“Estou cercada por mulheres.” A frase mostra a atual fase da carreira de Elizabeth Savala. A atriz está em turnê pelo país com o espetáculo A.M.A.D.A.S., de Regina Antonini, que passou recentemente por Brasília; e se prepara para voltar às novelas a partir do capítulo 60 de Pega pega, escrita pela estreante Cláudia Souto.
No folhetim exibido às 19h na Globo, Elizabeth será Arlete e vai contracenar com Nicette Bruno (Elza) e Cristina Pereira (Maria dos Prazeres), que serão irmãs dela, e com Irene Ravache (Sabine), com quem viverá um triângulo amoroso ao lado de Marco Caruso (Pedrinho). “A Cláudia Souto é magnífica. Foi colaboradora de Walcyr Carrasco, que é uma grande paixão minha, em várias novelas em que eu estive. O Caruso é um doce e estou ansiosa para trabalhar pela primeira vez com a Ravache, de quem sou fã desde Beto Rockfeller. E Pega pega é deliciosa. Uma comédia que remete à Sessão da tarde pelo humor dos anos 1950, 1960”, afirma a atriz ao Correio. Elizabeth confessa que ainda não sabe muita coisa sobre Arlete: “Só sei que entro carregando um segredo que pode salvar o Julio (Thiago Martins), mas não sei o que é”.
Antes de estrear, Pega pega chegou a ser anunciada com outro título — Pega ladrão. Mas a possível ligação com a situação política brasileira poderia atrapalhar a trama, que está longe de ser politizada. Para Elizabeth, a mudança foi positiva, pois as pessoas estão cansadas do que veem no noticiário e não refletem antes de se posicionar.
“As pessoas hoje comentam tudo como se fosse um eterno Fla x Flu e não é bem assim. Houve um tempo em que eu falava o que pensava e me posicionava. Hoje não. Curto uma coisa ou outra no Facebook e pronto”, comenta a atriz, que já foi uma ativista política. “Valia a pena se expor quando tínhamos pessoas da envergadura de Ulysses Guimarães. Agora não. Só não gosto quando dizem que todos os políticos são farinha do mesmo saco. Não são. Tem gente querendo fazer coisas boas, mas sozinhos não conseguem. E os eleitores têm que entender também que são eles que colocam os políticos no Congresso”, continua.
Fazer política vai muito além de ligações partidárias e pode passar pela arte. Elizabeth, por exemplo, já encabeçou projetos sociais como o Teatro de graça na praça, no início dos anos 2000. Ali, ela contava com o apoio local de prefeituras, mas não com patrocínio. “A gente descobriu há muito tempo que dá para fazer teatro sem apoio governamental. Nunca tive grandes patrocínios, somente apoios locais. Monto as peças e viajo com recursos próprios — é como um negócio qualquer: faço o caixa, me programo e, se tiver lucro, o negócio expande. É devagar o processo. No teatro, o boca a boca é nosso maior parceiro”, ensina.
O momento, para Elizabeth, é de reflexão. “Estou chocada com o ser humano. Tenho visto um retrocesso muito grande com relação às relações humanas. Outro dia eu voltava para casa e, ao passar pela Lagoa Rodrigo de Freitas, comentei com o taxista que estava abismada com a quantidade de lixo na orla. Ele me disse que era porque havia tido uma festa ali no dia anterior. Mas o que custa cada um cuidar do próprio lixo, levando um saquinho?”, questiona.
Ela ainda cita outro exemplo que mostra que a educação que falta hoje em dia é a coletiva, não a formal, a da escola: “Chamou-me a atenção ver os japoneses recolhendo o lixo de toda a arquibancada depois de um jogo na Copa do Mundo, mesmo o da outra torcida. Isso é coletivo!”.
Mas nada de pessimismo: “Daria até para ser (pessimista) porque ouço desde sempre que o Brasil é o país do futuro, mas não vejo nunca esse futuro chegar. Mesmo assim ainda acredito no povo brasileiro. Somos alegres, felizes, apesar de tudo. Precisamos é resgatar essa nossa essência.” É a fé que botamos na nossa moçada!
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