O ano de 2017 é especial para Daphne Bozaski. Com carreira com alguns papéis interessantes na tevê fechada, como a Tina de Manual para se defender de aliens, ninjas e zumbis, e passagem nos palcos pelo grupo de Antunes Filho, a curitibana estreia finalmente na Globo como a Benê, uma das protagonistas de Malhação – Viva as diferenças.
Dona de um senso de humor involuntário por levar as expressões ao pé da letra, a menina chama a atenção pela ingenuidade e pela crueza diante da vida. Aluna de piano do galã Guto (Bruno Gadiol), já tem cheiro de romance no ar! Será?
Em entrevista ao Próximo Capítulo, Daphne despista sobre o futuro da personagem, mas comemora a boa fase. Como Benê, fala sobre teatro e a amizade com as outras meninas de Malhação.
Essa temporada de Malhação tem feito muito sucesso. A que você atribui tanta aceitação? Esperavam essa receptividade?
Acho que a aceitação pode estar sendo maior devido aos temas que estamos tratando, como a diversidade e a aceitação ao que é diferente da gente. São temas fundamentais para os dias de hoje, como saber respeitar a opinião do outro. Também pelo Cao (Hamburguer) ser o autor, e esse ser o primeiro trabalho dele na Globo, eu esperava, sim, um boa visibilidade. Mas nunca sabemos, de fato, como será a receptividade. Estou muito feliz, muitas pessoas me escrevem dizendo que estão se identificando com as personagens e com os temas que abordamos. É esse nosso objetivo, isso faz valer a pena o nosso trabalho e me orgulha fazer um programa de qualidade para uma faixa etária que está em processo de formação enquanto indivíduo.
Como você pode medir isso na prática — está sendo parada na rua para dar autógrafos, deixou de fazer alguma coisa por ser reconhecida? Esse lado da fama te incomoda?
É muito importante ter essa resposta tão calorosa do público. A internet ajuda muito nesse acesso: as pessoas me escrevem e, mesmo na correria, sempre paro e respondo. Essa troca é fundamental. Na rua ainda não me reconhecem tanto, acho que pelo fato de a Benê se vestir e ser muito diferente da Daphne… Então as pessoas levam um tempo para reconhecer.
A Benê quer aprender piano. Você aprendeu para viver a personagem?
Sim! Eu fiz algumas aulas quando era mais nova, e retomei agora para a novela. É um instrumento que eu adoro e, como tenho um piano em casa, sempre pratico. Cada personagem que faço me acrescenta em algo pessoal. Com a Benê estou aprendendo piano e muitas outras coisas. Sou apaixonada por essa personagem!
Das cinco meninas, a Benê parece ser a personagem de composição mais complicada. Conte um pouco do seu processo até achar o tom da Benê.
Acho que todas têm suas dificuldades e desafios, ainda mais por serem meninas diferentes de nós, atrizes. Tivemos um trabalho fundamental com nossa preparadora de atores Laís Correa, onde fomos buscando dentro de nós a essência para cada personagem. E assim busquei quais sentimentos da Daphne poderia emprestar para a Benê. Mas nos meus processos de composição sempre assisto a muitos filmes e leio livros para entender melhor os temas e questões que a Benê passa na trama. E a cada dia, cada roteiro que recebemos é um estudo para entender que caminho ela irá seguir. Afinal, é um ano de novela e as personagens estão vivendo um momento da vida, a adolescência, onde passam por diversos conflitos e mudanças.
Malhação é seu primeiro grande trabalho na Globo. Nota diferença?
Por ser a minha primeira novela, é muito diferente dos outros trabalhos que eu havia feito. E por ser uma obra aberta, não sabemos qual caminho a personagem irá seguir. Nas séries que fiz, estudava a personagem desde o primeiro capitulo até o último, sabendo toda sua trajetória. Sinto que aprendo muito a cada dia, seja com cada artista que contraceno, com os diretores e com o grande número de cenas que gravamos por dia. Estar numa tevê aberta traz muita visibilidade, e estar com um projeto como esse é uma honra! Pois estamos falando com milhares de pessoas através de um texto com o qual nos identificamos e, ao mesmo tempo, estamos aprendendo sem ser de forma didática. A diferença é que o Cao mistura o entretenimento e o conteúdo de uma forma única.
Você fez muitos trabalhos voltados para jovens e crianças, como Malhação. Falar para esse público é diferente?
É muita responsabilidade, pois é um público formador de opinião. Esses jovens serão os adultos de daqui a pouco e precisam ter referências boas. Além de ser um público muito sincero, que diz o que pensa e quer expor suas opiniões. Então, quanto mais acessível forem os programas e conteúdos de qualidade para essa faixa etária, melhor.
Você fez parte do grupo de Antunes Filho, diretor de teatro que algumas vezes já disse não gostar muito que atores dele façam tevê…
Sim, fiz parte do grupo do Antunes, que foi um lugar de extremo aprendizado. Acho que temos técnicas diferentes para interpretar no teatro e na tevê. Eu amo fazer teatro! Foi assim que comecei minha carreira, fiz diversas peças, é algo mágico. O teatro não tem segundo take – é ao vivo! Já na tevê temos a chance de regravar. Porém é sempre algo novo, muitas cenas e situações pelas quais os personagens terão que passar. Acho que não tem como comparar uma coisa com a outra, são linguagens e plataformas diferentes. Nós, enquanto artistas, temos que nos experimentar em todas as variáveis de artes. O bom ator para mim é o ator que é completo, que canta, dança, interpreta… Quanto mais bagagem tiver, os nossos personagens serão melhor construídos e nós, artistas, estaremos sempre preenchidos.
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