Do núcleo de vilões de Órfãos da Terra, Alex Morenno fala da experiência: ‘Me emocionei muitas vezes’

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Na novela, Alex Morenno dá vida a Robson, gerente de um hotel que participa e colabora com os planos de Paul (Carmo Dalla Vecchia) e Dalila (Alice Wegmann), os vilões de Órfãos da Terra

Ser escalado para Órfãos da Terra foi o retorno de Alex Morenno para a televisão ao lado de Thelma Guedes e Duca Rachid. Há exatos 10 anos, ele trabalhou com as autoras em Cama de gato, em que vivia o personagem Luck. “Voltar a trabalhar com a Thelma e a Duca também é maravilhoso porque de alguma forma elas amadureceram com questões, as inquietações são outras, e essas inquietações das autoras têm a ver com as minhas, então de alguma forma a gente está dizendo a mesma coisa, estamos no mesmo movimento, portanto, estou muito feliz de ter essa oportunidade de trabalhar novamente com elas que eu tanto admiro”, conta em entrevista ao Próximo Capítulo.

Na nova novela das autoras, Morenno dá vida a Robson, um gerente de hotel de luxo que faz parte do núcleo dos vilões. Ele é uma espécie de braço direito nos planos de Paul (Carmo Dalla Vecchia) e Dalila (Alice Wegmann). “Motivado por vinganças, ele vai colaborar para conquistar esses objetivos ao lado desses dois personagens”, adianta.

Para interpretar o personagem, o ator fez um laboratório em um hotel em São Paulo. Durante três dias, ele ficou no estabelecimento para entender a rotina da parte administrativa e, dessa forma, estar mais próximo da realidade. “O que estamos fazendo é uma obra fictícia, mas que tem compromisso com a realidade também. Então, eu queria me familiarizar sobre como age um gerente de hotel de luxo, quais as coisas que devem ser ditas, as coisas que nunca devem ser ditas a um hóspede e alguma maneira específica de tratar”, explica.

Em entrevista ao Próximo Capítulo, Alex Morenno falou sobre o personagem, a experiência na novela, a importância do debate da produção — que envolve a questão dos refugiados no mundo –, e ainda sobre os outros projetos, como o espetáculo Van Gogh por Gauguín, outra parceria com Thelma Guedes, que ele pretende trazer para Brasília. Confira a seguir!

Entrevista / Alex Morenno

O que pode contar sobre o seu personagem em Órfãos da Terra? Ele entra em que momento da trama e fará parte de qual núcleo do folhetim?
Meu personagem é o Robson, ele é gerente de um hotel de alto luxo e se envolve primeiramente com a Camila, vivida pela Anajú Dorigon. Posteriormente, ele vai estar próximo ao Carmo Dalla Vecchia, que faz o Paul, e da Alice Wegmann, que interpreta a Dalila. Ou seja, ele faz parte do núcleo dos vilões da novela, e, portanto, é um braço direito dessa dupla. Motivado por vinganças, ele vai colaborar para conquistar esses objetivos ao lado desses dois personagens.

Como foi a sua preparação para dar vida ao Robson em Órfãos da Terra?
Para dar vida ao Robson, eu estive em um hotel em São Paulo durante três dias acompanhando a rotina da parte administrativa para entender sobre protocolos mesmo. O que estamos fazendo é uma obra fictícia, mas que tem compromisso com a realidade também. Então, eu queria me familiarizar sobre como age um gerente de hotel de luxo, quais as coisas que devem ser ditas, as coisas que nunca devem ser ditas a um hóspede e alguma maneira específica de tratar. Por isso, fiquei colado num gerente de hotel para entender todo esse funcionamento e achei muito legal, adorei demais!

A novela tem sido bastante elogiada e toca em assunto bastante atual. A que atribui essa logo boa repercussão da trama? E para você qual é a importância de os folhetins trazerem discussões atuais e essa especificamente dos refugiados?
Sim, Órfãos da Terra é uma novela que está indo muito bem. Na primeira semana, confesso que não pude ver porque acabei de estrear o espetáculo Van Gogh por Gauguin bem na hora que a novela estava sendo exibida. Mas peguei um final de semana e fui ver tudo no Globoplay. Eu preciso dizer isso e é muito sincero; não é porque eu estou no elenco dessa novela, mas fazia muito tempo que não ficava tão impactado com um produto da Rede Globo pela excelência de atuações, de escalação de elenco, fotografia, direção… Me emocionei muitas vezes, não esperava que a Thelma e a Duca fossem tocar em algumas feridas tão profundas que dizem respeito, não só aos refugiados, mas que falam muito sobre os preconceitos que nós vamos adquirindo e já fazem parte de nossas vidas, como um aspecto do ser humano, e que na verdade não deveria ser assim. Então olhar com empatia para os refugiados e para outras causas também, como o empoderamento feminino, que a novela aborda de maneira lindíssima, é muito importante. Eu acredito que as produções têm sim ou deveriam ter a necessidade de tocar nesses assuntos e de mostrar de alguma forma como as coisas poderiam sim ser diferentes. Quando a gente toma a primeira atitude, as coisas podem mudar. E isso não é da boca para fora, isso é verdade. Então, eu estou muito contente em fazer parte desse projeto, pois, além de lindo, ele tem uma relevância político-social muito importante nesse momento que a gente está vivendo.

