Crenças religiosas à parte, a Record precisava voltar a fazer tramas contemporâneas e tentar resgatar o sucesso de títulos como Vidas opostas (2006) e Chamas da vida (2008). Só daí já é de se comemorar a estreia de Topíssima, na última terça-feira (21/5). O folhetim de Cristianne Fridman ー mesma autora de Chamas da vida e da bíblica Jezabel, entre outras ー é exibido na faixa das 19h45 e peca pelo ritmo lento e pelo excesso de flashbacks, mas surpreende por cenas de ação e por abordar temas polêmicos, como drogas e corrupção. Está prevista também a discussão sobre aborto.
A primeira semana de Topíssima girou em torno dos mocinhos Sophia (Camila Rodrigues) e Antônio (Felipe Cunha). Ela, uma empresária fútil, herdeira do mega grupo Alencar, que tem de universidade a hospital. Ele, um taxista batalhador, líder comunitário no Vidigal. É o clássico “os opostos se atraem” que tanto habita o mundo das telenovelas. Quando bem escrito, agrada em cheio.
O de Topíssima (apelido dado a Sophia por admiradores e puxa-sacos) tem bom texto, ágil, engraçado na medida certa, mas esbarra no mocinho. Felipe Cunha é bonito, mas está precisando de uma sacudida. O rapaz não tem muita expressão. Camila está bem, embora cometa alguns excessos aqui e ali.
O encontro deles se dá quando ele é abandonado no altar, sai desvairado pelas ruas e se envolve num acidente de trânsito com Sophia, que dirige feito uma louca. O detalhe é que, na melhor maneira Janela indiscreta, ela já o espionava com uma luneta pelo quarto do hotel do grupo Alencar.
A discussão deles acaba sendo boa para o grupo que comanda o tráfico no Vidigal, que tem policiais e o empresário do grupo Alencar Paulo Roberto (Floriano Peixoto) na linha de frente. Isso porque eles querem incriminar Antônio, acusando o rapaz de ser o responsável pela droga sintética veludo azul, que vem se espalhando pela cidade. Além disso, Paulo Roberto não quer que a sobrinha Sophia assuma a presidência do grupo Alencar por julgar que ele mesmo mereça o cargo.
Além do par romântico, a discussão em torno do tráfico de veludo azul movimentou a primeira semana de Topíssima. Disfarçado de dono de peixaria, o policial Pedro (Felipe Cardoso, bem no papel dúbio) é, na verdade, um dos criadores da droga sintética. Jurando para o honesto delegado André (Sidney Sampaio) que o disfarce é bom para a operação, ele começa a ser cobrado pelo chefe quando a universitária Gabriela (Rafaela Sampaio) tem uma overdose na festa de boas-vindas aos calouros da universidade do grupo Alencar. A porta está aberta para que Topíssima discuta a corrupção dentro da polícia. Ponto para a contemporaneidade. A trama do tráfico ainda permeia outros personagens, como Taylor (Emilio Orciollo Netto) e Edison (Bruno Guedes).
Novela que é novela precisa de um núcleo cômico. E Topíssima tem nesse escape no seu pior momento. Os jovens moradores da república apresentam diálogos preconceituosos, piadas escatológicas, paquerinhas bobas. Se a ideia era ter uma sucursal de Malhação, não deu certo. Mesmo contando com o experiente Kadu Moliterno fazendo o papel que poderia ser o avô de Juba, o núcleo não decolou.
Em meio a tantas tramas, é um trio de experientes atrizes que se destaca em Topíssima: Cristiana Oliveira, Silvia Pfeifer e Denise Del Vecchio roubam a cena a cada vez que aparecem. Cristiana vive a divertida perua Lara, mãe de Sophia. Com o melhor do texto de Topíssima, a atriz dribla o caricato tentando humanizar Lara, que detesta ser chamada de “mãe” e carrega um cachorrinho pra cima e pra baixo.
Silvia Pfeifer é a sofrida e batalhadora Mariinha, mãe de Antônio e Gabriela e dona de um restaurante no Vidigal, o Cantinho da Laje. A viúva vai fazer de tudo para livrar os filhos da acusação de tráfico de drogas e provar a inocência dos dois jovens. Silvia despiu-se de todo o glamour que costumava ostentar em personagens globais e está mostrando versatilidade.
A ida para a Record representou uma nova vida ー e não a morte, como diz a piada maldosa ー para Denise Del Vecchio. A atriz ganha cada vez mais destaque nas tramas religiosas e contemporâneas da emissora. Agora, ela defende com afinco a conservadora Madalena, funcionária do Cantinho da Laje. A personagem apareceu pouco, mas sempre com brilho. Tem tudo para crescer.
Topíssima chegou com cara de novelão. E de um bom novelão. Vai ter enfrentar o preconceito de muita gente com as novelas da Record, mas com bom elenco e autora experiente, pode dar certo. Fica a torcida!
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