No ar em As aventuras de Poliana, o ator Dalton Vigh relembra momentos da carreira, como o sucesso do personagem Said (O clone), e analisa a importância da novela na vida dos brasileiros
Há mais de 20 anos na televisão, o ator Dalton Vigh vive uma nova fase. Desde o ano passado dá vida ao misterioso Sr. Pendleton na novela infantojuvenil As aventuras de Poliana, do SBT. O folhetim foi a estreia dele no gênero, além do retorno à antiga casa 20 anos depois da estreia de Pérola negra, em que viveu o primeiro protagonista. “Está sendo uma experiência incrível. Pude reencontrar gente da outra vez que eu trabalhei no SBT, há 20 anos. Só tenho elogios a fazer”, afirma sobre a experiência.
Ao Próximo Capítulo, o carioca, de 54 anos, falou sobre a novela, que tem feito sucesso com o público, relembrou momentos da carreira, projetou os próximos trabalhos — o longa e série A divisão, que será veiculado pelo Multishow, e o filme Kardec — e ainda refletiu sobre a importância da novela para o público brasileiro. Confira!
Entrevista / Dalton Vigh
Qual é o personagem que mais te marcou? Dá para escolher alguns?
Tem vários que gostei muito de fazer. Tem desde o primeiro que eu fiz em novelas, o Boaventura, de Tocaia grande, passando pelo Dom Raposo, de Liberdade, liberdade, que foi fisicamente o mais exaustivo de todos, mas foi um dos que mais me deram prazer. Foi muito bacana poder ter feito esse personagem.
Ao longo da sua carreira você fez vários personagens, mas as pessoas lembram muito do Said, de O clone. Por que você acha que esse personagem ficou tão marcado?
Porque acho que para muita gente foi a primeira vez que eu apareci. Para muita gente aquele foi meu primeiro trabalho. Foi uma novela muito marcante, numa época muito marcante. Foi na época do 11 de setembro e a gente estava falando de islamismo. Acho que tudo isso acabou influenciando.
Você está no ar em As aventuras de Poliana. Como tem sido pra você estar em uma novela infantojuvenil?
A gente sempre tem que estar aberto a novas experiências. (risos). Está sendo ótimo, o ritmo é muito mais desacelerado do que numa atração adulta porque a gente tem que respeitar o horário das crianças. Então, a gente trabalha com uma frente de capítulos muito grande. Então, não é tão estressante quanto outras novelas que já fiz. E trabalhar com as crianças é ótimo, é divertido sempre. O personagem é ótimo, muito bacana de fazer. Ele tem a sua dor, uma certa dignidade. Até agora eu não sei se ele é vilão ou não. Então está sendo uma experiência incrível. Pude reencontrar gente da outra vez que eu trabalhei no SBT, há 20 anos. Só tenho elogios a fazer.
Você já fez personagens que geraram amor e ódio pelo público. Como tem sido a receptividade do Sr. Pendleton?
As pessoas têm muita curiosidade em relação a ele, qual é o mistério, por que ele é tão recluso… Algumas crianças têm um certo medinho dele. (risos) Tem essa teoria de que ele mexe com extraterrestres. Eu já fiz uma cena de alucinação que a gente brincou com isso. Cada personagem suscita um tipo de resposta do público. Tem personagens que as pessoas querem abraçar, tem outros que as pessoas querem estapear. Esse tem um certo fascínio das pessoas, uma certa curiosidade, um certo respeito.
As aventuras de Poliana é uma novela superleve e positiva. Você acha que é isso que tem conquistado o público?
Acho que sim, acho que a simplicidade dela e a leveza na abordagem. Eu acho que contribui bastante para o sucesso. E olha que foi a primeira vez numa novela que eu tive cenas discutindo a existência ou não de Deus, mesmo numa novela para os pequeninhos estamos colocando um tema tão profundo quanto esse de forma acessível para as crianças. Acho superinteressante isso. Acho audacioso das autoras.
Você acha que é um papel da novela trazer debates de temas atuais?
Acho que a novela sempre se utiliza dos assuntos que fazem parte do nosso dia. A novela tenta ser um retrato do nosso dia a dia. Para aproximar do espectador a gente trata dos temas que são pertinentes à vida de todo mundo e acho que a Poliana tem feito isso também, porque faz parte da estrutura dramatúrgica da novela. Mesmo numa novela de época o autor traz temas atuais com roupagem de época para causar essa discussão e essa reflexão. Acho que a função da novela é essa. Além do entretenimento, a gente tem que causar uma certa reflexão no espectador e acho que aí a novela fica muito mais interessante para quem assiste.
Além de As aventuras de Poliana, você está em A divisão. O que pode contar sobre esse projeto?
A gente fez em 2017. Estamos no aguardo. (risos) A gente fez um longa que vai ser desmembrado em quatro episódios e já fizemos mais quatro episódios do que seria a segunda temporada. Eu interpreto um deputado estadual que tem a filha sequestrada e é o que dá origem à Divisão de Sequestros. A partir desse sequestro eles vão estruturar toda a forma de ação da delegacia nos casos de sequestros. É um cara que está passando por uma situação difícil na vida, num momento de exposição na mídia por conta da campanha do governo. É um personagem bastante profundo, que exigiu bastante concentração na hora de fazer.
Você também estará no longa Kardec. O que pode falar dele?
Fizemos no ano passado e também é um pai que está tentando ajudar a filha. Nesse caso, ele tem uma função nobre na corte francesa e a filha dele começa a manifestar a mediunidade e naquela época ninguém sabia o que era isso. As pessoas achavam que era loucura e ele descobre a existência do Kardec e se aproxima dele na tentativa de ajudar a filha. Por meio disso ele acaba ajudando o Kardec a se envolver no espiritismo.
A gente sempre vê que os atores falando da vontade de retornar ao teatro. Para você, o que faz os atores quererem sempre essa volta aos palcos?
Acho que é porque você conta uma história do começo até o fim. A gente está sempre gravando pedaços. No teatro, a gente tem oportunidade de fazer intensamente e seguir toda a linha narrativa da história de forma linear, com começo, meio e fim. Na televisão e no cinema toda a nossa interpretação é fragmentada. Acho que também é isso. A energia que as pessoas passam é contagiante e viciante de uma certa forma e acaba fazendo parte do espetáculo.