Ator está de volta à tevê como Zé Bonitinho, em Escolinha do Professor Raimundo. Em entrevista, falou sobre o engajamento com o meio ambiente e a carreira na televisão, no cinema e no teatro
Brasiliense de nascença, mas carioca de vivência. Essa é uma boa forma de definir o ator Mateus Solano, que nasceu em Brasília muito mais por uma coincidência. À época, o pai trabalhava como diplomata, mas ele logo seguiu para o Rio de Janeiro, onde se formou em artes cênicas e deu os primeiros passos na vida artística. Da capital, ele tem poucas lembranças, entre elas, o Planetário.
Longe das novelas desde Pega pega, de 2017, ele ainda não tem previsão de retorno aos folhetins. Porém, desde setembro, está na televisão em um dos papéis que mais gosta de viver, Zé Bonitinho, na quarta temporada da nova versão da Escolinha do Professor Raimundo. Os novos episódios estreiam em novembro na programação da TV Globo.
Ao Correio, Solano falou sobre o humorístico e o personagem clássico, além dos trabalhos no cinema e do engajamento com a arte e com a sustentabilidade.
Entrevista // Mateus Solano
Essa é a quarta temporada da Escolinha do Professor Raimundo, mas como foi o convite lá atrás para viver o Zé Bonitinho?
Primeiro, eu fui chamado para fazer o Seu Ptolomeu. Estava tudo pronto, quando o Rodrigo Lombardi, que ia fazer o Zé Bonitinho, não pôde. Aí, pensou-se em me dar o Zé Bonitinho. Eu fiquei muito entusiasmado porque o Zé Bonitinho é um personagem muito complexo e um desafio muito grande, ao mesmo tempo que era um personagem que eu adorava. Eu ficava imitando ele, não só ele, mas outros. Era muito legal assisti-lo, foi realmente uma escolinha da minha infância. Sempre vi, sempre gostei. E aí, em duas semanas, eu estudei muito para conseguir o máximo de tiques, expressões, a voz e o corpo, o trabalho de composição do Zé.
Uma coisa que se destaca muito na nova versão é os personagens se parecem muito com os originais ao mesmo tempo há também algo dos novos atores na atuação. Como que você vê isso?
Todo mundo tem um pouco desses personagens. Então você que tá aí tem um pouco deles dentro de você. São personagens tão fortes. Não existe um Zé Bonitinho, existe o Zé Bonitinho, e ele pode ser feito por qualquer um de nós, basta amar e gostar de fazer.
Nessa quarta temporada tem inserção de novos personagens. O que você pode contar?
Para mim, o mais emocionante foi ver o Érico Bras fazendo o seu Eustáquio entrando de peixinho para ver a calcinha da Dona Bela. Eu quase chorei, porque eu lembrei muito do Grande Otelo, quando ele fazia o Eustáquio.
Além da Escolinha, você tem planos de voltar às novelas ou está em outros projetos?
Nos cinemas, eu estive neste ano no filme Talvez uma história de amor, que já saiu de cartaz, como tudo que o Brasil faz no cinema… E também estive em cartaz em Benzinho, um filme obrigatório, em que eu faço uma participação.
Falando um pouco das dificuldades no cinema nacional. Como você vê isso? Acha que ainda temos desafios para o cinema brasileiro conseguir seu espaço?
A dificuldade é imensa e o que falta é incentivo. O que falta é a obrigatoriedade de o cinema ter na programação uma cota, digamos assim, para os filmes nacionais. Falta muito mais incentivo. Não sei como seria o ideal, mas tenho certeza de que faltam políticas de incentivo para o brasileiro ter acesso ao cinema nacional. Não é botando filme, deixando um fim de semana e dizendo “ah, está vendo, não tem bilheteria”, que vai resolver.
Você tem uma trajetória bacana no teatro. Tem vontade de voltar?
Estou procurando um texto que seja importante de ser ouvido. Para a pessoa sair de casa hoje tem de ser muito legal. Eu acho que tem tanta coisa para ser dita e discutida e o espaço do teatro tem que ser de comunicar. Quero um texto que comunique uma coisa importante.
Você é um artista que usa as redes sociais para falar sobre o que você acredita, como a sustentabilidade. Você acha que o fato de ser uma pessoa pública é sua função trazer para debate assuntos que muitas vezes estão de lado?
Acho que tem uma série de questões para gente abraçar. Não dá para abraçar o mundo, tem que escolher uma coisa. E acho que é, no mínimo, um bom começo falar do meio ambiente. A sensação quando eu estou passando isso para as pessoas é uma sensação de pertencimento. Eu me sinto parte da Terra de novo. Eu resolvi dedicar e devolver o carinho que as pessoas têm pelo meu trabalho falando sobre o meio ambiente. A gente acha que é dinheiro, que é trabalho, mas a gente é Terra.
Você nasceu em Brasília. Você morou aqui até quando anos?
Nenhum. Eu nasci em Brasília porque meu pai é diplomata. Eu nasci e logo fui para o Rio de Janeiro. Eu voltei a visitar Brasília depois que fui para os Estados Unidos e para Portugal.
O que você acha de Brasília? Chegou a ter alguma relação com a cidade?
Fiquei pouco tempo e faz muito tempo que não vou. Eu lembro do Planetário, tenho essa lembrança. É um lugar muito criativo.