Mais um grande acerto da Apple TV+, Ruptura coloca na berlinda o poder corporativo na vida dos trabalhadores — em níveis inimagináveis
A dicotomia entre audiência e qualidade já foi um dos grandes tabus da televisão. Agora, a questão migra para o streaming. Enquanto alguns serviços apostam mais na popularidade, outros indicam que perseguem a temporada de prêmios. Com a estreia de Severance — ou Ruptura — fica claro que a Apple TV+ escolheu a segunda opção.
O streaming da maçã já vinha dando sinais sobre o caminho que pretendia seguir em relação aos conteúdos — desde Em defesa de Jacob — agora com Ruptura, o ápice parece ter chegado.
Uma sinopse simples e um elenco brilhante
A premissa de Ruptura é relativamente simples: ao ir trabalhar, um grupo de empregados “esquece” tudo que vive fora da sede da empresa. Os desdobramentos da premissa, contudo, são mais complexos.
Criada por Dan Erickson e com direção de Ben Stiller, Ruptura tem como protagonista Mark (Adam Scott). A princípio, pouco sabemos sobre o homem, mas com o passar dos episódios algumas camadas são descobertas.
Mark é o novo chefe de departamento do “Refinamento de macrodata” da Lumon. Por escolha própria, Mark decidiu implantar um dispositivo no cérebro para separar sua vida privada do trabalho. A decisão foi motivada especialmente para tentar passar um tempo longe da agonia que foi ver a esposa morta em um acidente de carro.
Na Lumon, o homem trabalha ao lado de Irving (John Turturro), Dylan (Zach Cherry) e agora Helly (Britt Lower). A mulher substituiu Petey (Yul Vazquez), que deixou a Lumon de forma misteriosa.
O maior destaque deste elenco já estrelado, fica com Patricia Arquette — ganhadora do Oscar de melhor atriz pelo filme Boyhood, de 2014. A atriz dá vida a Harmony, uma impiedosa chefe da Lumon, que consegue transitar entre a vida dentro e fora da empresa.
Uma história de camadas e cheia de detalhes
O que mais impacta ao assistir a Ruptura é a proposta criativa de questões como o (real) direito de escolha das pessoas, a força das ligações de amizades e, de certa forma, os limites da fidelidade. A produção é delicada quando precisa e duramente honesta quando o telespectador menos espera. É uma daquelas produções singelas e muito bem executadas, que deve brilhar na próxima temporada de premiações.