Crítica: Terceira temporada de Elite encerra bem narrativa iniciada no primeiro ano

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Lançada em março na Netflix, terceira temporada de Elite mostra amadurecimento da trama, mas deixa uma dúvida: a série se sustenta num possível quarto ano?

A série espanhola Elite é uma das sensações da Netflix. O motivo é que o seriado tem tudo que uma boa trama juvenil precisa ter: mistério, romance, pitada de humor e personagens empáticos. Após um ótimo primeiro ano e um segundo um pouco irregular, Elite voltou para uma terceira temporada que estreou em março na plataforma.

A nova leva de episódios trouxe a fórmula usada desde o primeiro ano de volta. O espectador fica sabendo logo na estreia que está diante de mais uma morte com desdobramentos misteriosos. Como fez nas outras temporadas, a produção vai e volta na linha temporal para construir o caminho até a noite em que um dos jovens da escola Las Encinas cai do segundo andar de uma boate.

A sequência começa exatamente de onde terminou a segunda temporada, com Guzmán (Miguel Herrán) e Samuel (Itzan Escamilla), inimigos de outrora, agora cúmplices e ferrenhos defensores de que a justiça seja feita por Marina (María Pedraza); Polo (Álvaro Rico) saindo impune do crime cometido e voltando às aulas graças a intervenção das mães e da namorada Cayetana (Georgina); e Carla (Ester Expósito) cada vez mais afundada e pressionada com os dramas familiares e com a acusação feita a Polo.

Crédito: Manuel Fernandez-Valdes/Divulgação

Os demais personagens também vivem, cada um, um drama diferente. Nadia (Mina El Hammani) continua dividida entre seguir os planos da família, investir nos estudos e se manter afastada a paixão por Gusmán; Lu (Danna Paola) está mais sozinha e precisando lidar com os problemas que envolvem o romance e as situações criadas pelo meio irmão Valerio (Jorge López); Rebeka (Claudia Salas) se enturma de vez com os colegas, engata um romance com Samuel e vê a mãe ser cercada pela polícia. Já Ander (Arón Pier) é o que tem mais aprofundamento. A série investe no romance dele com Omar (Omar Ayuso), principalmente, nas dificuldades e na descoberta de que o personagem está com um problema de saúde.

O terceiro ano de Elite entrega a todos os personagens principais novos e bons dramas. Lucrécia, Nadia e Carla se desenvolvem muito bem. Ander e Omar roubam a cena, como já haviam feito anteriormente. As novas amizades, como a de Guzmán e Samuel, trazem um frescor à trama. Até Polo tem momentos de leveza.

O único problema em relação aos personagens fica para os novatos. Diferentemente da segunda temporada que trouxe personagens carismáticos, empáticos e de total importância para a trama, aqui, a impressão que fica é que tudo foi meio bagunçada, que nenhum deles era realmente importante para a narrativa. Yeray (Sergio Momo) surge para ser o par romântico de Carla e a “salvação” da família da marquesa da falência. Malick (Leïti Sène) é a opção da série de romance para Nadia. Mas, desde o início, tudo é bem estranho e fica claro que tem algo errado aí. Ao longo dos episódios é difícil ficar do lado do personagem.

Crédito: Manuel Fernandez-Valdes/Divulgação

Mesmo que o terceiro ano de Elite se repita ao ter uma morte misteriosa e que, ao longo dos episódios, leva o espectador a mudar de suspeita de quem é o assassino, a série consegue entregar novidades. Tanto nos novos enredos, como na resolução do crime. Elite consegue voltar a sua trama inicial e concluí-la de forma bastante correta. O que faz com que a série espanhola não repita os erros cometidos, por exemplo, em How to get away with murder, que se perde nos inúmeros assassinatos que viram um grande bolo de neve, tanto para os personagens, como para a narrativa.

A trama se encerra deixando um gancho para um quarto ano. Mas fica a dúvida: será que ainda há o que ver? Os personagens são ótimos. Porém, Elite terá que se reinventar para um possível quarto ano. Primeiramente, porque terá que lidar com o fato de ter personagens principais em tramas completamente diferentes, alguns já estarão na universidade, enquanto outros permanecem na escola.

Caso queira seguir em frente, Elite entrará no teste de fogo que poucas séries juvenis conseguem passar — Glee se perdeu exatamente nesse processo. Se a decisão for pela não renovação, também não é de todo mal — apesar da saudade que sentiremos desses personagens. A produção cumpriu seu papel muito bem, entregando uma conclusão correta e que mostra o amadurecimento da trama ao longo desses três anos.

Adriana Izel

Jornalista, mas antes de qualquer coisa viciada em séries. Ama Friends, mas se identifica mais com How I met your mother. Nunca superou o final de Lost. E tem Game of thrones como a série preferida de todos os tempos.

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