“Foi uma personagem que amei muito fazer”, diz Carla Diaz sobre Khadija de O clone

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No ano em que completa 30 anos, Carla Diaz celebra retorno à telinha com a reprise de O clone

Aos 2 anos, Carla Diaz começou o trabalho como atriz. Passou por tramas como Éramos seis (1994), Chiquititas (1997 a 1999) e Laços de família (2000) até chegar ao papel mais marcante da carreira, o da jovem muçulmana Khadija, quando tinha apenas 11 anos, que, neste ano, voltou a ser reprisado com a reexibição de O clone, no canal Viva, no ano em que a artista completa 30 de idade e 28 de carreira. “É uma novela muito marcante. Até hoje escuto o Inshallah da Khadija. Aliás, para você ter noção da importância desse trabalho, tenho tatuada na costela essa expressão que a Khadija usava”, conta em entrevista ao Correio.

Antes da pandemia, Carla Diaz poderia ser vista também nas telonas no papel de Suzane Von Richtofen nos filmes A menina que matou os pais e O menino que matou meus pais. O longa-metragem tinha previsão de lançamento para 2 de abril, mas foi adiado por conta do novo coronavírus. “Quando tudo isso passar, nós vamos para o cinema. Até lá, quem pode fica em casa”, afirma.

Entrevista // Carla Diaz

Neste ano, você voltou ao ar por conta da reprise de O clone. Para você, qual é a importância dessa novela na sua trajetória?
Nossa, eu amo ver a Khadija. Aqui em casa, eu e minha mãe estamos sempre assistindo. E é muito legal, porque me vêm muitas lembranças dos bastidores. Foi uma personagem que amei muito fazer. Já trabalhava desde cedo, já tinha feito outras novelas, mas foi em O clone que aprendi o que era fazer um laboratório para construir uma personagem. E isso mudou a minha vida, porque entendi ainda mais sobre aquele ofício que eu amava. Estudei a cultura muçulmana, aprendi a dança do ventre, vocabulário específico para as cenas… E ainda apareci com o cabelo escuro pela primeira vez. Usamos um produto especial, porque eu era muito pequena. E eu me amei morena (risos). É uma novela muito marcante. Até hoje escuto o Inshallah da Khadija. Aliás, para você ter noção da importância desse trabalho, tenho tatuada na costela essa expressão que a Khadija usava.

Você completa 30 anos em novembro. Que balanço tem feito da vida e da sua carreira em si?
Nem me fale! (risos) Vou trintar! E é engraçado porque, quando falo a minha idade, todo mundo leva um susto. E eu entendo. As pessoas me acompanham na TV desde que eu tinha 2 anos. É uma vida inteira em frente às câmeras. Público me viu criança, adolescente, menina e mulher. Entendo o susto. A Khadija tem 30 anos? É, meu povo, ela vai fazer (gargalhadas). Gosto muito do caminho que trilhei até aqui. Descobri muito cedo a minha vocação, aquilo que queria fazer para a minha vida. Desde pequena, tive personagens muito legais. E tantas outras importantes vieram. Agora estou com esse projeto no cinema, que era algo que queria fazer. São 28 anos de carreira, mais de 20 obras na TV. É muita coisa. Aprendi com cada uma delas. Comecei nisso como uma brincadeira e, quando vi, me tornou uma adulta com uma profissão que amo.

Antes da pandemia, você estava prestes a estrear as telonas nos longas A menina que matou os pais e O menino que matou meus pais. Como foi participar dessa produção?
Entramos em isolamento uma semana antes de nossa pré-estreia. Mas foi a decisão mais responsável. Quando tudo isso passar, nós vamos para o cinema. Até lá, quem pode fica em casa. Fui chamada para fazer o teste para o filme. Comecei ali a pesquisar já alguma coisa, para levar alguma informação de composição para o teste. No dia seguinte, recebi um telefonema do nosso produtor me falando que eu faria a personagem. Então começou um dos maiores desafios da minha carreira!

Como você se preparou para viver Suzane Von Richtofen?
O filme é baseado nos autos do processo. Escutei todos os depoimentos disponíveis, li sobre tudo o que saiu na época e mais um material que produção do filme preparou. Assisti a muitos filmes também. Mais de 30! Sobre tudo quanto é tipo de assunto. Coisas que achava que tinham, de certa forma, a ver com o universo. Tivemos também uma preparadora, Larissa Bracher, que fez um trabalho incrível com a gente. Foi uma personagem que exigiu bastante de mim, da minha atenção e entrega.

Como foi esse processo de gravar dois filmes sob dois pontos de vistas?
Foi um ritmo muito intenso. Tivemos uns três meses de preparação e nós rodamos os dois filmes em 33 dias, tempo recorde. Gravávamos uma cena e depois repetíamos com o outro ponto de vista. Tinha que virar uma “chavinha” e trocar a intenção da fala, da emoção e a personalidade da personagem. Foi um exercício como atriz esse trabalho, porque ele foi permeado por muitas nuances, cheguei a estados emocionais que nunca tinha vivido em cena. Faço praticamente três personagens bem diferentes nos filmes, pois uma é contada a partir do ponto de vista dela, outra na versão dele e também da forma que ela se apresentou no tribunal quatro anos depois do crime.

O que você tem feito nesse tempo de quarentena?
Isolamento total. Eu e minha mãe em casa. E nosso cachorrinho, que faz companhia para a gente. Não tem muito o que fazer. Já vi várias séries e filmes. Li livros… E tem dias que não quero fazer nada também. Ah, tem a arrumação da casa, do meu quarto, esses cuidados, tarefas que eu e minha mãe dividimos. Estou torcendo muito para isso tudo passar, principalmente pelas pessoas mais vulneráveis. Vivemos um cenário de muita desigualdade social.

Sabemos que está tudo parado, mas quais eram e são os seus projetos futuros?
Eu tinha os dois filmes para lançar: A menina que matou os pais e O menino que matou os pais. Tinha também já algumas conversas sobre um novo trabalho, mas, por enquanto, elas estão paradas também. Assim que a vida retomar a normalidade, conto todas as novidades. Prometo para vocês!

Adriana Izel

Jornalista, mas antes de qualquer coisa viciada em séries. Ama Friends, mas se identifica mais com How I met your mother. Nunca superou o final de Lost. E tem Game of thrones como a série preferida de todos os tempos.

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