Raphael Logam, de Impuros, representa o Brasil na corrida pelo Emmy

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Versão internacional do Emmy será entregue amanhã, com oito indicações para o país. Leia entrevista com o protagonista de Impuros, Raphael Logam, indicado ao prêmio de melhor ator.

O Brasil tem uma das melhores teledramaturgias do mundo. A afirmação pode ser balizada pelas oito indicações de produções brasileiras ao Emmy International, cujos vencedores serão anunciados nesta segunda-feira (25/11). Estão no páreo Ópera aberta: Os pescadores de pérolas (melhor programa artístico), Especial de Natal Porta dos Fundos (melhor comédia), A primeira pedra (melhor documentário), Hack the city (melhor série de curta duração), 1 contra todos (melhor série dramática), Se eu fechar os olhos agora (melhor telefilme/ minissérie), Marjorie Estiano (melhor atriz, por Sob pressão) e Raphael Logam (melhor ator por Impuros).

“Estava em casa quietinho, me recuperando de uma dor de garganta. De repente, vi meu celular com centenas de mensagens e dezenas de ligações Levei o maior susto. Mas depois foi só alegria”, afirma Raphael, em entrevista ao Próximo Capítulo. O ator diz que a expectativa é grande e que conta com um amuleto a mais para levar o Emmy: “calhou de o prêmio acontecer no dia do aniversário da minha mãe, que é a pessoa mais importante da minha vida. Ela já está muito feliz – e eu também – mas acho que se eu ganhar vai ser um presentão pra ela.”

Em Impuros, Raphael vive Evandro, jovem cujo irmão é assassinado pela polícia por ter se envolvido com o drogas. A ideia era traficar até conseguir dinheiro para o aborto da namorada, mas a polícia, corrupta, acha que está sendo enganada e o mata. Para vingar a morte do irmão, Evandro também acaba entrando para o mundo do crime.

“Já vi muito isso acontecer. Tenho família em favelas e em zonas perigosíssimas do Rio. Então, convivo muito com eles e ainda estudei em escola pública. Já vi muita gente largar os estudos para trabalhar em loja, em obra, como também vi muita gente seguir nessa vida por questão de sobrevivência porque era o que o ambiente oferecia para ‘uma vida melhor’. É muito triste, mas é a pura realidade. E, por isso, perdi muitos colegas na infância e na adolescência”, lamenta o ator.

Outro motivo de queixas de Raphael é a diferença na escalação de atores brancos e negros. Mas ele sabe que a situação está começando a melhorar. “Ainda falta espaço. Estamos caminhando numa marcha lenta absurda. Precisamos mudar esse panorama”, reflete.

Entrevista// Raphael Logam

Foto: Sergio Baia/Divulgação. Raphael Logam não se considera favorito ao Emmy por Impuros: “sou azarão”

Como você recebeu a indicação ao Emmy? A expectativa está muito grande?
Recebi com bastante surpresa. Estava em casa quietinho, me recuperando de uma dor de garganta. De repente, vi meu celular com centenas de mensagens e dezenas de ligações Levei o maior susto. Mas depois foi só alegria. A expectativa é grande, até porque calhou do prêmio acontecer no dia do aniversário da minha mãe, que é a pessoa mais importante da minha vida. Ela já está muito feliz – e eu também – mas acho que se eu ganhar vai ser um presentão pra ela.

Você conhece o trabalho dos seus concorrentes? Considera-se o favorito ao título?
Não me considero favorito. Acho que sou a zebra (risos). Mas não conheço bem o trabalho dos meus concorrentes, infelizmente. Como estou a mil, me preparando para dois trabalhos, não consegui parar para ver nada. Mas meus amigos já disseram coisas muito boas deles. Vou tentar ver o trabalho deles até o dia do prêmio.

Ao todo, o Brasil recebeu 8 indicações. Isso mostra o caminho que a produção audiovisual nacional está correto? Como se manter nesse patamar ou mesmo melhorar?
O Brasil é muito bom no que faz, por mais que tenha gente querendo parar a gente. E acho que cada vez vamos ter mais projetos nacionais em destaque no mundo.