Crédito: Rubens Shiromaro/Divulgação

Você já havia trabalhado com Duca Rachid e Thelma Guedes. Como é voltar a atuar em um projeto delas?
Sim, esse é meu segundo projeto com as duas e meu terceiro com a Thelma. De Cama de gato para cá tem muitos anos, a gente até se reencontrou, eu e a Emanuelle Araújo, Bia Arantes, uma galera que tinha feito Cama de gato comigo em 2009 e agora, 10 anos depois, nos reencontrarmos nessa novela é maravilhoso. Amadurecer e encontrar os amigos tão queridos que nos conhecem de uma maneira tão profunda é incrível, afinal quando você faz uma novela, aquelas pessoas se tornam sua família por ter um convívio muito tenso. Mas voltar a trabalhar com a Thelma e a Duca também é maravilhoso porque, de alguma forma, elas amadureceram com questões, as inquietações são outras, e essas inquietações das autoras têm a ver com as minhas, então de alguma forma a gente está dizendo a mesma coisa, estamos no mesmo movimento, portanto, estou muito feliz de ter essa oportunidade de trabalhar novamente com elas que eu tanto admiro. Sinto um pouco de raiva por elas não terem me chamado para fazer Cordel encantado (risos), mas já está indo embora, afinal estou no elenco da novela que eu queria: Órfãos da Terra.

Além da tevê você está nos palcos com Van Gogh por Gauguín, que também tem texto de Thelma Guedes. Como surgiu essa oportunidade? E o que pode contar sobre a montagem?
Eu estreei Van Gough por Gauguin, no Teatro Sérgio Cardoso, em SP, esse espetáculo belíssimo da Thelma Guedes, escrito sob encomenda. Há três anos tive essa ideia de viver o Van Gogh, porque as pessoas invariavelmente me chamavam de Van Gogh por conta do meu visual. Eu já conhecia o artista, admirava as pinturas dele, etc. Mas confesso que eu não conhecia o Van Gogh como pessoa, a história por trás desse homem; como ele nasceu, como foi a infância, quem é a família… E aí eu fiquei muito instigado por isso e fui atrás do diretor Roberto Laje, do qual sou completamente fã, e o convidei para dirigir. Ele topou, mas não tínhamos o texto. Então eu liguei para a Thelma, ela que é apaixonada por Van Gogh e Gauguin, mais por Gauguin, inclusive, escreveu nosso texto. E aí é um processo longo, de três anos, que envolve escrever, desenvolver projetos, adequar às leis, mil coisas que na realidade não utilizamos de quase nada porque montamos o projeto na raça, sem patrocínio. Esse momento político que a gente está vivendo está muito complicado. Realmente, não sei como dizer isso para que as pessoas entendam que não é um vitimismo, mas sim uma realidade. Mas enfim, o espetáculo foi muito bem recebido pelo público paulistano, é uma montagem muito bonita, que não quer ser biográfica, ela quer ser poética. Não vou falar muito porque quero que as pessoas assistam e possam dar a opinião delas, então nada de spoilers. Espero todos no teatro!

Vocês pretendem rodar o Brasil com essa peça?
Rodar o Brasil eu não sei. Lógico que é um desejo comum, todo mundo adoraria ter essa oportunidade de rodar o país. Agora não sei se isso vai acontecer, mas algo me diz que algumas capitais específicas nós faremos, além do Rio de Janeiro, que é uma possibilidade muito forte. Talvez Brasília e Belo Horizonte também, estamos vendo isso. Mas enfim, o start foi dado ontem, então muita coisa pode acontecer daqui para frente, eu sinceramente não sei o que pode acontecer, mas o desejo é de que sim, que a gente rode o máximo possível.

Você tem outros projetos além da novela e da peça?
A novela eu comecei a gravar faz pouco tempo, ainda está muito no começo para mim, e a peça também. Então acho que a minha cota de projetos está bem preenchida. Estou muito feliz com esse momento, é especial demais poder fazer teatro que é uma coisa que eu amo e que eu não fazia há muito tempo. Nos últimos anos, fiz duas novelas e acabei não fazendo teatro, então fazer as duas coisas é muito especial para mim. Isso já ocupa muito a minha cabeça e por enquanto não consigo pensar em projetos futuros. Acho que tenho que viver intensamente esse momento especial com os pés no chão e tentando fazer o meu melhor, tanto em Órfãos da Terra, quanto em Van Gogh, então por enquanto esses são os meus maiores projetos do coração.

Adriana Izel

Jornalista, mas antes de qualquer coisa viciada em séries. Ama Friends, mas se identifica mais com How I met your mother. Nunca superou o final de Lost. E tem Game of thrones como a série preferida de todos os tempos.

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