chair Foto: Eliza Morse/ Netflix

Curtinha, The chair diverte e faz pensar. É boa pedida para o feriadão

Publicado em Séries

Sandra Oh vive professora universitária que precisa lutar contra machismo e racismo em The chair. Mas tudo é feito com muita leveza

A professora Ji-Yoon Kim (a ótima Sandra Oh) acaba de ser alçada ao posto de diretora do departamento de inglês da Pembroke University. Ela será a primeira mulher não-branca a se sentar na cadeira da chefia. Vista com olhos tortos pela maioria dos colegas conservadores e pelo reitor, Ji-Yoon Kim tem que provar do que é capaz a cada discurso. Para piorar, o departamento passa por duas crises: a financeira exige um corte de 30% da folha salarial; e a de credibilidade entre os alunos clama por uma renovação no quadro docente.

Tantas dificuldades fariam facilmente de The chair, série da Netflix protagonizada por Ji-Yoon Kim, um drama daqueles em que cada discurso é mote para uma reflexão sobre discriminação. Mas não é o que vemos. A produção segue por caminho completamente oposto e se torna uma deliciosa comédia. Rápida, com 6 curtos episódios (na medida certa, na verdade), The chair diverte e traz reflexão sem peso. Mais do que isso, sem ter medo de ser leve.

Um dos melhores amigos de Ji-Yoon Kim e amor do passado, o professor Bill Dobson (Jay Duplass), não está em sua melhor fase. Ele acaba de ficar viúvo e se entrega à autodestruição. Mas Ji-Yoon não está disposta a permitir. O problema é que ele acaba desacreditado pelos colegas. Bill passa por uma questão mais do que atual: o trecho de uma aula dele em que ele faz uma gesto nazista é filmado e cai nas redes sociais, o que só aumenta o inferno que ele vive. A ética de Ji-Yoon também é questionada por boatos de que os dois teriam um caso amoroso.

The chair tem boas atuações

Foto: Eliza Morse/ Netflix. Sandra Oh e Jay Duplass esbanjam química em The chair

A química entre Sandra Oh e Jay Duplass é meio caminho andado para The chair ser bem sucedida. Os dois estão ótimos nos papéis. Eles passam por momentos de comédia romântica e flertam com o estilo pastelão ー sempre com muita graça.

Quem também está bem é Holland Taylor (vencedora do Emmy em 1999 por O desafio) como a professora Joan Hambling. Experiente, a docente percebe que ela e os contemporâneos estão com os dias contados no departamento. Mas a professora não vai fazer por menos e vai lutar para sentar na cadeira de Ji-Yoon.

A porta está aberta para mais uma discussão ser engatilhada: o preconceito contra profissionais idosos. É certo que, neste caso, tem o agravante de que Joan não quer se atualizar. É o mesmo caso do colega dela, McHale, colega de Joan vivido por Ron Crawford com menos brilho. Numa participação especialíssima, David Duchovny vive ele mesmo.

Foto: Eliza Morse/ Netflix. A trama da professora Joan Hambling traz o preconceito contra os mais velhos

The chair poderia ser acusada de ser superficial por levantar tantas questões e deixá-las no ar. Mas é uma questão de proposta. A dessa minissérie é, acima de tudo, divertir. Prova disso é o texto ágil e afiado. A reflexão fica sugerida e nada impede que seja feita logo após a última cena.