Por Pedro Ibarra*
As águas e matas da Amazônia são o palco para nova aventura de comédia da Disney Studios, Jungle Cruise. O filme é baseado em um brinquedo homônimo dos parques da Disney que simula um passeio guiado pela floresta. Quem guia esse trajeto, agora cinematográfico, é Frank Wolff, personagem de Dwayne “The Rock” Johnson, que enfrenta os perigos da jornada em busca de uma flor sagrada ao lado dos irmãos Lilly e McGregor Houghton, respectivamente vividos por Emily Blunt e Jack Whitehall. A produção estreou no cinema na última quinta (29/7), mas já estava disponível em streaming na sexta (30/7) por meio do Premier Access da Disney +, no valor R$ 69,99.
Jungle Cruise se passa durante a Primeira Guerra Mundial, em Porto Velho, Rondônia, onde Frank é um guia turístico pelos rios da Amazônia e, por um acaso, acaba encontrando Lilly, pesquisadora que tem um desejo em comum: encontrar uma árvore que é capaz de curar qualquer doença com apenas uma pétala de sua flor. Os dois, então, se metem em uma aventura pelos lugares mais perigosos dos rios e da floresta no intuito de achar a tal flor conhecida apenas em lendas.
Apenas o enredo já dá uma prévia da quantidade de desafios que os protagonistas se envolvem. Povos nativos, animais selvagens, corredeiras e seres místicos cruzam o caminho de Frank, Lilly e McGregor, que também se junta à ação. A adrenalina é alta o tempo todo e o espectador tem poucos momentos de calmaria nesse rio de confusões que os personagens percorrem.
O Brasil é cenário, mas não é nem coadjuvante na história. Não houve uma pesquisa a fundo para representar de forma decente o país e, para o público brasileiro, ficam os parcos momentos de alegria do The Rock e a Emily Blunt falando palavras ou curtas frases em português. Mesmo se passando no início do século 20, não houve cuidado para não estereotipar o brasileiro, muito menos para colocar atores do país ou diálogos em português.
O filme lembra a franquia Indiana Jones, com toda aventura e ação somadas a muitos momentos cômicos. The Rock e Whitehall carregam a maior parte das piadas, porém todos têm momentos de comédia. Um dos destaques no quesito é o vilão Prince Joachim (Jesse Plemons), que faz um desengonçado e caricato príncipe alemão. Os curtos momentos com piadas sobre o machismo no século 20 quando os personagens visitam os acadêmicos britânicos também tiram boas risadas.
Essa comédia aventuresca dá exatamente a impressão proposta pelo filme, de que o espectador está dentro de um brinquedo divertido de um dos parques da Disney. O restante do roteiro faz o final do trabalho. Como uma boa produção da casa das ideias de Mickey Mouse, o filme tem romance, momentos emocionantes, reviravoltas e situações inexplicáveis, mas que são normalizadas pelo poder de imersão que o longa tem.
Jungle Cruise, contudo, é mais um filme feito unicamente pela diversão. Não inova em roteiro, repete fórmulas já batidas e se escora muito em um elenco incrivelmente talentoso e carismático, além de tecnicamente entregar tudo que se propõe, animais de computação gráfica, imagens lindas e som bem executado. É uma opção família, um legítimo filme “Sessão da tarde”, nada mais que isso. Colocar a produção no Premier Access, e cobrar um adicional de R$ 69,99 dos assinantes da Disney + é puramente pela aposta de que a produção seria um sucesso de bilheteria em tempos não pandêmicos.
O filme executa o simples de forma magistral, abusa do dinheiro da produtora para o elenco e os efeitos e se faz relevante por utilizar de todos estes artifícios para entregar a magia da Disney em seu ápice. Por mais que não se diferencie, inove e seja mais um legítimo blockbuster, Jungle Cruise faz o que se propõe com muita competência, talvez não o suficiente para ter uma cobrança a mais em uma plataforma de streaming já pago.
*Estagiário sob a supervisão de Vinicius Nader
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