Algumas ideias deveriam ficar para sempre… nas ideias. Algumas concepções, que parecem geniais dentro das nossas cabeças, às vezes, não se traduzem para o mundo real. Em essência, esse é o grande resumo de Dexter: new blood.
Na teoria, ganhar mais uma temporada (importante lembrar que a produção é vendida como uma minissérie pelo canal a cabo norte-americano Showtime) para concluir o final, no mínimo, catastrófico da oitava temporada da produção — ainda em 2013 — parecia uma ótima ideia. Na prática, contudo, Dexter: new blood foi uma mistura confusa de personagens superficiais que seguem um caminho sem muito sentido. Mais ou menos igual ao final da série.
Cuidado: spoilers a seguir!
Para quem não se lembra, no final da oitava temporada, Dexter Morgan (Michael C. Hall) fugiu de Miami após a morte da irmã, Debra (Jennifer Carpenter). Em poucos minutos, o público tem um vislumbre do futuro do icônico serial killer: se tornar um lenhador canadense.
Na nova fase, o telespectador entende que Dexter não chegou até o Canadá, mas ficou perto, em Iron Lake, no norte do estado de Nova York. Lá, o homem vive sob o codinome de Jim, com novos amigos, a namorada policial (pois é!) e em uma cabana no meio do nada.
Uma “amiga” do passado que lhe acompanha é a própria Debra, mas só em imaginação — porque ela está morta. Debra é a responsável por frequentemente lembrar a Dexter de que ele precisa suprimir os desejos de seu “Dark Passanger” assassino.
A tentativa, contudo, durou pouco. Dexter conseguiu não ser um assassino por 10 anos, mas em menos de uma hora do piloto ele cede à natureza matadora e começa a exercer os instintos de serial killer.
Outra equação confusa nesta história é Harrison (Jack Alcott), o filho de Dexter. Se antes o serial killer tinha abandonado o filho para “protegê-lo”, agora decide acolher o garoto exatamente quando volta a matar.
Nesta vertente o desenvolvimento é sofrido. Em um momento, Dexter quer distância do filho, noutro quer ajudá-lo como Harry o ajudou. Vale lembrar que Harrinson nadou no sangue da própria mãe, assim como Dexter na infância. Por isso o sentido de “herança maldita” dos personagens. O problema é que este plot é mal desenvolvido, sem muito dinamismo. No meio da confusão, existe uma predisposição do roteiro a sugerir que o garoto tem alguns segredos, mas deixa o público pensando: “seria o garoto outro serial killer? Uma resposta positiva seria tão divertida assim?”
Não. Se for desta forma maçante, não seria.
Outro detalhe incômodo é o tom simples do novo assassinato de Dexter. Para quem se lembra das mortes épicas do serial killer, com uma preparação magistral, sendo o clímax da temporada, a morte do playboy mimado foi uma morte consideravelmente chinfrim.
Até o momento, os quatro primeiros episódios da série já foram exibidos — de um total de 10 desta temporada —, e a grande verdade é que o balanço não é muito positivo. A história não parece ter muito para onde ir, se repete de uma forma cansada, as “reflexões” de consciência de Dexter estão extremamente inócuas (algo tão importante para a série) e os personagens em geral tem a profundidade de uma poça de lama.
Um final para Dexter não seria tarefa fácil, isso todos já sabiam. Mas o show de atropelamentos e o tom superficial realmente surpreenderam.
Para quem ainda quiser acompanhar Dexter: new blood, a produção está disponível no streaming da Paramount+.
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