Os reboots, ou revivals, pretendem prender a audiência do público com uma linha narrativa que já foi explorada antigamente, mas de cara nova — com novos atores e roteiro, por exemplo. Essa quantidade expressiva de refilmagens representa uma tendência para as produções atuais?
Segundo Priscila Harum, autora do livro Guia de séries, “existe uma tendência, mas eu não acho que seja um problema de criatividade, eu acho que é mais um problema de investimento”. Priscila explica que apostar em uma receita de sucesso é meio caminho andado para atrair a atenção da tão preciosa audiência.
“Quando uma série já teve uma base de audiência no passado, os executivos dos canais ficam mais confortáveis em investir naquela produção. Existe a pressuposição de que tem um público”, aponta a autora, em entrevista ao Correio.
MacGyver (nem sempre é bom mexer em clássicos) é uma das produções que acabaram de estrear no Brasil pelo canal Universal, e a ideia é trazer de volta o sucesso de 1985, agora sob o comando do jovem Lucas Till na pele do agente que é o rei do improviso. Outro sucesso policial que vai voltar à vida é Magnum (exibida originalmente entre 1980 e 1988 sob o título de Magnun P.I.). O popular seriado policial estrelado por Tom Selleck ainda não tem elenco ou data de lançamento, mas está garantida como nova aposta do canal norte-americano CBS.
Para Luiz Felipe Champloni, 28 anos, um dos tantos fãs do agente Andus MacGyver, a aposta em reboots é válida, mas desde que feita com qualidade e não só para ganhar dinheiro fácil com a audiência saudosista. “Eu acho que todo remake tem um potencial muito grande de melhorar e trazer coisas novas às obras originais, até mesmo de marcar gerações como se fossem as obras originais. O problema é que na grande maioria das vezes eles são feitos apenas pra gerar comoção do público mais antigo e tomar dinheiro fácil deles — então, sempre encaro remakes com os dois pés atrás”, confessa o arquiteto e ilustrador.
Para uma geração é muito difícil não haver uma referência direta ao desenho Corrida maluca, aquele do Dick Vigarista e da Penélope Charmosa. O desenho produzido entre 1964 e 1969 pelos estúdios Hanna-Barbera se tornou um sucesso ao colocar os carros mais diferentes e os motoristas mais criativos e mau-carateres na competição pelo título de Corredor Mais Louco do Mundo.
Se o clássico da década de 1960 fez sucesso, agora, o produtor Mike Disa está preparado para reviver o fenômeno. Disa está à frente do novo Corrida maluca. “(O programa) terá várias mudanças, apostamos em alta tecnologia para uma produção mais realista, com influência dos grandes filmes de ação, mas também terá números musicais”, afirmou Disa em entrevista ao Correio. Ele completou que a animação terá uma forte marca da atualidade: as críticas sociais. “Comentar política e questões sociais é importante, faz parte do nosso cotidiano.”
O produtor ainda explicou que a ideia é fazer um desenho atraente a uma ampla variação etária. “É um programa para todas as idades. Uma criança de 5 anos pode assistir com um adulto, como um desenho deve ser”, defendeu Disa, que não foi imparcial ao contar sua torcida para a grande vencedora dessa corrida maluca: “Penélope! Ela é mais inteligente, é minha personagem favorita”.
A bióloga Rose Monerat, 55 anos, foi uma das que acompanharam Corrida maluca ainda na infância e se mostrou animada com o retorno da produção: “Eu assisti sim, adorava os desenhos daquela época, e hoje a gente tem muita tecnologia e dá para fazer uma coisa legal”. Rose também explica que a readequação dos novos reboots para o contexto atual é o grande segredo para o sucesso. “Eu gosto mais do contexto lúdico dos desenhos, mas, se houver um amadurecimento, a gente deve se adequar. Por exemplo, eu gostava do Chaves, mas aquele contexto que fez sucesso antes talvez não seja tão interessante hoje, ele teria de se atualizar”, defende.
Penélope Charmosa, Peter Perfeito, Dick Vigarista e seu companheiro Muttley, a Dupla Sinistra e todos os outros pilotos voltam em episódios inéditos a partir de amanhã, às 18h30, no canal Boomerang.
*Estagiário sob a supervisão de Vinicius Nader
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