Crítica: Primeira semana de Orgulho e paixão mostra que a novela escolheu a leveza para retratar o feminismo

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Confira crítica sobre a primeira semana da novela Orgulho e paixão, a nova aposta das 18h da Rede Globo

A principal referência da novela Orgulho e paixão é a escritora Jane Austen. Quer dizer, as obras da autora. Estão lá personagens, enredos e temáticas de livros como Orgulho e preconceito, Razão e sensibilidade, A Abadia de Northanger e Lady Susan. Mas para transpor as histórias de Jane Austen para o formato de folhetim, o autor de Orgulho e paixão, Marcos Bernstein, resolveu adotar um estilo diferente da escritora.

De uma forma esperta e pensando no público do horário das 18h, Bernstein tirou a dramacidade das obras e aplicou em Orgulho e paixão (para saber mais sobre o enredo, clique aqui) o romantismo atrelado a comédia. Isso foi um grande acerto, ao mesmo tempo, que poderia ser um risco, já que poderia ter transformado em um grande pastelão — e ainda é preciso ficar atento a isso. Mas, nessa primeira semana, a novela tem feito um bom uso do gênero para debater temas contemporâneos, como o feminismo, que está presente nas figuras de Elisabeta (Nathalia Dill) e Mariana (Chandelly Braz). Ao imprimir leveza as filhas de Ofélia (Vera Holtz), o folhetim aproxima o público e causa empatia para essas duas personagens que poderiam ser vistas com estranheza, já que ambas são meninas à frente de seu tempo.

Ofélia (Vera Holtz), Felisberto (Tatu Gabus Mende ), Jane (Pamela Tomé), Mariana (Chandelly Braz), Cecilia (AnaJu Dorigon) e Lidia (Bruna Griphão). Crédito: Estevam Avellar/Divulgação

Inclusive, é interessante destacar a família Benedito. Vera Holtz encabeça a lista de melhores atuações da novela. Sua Ofélia é crível, irreverente e engraçadíssima e isso também levanta a bola para quem atua ao lado dela, como Tato Gabus Mendes, que vive o marido Felisberto e todas as cinco filhas, papéis de Nathalia Dill, Chandelly Braz, Anaju Dorigon (Cecília), Bruna Griphão (Lidia) e Pamela Tomé (Jane). Outros grandes destaques da primeira semana e que devem crescer ao longo da trama são Gabriela Duarte, com sua ótima Julieta; Alessandra Negrini, que vive a vilã Susana; e Grace Gianoukas, que faz a ajudante hilária de Susana, a empregada Petúnia.

A primeira semana de Orgulho e paixão me fez lembrar de O cravo e a rosa, novela exibida nos anos 2000 no mesmo horário e protagonizada por Adriana Esteves e Du Moscovis. Isso porque o principal enredo de Orgulho e paixão é o relacionamento de gato e rato entre Elisabeta e Darcy (Thiago Lacerda). Apesar de que a nova novela ainda vai precisar comer um pouco mais de feijão com arroz para chegar aos pés de O cravo e a rosa. Mas está no caminho certo.

A abertura (que você pode conferir no vídeo abaixo!) também é uma gracinha e conta com uma versão fofa de Lucy Alves para a canção Dulce compañia. Falando em parte musical, a trilha sonora é outro ponto positivo da novela, que tem, por exemplo, a bela parceria entre Milton Nascimento e Tiago Iorc, Mais bonito não há.

O que tem me incomodado no folhetim é apenas o tom teatral da novela, que faz os personagens ganhem um ar bobo e infantil. Se a trama conseguir dosar isso ao longo dos próximos capítulos dará um ar de mais credibilidade a história, que tem tudo para fazer sucesso e, nas entrelinhas, discutir a temática feminista de Jane Austen.

Adriana Izel

Jornalista, mas antes de qualquer coisa viciada em séries. Ama Friends, mas se identifica mais com How I met your mother. Nunca superou o final de Lost. E tem Game of thrones como a série preferida de todos os tempos.

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