor. Inclusive, para a construção de diversos personagens, para tevê ou cinema.
Você fez vários musicais. É o formato que se sente mais à vontade nos palcos?
Eu me sinto muito à vontade na minha profissão, seja em que formato for. Me realizo muito no trabalho. Mas tenho, sim, um amor especial por musicais, que acho que é quando acesso a minha primeira referência artística, com uns três ou quatro anos de idade, quando assistia a filmes da Disney, que são, em sua maioria, musicais. Essa referência de contar histórias através, também, das músicas me faz relembrar e acessar esse lugar de criança, onde me divirto tanto em cena, que mal sinto a pressão de estar fazendo aquilo profissionalmente!