Crítica: Kirsten Dunst é o que salva a série Como se tornar uma divindade na Flórida

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Comédia Como se tornar uma divindade na Flórida chegou este mês ao catálogo do Globoplay e traz Kirsten Dunst num bom momento da carreira. Leia a crítica!

Difícil imaginar o que seria da série Como se tornar uma divindade na Flórida, cuja primeira temporada chegou neste setembro ao Globoplay, sem a luz de Kirsten Dunst. Indicada ao Globo de Ouro pelo papel, a atriz se esforça e tentar salvar a comédia no papel da protagonista Krystal Stubbs.

Krystal é casada com Travis (Alexander Skarsgård) e o casamento deles cambaleia porque enquanto ela dá duro trabalhando num parque aquático, ele está envolvido com as promessas de enriquecimento da FAM (Founders American Merchandising), uma daquelas perigosas pirâmides financeiras das quais não saímos facilmente. O sonho dele e do supervisor dele, Cody Bornar (Théodore Pellerin), é que Krystal deixe o e-m-p-r-e-g-o (eles não pronunciam a palavra para não dar azar) e se junte a eles. Mas ela se diz mais ajuizada.

Ainda no primeiro dos 10 episódios de Como se tornar uma divindade na Flórida, Travis morre de uma maneira curiosa e até engraçada. A viuvez e a descoberta de que ele a deixou de “herança” dívidas, inclusive da hipoteca da casa onde eles moram com a filha bebê, levam Krystal a perder o juízo e, aos poucos, ir se entregando ao mundo da FAM.

As piadas da série se repetem e vão cansando o público

A cada novidade que ela descobre, contando sempre com a “ajuda” do interesseiro (e mais tarde verdadeiramente apaixonado) Cody, é um par de trapalhadas em que ela se envolve. Com Kirsten em estado de graça, as piadas vão funcionando. Mas, ao longo da série, elas vão se repetindo e cansando.

Quando Krystal entra de vez para a FAM, as atenções de Como se tornar uma divindade na Flórida vão se dissipando para os outros atores do elenco. Ao lado da protagonista, Théodore Pellerin faz uma boa dupla, mas quando está sem ela, ele não decola. O mesmo acontece com o casal de vizinhos, Ernie (Mel Rodriguez) e Bets Gomes (Beth Ditto). Apenas Ted Levine como o excêntrico Obie Garbeau II, o grande líder da FAM, também se sai bem. A cara de louco dele já seria suficiente para todos fugirem dali.

Com as piadas e situações se repetindo e episódios longos para um padrão de comédia, Como se tornar uma divindade na Flórida poderia centrar fogo na crítica a esse tipo de organização em que o líder é quase um Deus. Tomados pela ótima oratória de Obie Garbeau II, Krystal, Ernie e Cody deixam para trás a identidade própria deles para viver o que reza a cartilha da FAM, composta por várias fitas K7 (a série se passa na década de 1990). Eles não percebem que estão rodeados por pessoas que também largaram o e-m-p-r-e-g-o, mas estão longe de prosperar ー estão é arruinados financeiramente, como morreu Travis. Mas o roteiro erra ao não perceber que aí teria uma guinada que pode ser que venha na segunda temporada. Talvez fosse a tábua de salvação da série. O “deus” da FAM, Obie Garbeau II, certamente saberia vender essa ideia para os executivos da entretenimento.

Vinícius Nader

Boas histórias são a paixão de qualquer jornalista. As bem desenvolvidas conquistam, seja em novelas, seja na vida real. Os programas de auditório também são um fraco. Tem uma queda por Malhação, adorou Por amor e sabe quem matou Odete Roitman.

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