Quais são as novidades da segunda temporada de Impuros? E as do seu personagem?
Surpresa (risos). O que posso dizer é que Evandro, meu personagem, segue em suas “sinucas de bico” e usando a inteligência para se virar. Acho que essa temporada tem muita cena de ação. Além, é claro, de uma história legal. Impuros é uma série muito bem escrita. Vamos continuar vendo várias situações do Evandro com a comunidade e com sua família.

Você fez Homens?!, no Comedy Central, uma produção bem diferente de Impuros. Como é para você transitar entre personagens tão distintos?
Acho que estou numa fase muito boa e que todo ator – ainda mais negro – precisa. Estou conseguindo mostrar meu lado drama em Impuros e meu lado cômico em Homens?. Tudo ao mesmo tempo. Na vida, eu sou um palhaço, mas adoro fazer papéis dramáticos.

Você fez muitos papéis marginalizados na sua carreira. Falta espaço para um ator negro defender homens bem sucedidos?
Fiz alguns, sim. Já melhorou muito desde 1999, quando comecei minha carreira. Mas ainda falta espaço, sim. E falta demais! Estamos caminhando numa marcha lenta absurda. Precisamos mudar esse panorama.

Na primeira temporada, o Evandro vai para o tráfico por uma questão de sobrevivência. Viu isso acontecer com muita gente enquanto se preparava para o papel ou mesmo antes de Impuros?
Já vi muito isso acontecer. Tenho família em favelas e em zonas perigosíssimas do Rio. Então, convivo muito com eles e ainda estudei em escola pública. Já vi muita gente largar os estudos para trabalhar em loja, em obra, como também vi muita gente seguir nessa vida por questão de sobrevivência porque era o que o ambiente oferecia para “uma vida melhor”. É muito triste, mas é a pura realidade. E, por isso, perdi muitos colegas na infância e na adolescência.

O Evandro é um personagem “pesado”. Você consegue não levar isso pra sua vida quando termina de gravar?
Que bom você colocou as aspas pra falar que o Evandro é pesado. Ele de fato ocupa um lugar na sociedade que é pesado. Fora isso ele é um ser humano normal como eu. Ele faz e faria tudo pela família de forma absurda. Eu faço a mesma coisa pela minha mãe, pela minha filha, pelos meus amigos. Eles são minha reputação. Faço tudo por eles. Evandro é muito família, muito amigo, muito fiel como eu. Nos parecemos muito nisso.

Indicados brasileiros ao Emmy Internacional

Melhor programa artístico
Dance or die (Holanda)
Michel Legrand: Sans demi-mesure (França)
John and Yoko: Above us only sky (Reino Unido)
Ópera aberta: Os pescadores de pérolas (Brasil)

Melhor ator
Haluk Bilginer por Şahsiyet (Turquia)
Christopher Eccleston por Come home (Reino Unido)
Raphael Logam por Impuros (Brasil)
Jannis Niewöhner por Beat (Alemanha)

Melhor atriz
Radhika Apte por Lust stories (Turquia)
Jenna Coleman por The cry (Reino Unido)
Marjorie Estiano por Sob pressão (Brasil)
Marina Gera por Örök tél (Hungria)

Melhor comédia
Especial de Natal Porta dos Fundos (Brasil)
FAM! (Singapura)
Kupa Rashit (Israel)
Workin’ moms (Canadá)

Melhor documentário
A primeira pedra (Brasil)
Bellingcat: Truth in a post-truth world (Holanda)
Louis Theroux’s Altered States (Reino Unido)
Witness: India’s Forbidden Love (Qatar)

Melhor série de curta duração
Dxyz (Coreia do Sul)
Hack the city (Brasil)
Luottomies (Finlândia)
Wrong kind of black (Austrália)

Melhor série dramática
1 contra todos (Brasil)
Bad banks (Alemanha)
McMafia (Reino Unido)
Jogos sagrados (Índia)

Melhor telefilme/ minissérie
Se eu fechar os olhos agora (Brasil)
Lust stories (Índia)
Safe harbour (Austrália)
Trezor (Hungria)

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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